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  • “Você precisa fazer isso”: Uma jovem de 20 anos é julgada por induzir namorado ao suicídio

Michelle Carter é acusada de pedir repetidamente para que seu namorado, Conrad Roy III, de 18 anos, tirasse a própria vida. Ela enviou dezenas de mensagens de texto e fez várias ligações com este objetivo quando tinha 17 anos, como parte de um “jogo doentio”. Glória Alves comenta.

  • Data :11 Aug, 2017
  • Categoria :

Noticias Internacional

Yahoo Notícias

Uma mulher de 20 anos foi julgada por supostamente induzir o namorado ao suicídio, três anos atrás.

Michelle Carter é acusada de pedir repetidamente para que seu namorado, Conrad Roy III, de 18 anos, tirasse a própria vida. Ela enviou dezenas de mensagens de texto e fez várias ligações com este objetivo quando tinha 17 anos, como parte de um “jogo doentio”.

A promotora Maryclare Flynn disse no julgamento de Michelle, que Roy estava sentado em seu veículo no estacionamento de uma loja, em julho de 2014. A caminhonete estava cheia de monóxido de carbono.

Quando ele saiu do veículo, Michelle disse para ele “voltar lá para dentro”, afirmou a promotora Flynn, no julgamento que aconteceu no tribunal de Taunton, Massachusetts.

Ela acrescentou que Michelle, que nunca chamou as autoridades ou os pais de Roy quando ele morreu, queria a simpatia e a atenção que uma “namorada em luto” recebe.

O advogado de defesa, Joseph Cataldo, alega que Roy estava deprimido após a separação dos pais, além de sofrer abuso físico e verbal de seus familiares, e já pensava em suicídio há um tempo, chegando a pesquisar métodos de suicídio online.

Ele disse que Michelle fez o que fez para incentivar o namorado a conseguir ajuda.

O casal se conheceu em 2012, na Flórida, mas só se viram pessoalmente algumas vezes, mesmo morando apenas a 56 quilômetros de distância.

Normalmente, eles se comunicavam por mensagens de texto e chamadas telefônicas.

O Sr. Cataldo disse ao tribunal que Roy sugeriu que eles deviam fazer como Romeu e Julieta, os amantes que se matam na peça de Shakespeare, mas Michelle disse que não queria que eles morressem.

Ele disse: “Conrad Roy pensava em tirar a própria vida há anos”.

“Cometer suicídio foi ideia de Conrad Roy. Não de Michelle Carter”.

“Isso foi um suicídio, um trágico e triste suicídio, mas não foi um homicídio”.

Ele insistiu que a jovem lidava com os próprios problemas emocionais e tomava remédios que podem ter nublado seu julgamento.

A mãe de Roy, Lynn Roy, testemunhou que, após a morte do filho, ela recebeu mensagens de Michelle expressando seus pêsames, mas sem mencionar qualquer conhecimento prévio sobre quaisquer planos do rapaz de se suicidar.

A jovem foi acusada de ser delinquente juvenil, o que a torna passível de ser punida como adulta, caso condenada.

Andy Wells

Yahoo News UK

Notícia publicada no Yahoo! Notícias , em 9 de junho de 2017.

Glória Alves* comenta

O advogado de defesa de Michelle Carter, Joseph Cataldo, disse ao tribunal: “Isso foi um suicídio, um trágico e triste suicídio, mas não foi um homicídio.”

Nosso comentário não visa fazer o julgamento das pessoas envolvidas nesse triste caso, cabe-nos, apenas, analisar os fatos à luz da Doutrina Espírita.

A lei divina afirma, categoricamente: “Não matarás!”

Diante do Supremo Senhor da Vida, é um “grande crime tirar a vida ao seu semelhante, pois corta uma existência de expiação ou de missão. Aí é que está o mal”.(1)

E o suicídio? Igualmente é grande crime; o homem não tem o direito de tirar a sua própria vida. Esclarecem os Espíritos Superiores que “somente Deus tem esse direito” e que “o suicídio voluntário é uma transgressão da lei de Deus”.(2)

A defesa do advogado pode servir para absolver ou atenuar a pena da jovem, mas suicídio ou homicídio são transgressões às leis naturais, e o culpado, mais cedo ou mais tarde, terá que reparar.

Seja qual for a sentença estabelecida pelas Leis Humanas, leis ainda imperfeitas, elaboradas por homens imperfeitos e destinadas a homens igualmente imperfeitos, para Michelle Carter, ou quem quer que seja, jamais fugiremos à sentença da Lei de Deus, eterna e imutável como Ele mesmo. Há em nós um juiz implacável que nos cobrará as ações, a nossa consciência, onde está inscrita essa lei.

