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  • Por que os países nórdicos podem não ser tão felizes quanto pensamos

Nova pesquisa sugere que a reputação dos países nórdicos como ’terras da felicidade’ estão mascarando problemas importantes de alguns segmentos da população, especialmente dos jovens entre 16 e 24 anos. Jorge Hessen comenta.

  • Data :11 Sep, 2018
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Países nórdicos como Finlândia, Noruega e Dinamarca ocupam os primeiros lugares em rankings de felicidade e bem estar.

Mas uma nova pesquisa mostra que a felicidade nos países nórdicos está longe de ser um sentimento universal. Relatório do Conselho de Ministros Nórdicos e do Instituto de Pesquisa da Felicidade de Copenhague oferece um panorama mais detalhado da vida nesses países.

O documento sugere que a reputação dos países nórdicos como “terras da felicidade” estão mascarando problemas importantes de alguns segmentos da população, especialmente dos jovens entre 16 e 24 anos.

Os pesquisadores por trás do relatório, chamado Na Sombra da Felicidade, analisaram dados coletados ao longo de cinco anos - entre 2012 e 2016 - para tentar construir uma imagem melhor das chamadas “superpotências de felicidade”.

Usando questionários, os pesquisadores pediram que pessoas classificassem sua satisfação com a vida numa escala de 1 a 10. As pessoas que marcaram mais de sete foram classificadas como “prosperando”, as que indicaram cinco ou seis como “batalhando”, e qualquer uma que marcou menos de quatro foi enquadrada como “sofrendo”.

Um total de 12,3% das pessoas responderam que estão lutando ou sofrendo, sendo que esse índice é ligeiramente maior entre os jovens. O índice só não é mais alto que o registrado entre os com mais de 80 anos, grupo que enfrenta problemas como os de saúde.

A pesquisa identificou que tanto a saúde de forma geral como a saúde mental está diretamente associada com as classificações de felicidade. O desemprego, a renda e a sociabilidade também têm peso na hora de se autodeclarar o nível de felicidade.

De forma geral, o relatório desafia o senso comum de que somos mais felizes quando somos jovens.

Saúde mental

Os pesquisadores identificaram que a saúde mental é uma das barreiras mais importantes para o bem estar individual. E esses problemas foram identificados, em especial, entre os mais jovens.

“Cada vez mais e mais jovens estão sozinhos e estressados, e têm transtornos mentais”, disse um dos autores do relatório, Michael Birkjaear, ao jornal britânico The Guardian.

“Estamos vendo que essa epidemia de transtornos mentais e de solidão está chegando aos países nórdicos”, assinalou.

Na Dinamarca, 18,3% das pessoas entre 16 e 24 anos indicaram que sofriam de problemas ligados à saúde mental. Esse número foi maior - 23,8% - para as mulheres nessa faixa etária.

A Noruega assistiu a um aumento de 40% no número de jovens que pedem ajuda por dificuldades relacionadas à saúde mental no período de cinco anos da pesquisa.

O relatório diz ainda que na Finlândia, classificada como o país mais feliz do mundo em 2018, o suicídio foi responsável por 35% de todas as mortes nessa faixa etária.

Os pesquisadores identificaram que, com frequência, mais mulheres que homens jovens dizem se sentir deprimidas.

Outros padrões

Os autores afirmam que nos países nórdicos os salários altos protegem as pessoas de sentir que estão sofrendo.

Também indicam que as pessoas têm três vezes mais chance de falar um número baixo para o nível de felicidade se estão desempregadas, em especial os homens - eles se mostraram mais propensos que as mulheres a reportar um problema de saúde mental se não têm trabalho.

A pesquisa mostrou ainda que a falta de contato social é um problema maior para homens que para as mulheres nórdicas.

Ainda que a pesquisa revele um lado que os rankings de felicidade não mostram, o relatório também compara a situação dos países nórdicos com dados de outras nações.

Embora 3,9% das pessoas na região nórdica tenham citado níveis classificados como “sofrimento”, essa taxa em outros países é muito maior: 26,9% na Rússia e 17% na França.

Sob esse ponto de vista, as perspectivas na Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia ainda são relativamente cor de rosa, mas não são tão perfeitas quanto algumas a pintaram.

Notícia publicada na BBC Brasil , em 27 de agosto de 2018.

Jorge Hessen* comenta

O vocábulo felicidade deriva do latim felicitas , que vem de felix (ditoso, afortunado, feliz). Num sentido amplo é a ausência de todo o mal e vivência plena do bem. Em geral, um estado de satisfação devido à própria situação do mundo.

Desde a década de 80 do século XX há uma chamada “ciência da felicidade”, e alguns pesquisadores, ainda no universo do paradigma oficial utilitarista, estão tentando criar um índice econométrico, a tal “Felicidade Interna Bruta”, capaz de medir o nível de felicidade dos cidadãos de um país. Os estudos apontam, por exemplo, que a riqueza não consolida a felicidade das pessoas no mundo desenvolvido. “Defender um crescimento econômico contínuo não é o mesmo que ter como objetivo uma sociedade mais feliz.”

Embora 3,9% das pessoas na região nórdica tenham citado níveis classificados como “sofrimento”, essa taxa em outros países é muito maior: 26,9% na Rússia e 17% na França. Sob esse ponto de vista, as perspectivas na Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia ainda são relativamente cor de rosa, mas não são tão perfeitas quanto algumas a pintaram.(1)

A felicidade é uma atraente sensação que experimentamos de euforia, uma percepção vivaz; todavia ela não ocorre em condições contínuas e permanentes, porquanto felicidade não é o mesmo que euforia. Alguns procuram estados eufóricos sob efeito dos fármacos psicoativos. Em verdade, se a felicidade não for simples, se ela for ornada em excesso, inchada de coisas inúteis, nesse caso não é felicidade, é apenas ilusão.

Mas, será que “pode o homem gozar de completa felicidade na Terra?” Os Espíritos afirmam que “não! Por isso que a vida nos foi dada como prova ou expiação. Depende de cada um a suavização de seus males e o ser tão feliz quanto possível na Terra”.(2)

Não podemos esquecer que a Terra é um mundo atrasado sob o ponto de vista moral. Por isso, a felicidade total não se encontra aqui no orbe, todavia em mundos mais evoluídos. Em nosso planeta, a felicidade é relativa, conforme encontramos descrito no item 20 do capítulo V de “O Evangelho segundo o Espiritismo”.(3)

A felicidade terrestre é relativa à posição de cada um. O que basta para a felicidade de um, constitui a desventura de outro. Nenhuma sociedade é perfeitamente feliz, e o que julgamos ser felicidade quase sempre camufla penosos desgostos. O sofrimento está em todos os lugares. As amarguras são numerosas, porque a Terra é lugar de expiação. Quando a houvermos transformado em morada do bem e de Espíritos bons, deixaremos de ser infelizes, assim, enquanto houver um gemido na paisagem em que nos movimentamos, não será lícito cogitar de felicidade isolada para nós mesmos.

Referências bibliográficas:

(1) Disponível em <https://www.bbc.com/portuguese/geral-45320175 >, acessado em 06/09/2018;

(2) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: Ed. FEB, 2000, perg. 920;

(3) Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, RJ: Ed. FEB, 2003, item 20, Cap. V.

  • Jorge Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal aposentado do INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (vinte e seis livros “eletrônicos” publicados). Jornalista e Articulista com vários artigos publicados.