E para o infrator, esteja onde estiver, com quem quer que seja, carregará consigo a culpa e o remorso do erro cometido, até que através do arrependimento, da expiação e da reparação desse erro, em existências futuras, o ser consciente, “mediante ações positivas, reabilitadoras, que resultarão dos pensamentos íntimos enobrecedores”, poderá, então, anular o efeito da transgressão às leis divinas, destruindo-lhe a causa.(3)

Michelle Carter é acusada de induzir, instigar e auxiliar o namorado ao suicídio. Segundo a promotora Maryclare Flynn, Michelle pediu repetidamente para que seu namorado tirasse a própria vida; enviou dezenas de mensagens de texto e fez várias ligações com este objetivo, como parte de um “jogo doentio”; nessa época ela tinha 17 anos e seu namorado, Conrad Roy III, 18 anos.

No Código Penal brasileiro, é considerado crime: induzimento, instigação ou auxílio a suicídio. Reza o Artigo 122: Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça é classificado como um crime contra a vida.

Atualmente no mundo, vivemos uma onda sinistra de jogos e desafios nas redes sociais, entre os jovens, que induzem ao suicídio, automutilação e até desaparecimentos, principalmente entre aqueles que apresentam algum tipo de transtorno psicológico, como a depressão, problemas familiares, fracasso escolar e as perdas afetivas.

A psicóloga Angela Bley, coordenadora do Instituto de Psicologia do Hospital Pequeno Príncipe, diz que o adolescente com autoestima baixa, sem vínculo familiar fortalecido, é mais vulnerável a cair neste tipo de armadilha. “O que tem diálogo em casa, não é criticado o tempo todo, tem autoestima melhor, tem risco menor. Deixe que ele fale sobre o jogo, o que sente, é um momento de diálogo entre a família.”(4)

Dessa maneira, a família, a escola e todos os que trabalham e se envolvem com os jovens devem buscar o diálogo sem preconceitos e sem julgamentos. Amar os filhos é salvá-los do suicídio, acolhê-los é dar segurança emocional. O lar, portanto, deve ser o porto seguro do homem em evolução, rumo à plenitude espiritual.

A paternidade, conforme esclarecem os Espíritos Superiores, é missão e dever, que envolve a responsabilidade dos pais quanto ao futuro do filho que Deus colocou em suas mãos para proteger, amparar e guiar pelo caminho do bem. Se o filho vier a sucumbir por culpa dos pais, sofrerão estes as consequências de sua queda moral, recaindo sobre os eles no futuro os sofrimentos do filho, por não terem feito tudo o que dependia deles para que o filho progredisse na estrada do bem.

Através de Divaldo Franco, o Espírito Bezerra de Menezes nos diz que “a família é a base da sociedade, que não pode ficar relegada a plano secundário. Viver em família com elevação e dignidade, é valorização da Vida, na oportunidade que Deus concede ao Espírito para crescer e atingir as culminâncias a que está destinado”.(5)

E em 16/6/2017, a Corte Juvenil do Condado de Bristol, no Sul de Massachusets, condenou a jovem Michelle Carter pelo suicídio de Conrad Roy III. “Ela foi considerada culpada da acusação de homicídio culposo involuntário, por ter incentivado por meio de mensagens de texto que Roy tirasse a própria vida.”(6)

Cada um de nós é responsável somente pelas suas próprias faltas, ninguém sofrerá a pena das faltas pelos outros, a menos que a elas tenham dado ensejo, seja provocando-as pelo nosso exemplo, seja não as impedindo quando tínhamos condições de fazê-lo.

Lembrando os ensinamentos dos Benfeitores da Humanidade, quando apontam que aqueles que levam o infeliz ao ato de desespero, ao suicídio, sofrerão as devidas consequências do ato, “responderão como por um assassínio”.(7)

Referências bibliográficas:

(1) “O Livro dos Espíritos” - Allan Kardec - Q. 746;

(2) Idem (1) - Q. 944;

(3) “Momentos de Meditação” - Joanna de Ângelis - Divaldo Franco;

(4) G1 Educação <http://g1.globo.com/educacao/noticia/jogo-da-baleia-azul-e-seus-desafios-cinco-dicas-para-prevencao-de-pais-e-alunos.ghtml >;

(5) Mensagem psicofônica - Reunião do Conselho Federativo Nacional, em 07-11-1993, Brasília, DF;

(6) O Globo - Sociedade <https://oglobo.globo.com/sociedade/jovem-americana-condenada-por-incentivar-suicidio-de-namorado-21484893 >;

(7) Idem (1) - Q. 946a.

  • Glória Alves nasceu em 1º de agosto de 1956, na cidade do Rio de Janeiro. Bacharel e licenciada em Física. É espírita e trabalhadora do Grupo Espírita Auta de Souza (GEAS). Colaboradora do Espiritismo.net no Serviço de Atendimento Fraterno off-line e estudos das Obras de André Luiz, no Paltalk.