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    • “Papa Francisco foi mais à esquerda possível”, avalia Rodrigo Alvarez

    Em matéria publicada no site da Band.com.br no portal UOL, o jornalista Rodrigo Alvarez analisa brevemente o papado de Francisco. O jornalista afirma que “o pontífice rompeu com o Novo Testamento durante sua gestão”. Ana Claudia Marino comenta.

    • Data :24/04/2025
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    “‘Papa Francisco foi mais à esquerda possível’, avalia Rodrigo Alvarez”

    Um papa lendo a biblia

    Em matéria publicada no site da Band.com.br no portal UOL, o jornalista Rodrigo Alvarez analisa brevemente o papado de Francisco. O jornalista afirma que “o pontífice rompeu com o Novo Testamento durante sua gestão”.

    A íntegra da matéria pode ser acessada em: https://www.band.uol.com.br/radio-bandeirantes/noticias/papa-francisco-foi-mais-a-esquerda-possivel-avalia-rodrigo-alvarez-202504220859 e assistida em https://www.youtube.com/watch?v=UViJuNWbICs&t=12s

    O comentário a seguir é de Ana Claudia Marino:

    Em matéria publicada no site da Band.com.br, no portal UOL, o jornalista Rodrigo Alvarez analisa brevemente o papado de Francisco. O jornalista afirma que “o pontífice rompeu com o Novo Testamento durante sua gestão”.

    O jornalista firma a premissa de que o papa Francisco teria “rompido com o Novo Testamento”, principalmente, porque teria confrontado o que Paulo de Tarso orienta na Carta aos Romanos, em seu capítulo 1, versículo 27.

    Ocorre que, para não se tirar de contexto e evitar distorções, recomenda-se a análise da globalidade da mensagem e não de um versículo isolado.

    Do exame dos versículos 16 a 32 do capítulo 1 da Carta aos Romanos, extrai-se que Paulo, nesta carta, justifica sua tese de “salvação pela fé” e começa analisando os gentios como “objeto da ira de Deus”.
    Nos versículos 16 e 17, Paulo escreve:

    “Enunciação da tese
    16. Na verdade, eu não me envergonho do evangelho: ele é força de Deus para a salvação de todo aquele que crê, em primeiro lugar do judeu, mas também do grego.
    17. Porque nele a justiça de Deus se revela da fé para a fé, conforme está escrito: O justo viverá da fé.”
    1

    A tese de Paulo é de que o evangelho é a fonte da salvação para todo aquele que tem fé, pois traduz a “força” de Deus para o homem. E nada há de estranho nesta afirmação de Paulo, já que Jesus, durante o Sermão da Montanha, explicita de forma clara que veio para dar pleno cumprimento à Lei e aos Profetas (Mt 5:17). Assim como Paulo, Jesus referia-se às Leis Divinas no Sermão da Montanha. Toda a Bíblia é um descortinar às Leis Divinas – tanto que Jesus utilizou símbolos naturais atemporais, como a pesca, o solo, a moeda, o pão, o vinho, a levedura e tantos outros, para nos explicar o que, como humanidade, ainda não conseguimos alcançar de entendimento do Antigo Testamento.

    É pelo conhecimento das Leis Divinas que o homem se humilha, se resigna, se pacifica e conquista em si mesmo a mansuetude, a misericórdia, a bondade, a caridade e a fé. Somente pela vivência das Leis Divinas é que o homem consegue ser efetivamente feliz. E é na construção da compreensão dessas Leis que o homem tem sua fé alicerçada sob uma base racional, e não cega, pois passa a questionar e, pelo questionamento, encontra respostas que ampliam seus pensamentos e sentimentos. E, unindo sentimento e razão, bondade e inteligência, o homem passa a alicerçar sua sabedoria. Como nos diz o benfeitor Emmanuel: “Já se disse que duas asas conduzirão o Espírito humano à presença de Deus. Uma chama-se Amor, a outra, Sabedoria.” 2

    Segue, então, Paulo, em sua carta, refletindo, baseado em sua tese da fé descortinada a partir da compreensão de Deus e das Leis Divinas, que os homens “(…) trocaram a glória de Deus incorruptível por imagens de homem corruptível(…)” (Romanos 1:23). “E trocaram a verdade de Deus pela mentira e adoraram e serviram à criatura em lugar do Criador, que é bendito pelos séculos. Amém” (Romanos 1:24). 1

    Os trechos acima, assim como todo o Evangelho, são atemporais; afinal, quantos hoje se digladiam em redes sociais, cultuando homens imperfeitos como deuses e divulgando mentiras que encontram eco em seu íntimo?

    Não lhe parece, leitor, que Paulo escreve em pleno ano de 2025? O mesmo ano em que Francisco exemplificou a fé na Páscoa, trabalhando e servindo à Humanidade até seu último momento encarnado?

    E, justamente a partir desse raciocínio, Paulo explica as razões que teriam levado Deus a permitir as “paixões alvitantes” (Romanos 1:26). Paulo aqui fala das paixões degradantes, como as do sexo depravado, das festas repletas de orgias e dos assassinatos cruéis. Essa era a realidade de Roma naquele momento. A carta foi escrita por volta de 57 d.C., durante a transição entre Cláudio (41 d.C. – 54 d.C.) e Nero (54 d.C. – 68 d.C.).

    “26. (...) suas mulheres mudaram as relações naturais por relações contra a natureza;
    27. Igualmente, os homens, deixando a relação natural com a mulher, arderam em desejo uns para com os outros, praticando torpezas homens com homens e recebendo em si mesmos a paga da sua aberração;
    28. E, como não julgaram bom ter o conhecimento de Deus, Deus os entregou à sua mente incapaz de julgar, para fazerem o que não convém(...)” (Romanos 1:26-28)
    1

    O jornalista, em sua entrevista, utiliza-se do versículo 27 para alegar que Paulo condenou à morte os homossexuais.

    A Doutrina Espírita nos esclarece que Paulo falava do livre arbítrio e jamais condenaria à morte, pois Paulo era divulgador de uma mensagem de vida eterna. Deus não viola o livre arbítrio de nenhuma de suas criaturas. Segundo Paulo, cada ser humano é entregue à sua própria mente, que é falha e incapaz de julgar, porque vive em um plano de verdades relativas e incapaz de compreender a Lei Divina como um todo. Assim, nesta visão relativista, todo aquele que se entrega aos desejos e pensamentos depravados do sexo, que distorce os princípios de amor, justiça e caridade que permeiam a Lei Divina, estaria vivendo uma espécie de morte psíquica transitória, até seu despertar mental.

    Importante ressaltar que o sexo a que Paulo se refere difere bastante daquele praticado com amor e respeito pelo(a) companheiro(a) com quem se divide a jornada, independentemente do gênero, já que Espíritos não possuem sexo — verificar as respostas às perguntas 200 a 202 de “O Livro dos Espíritos” trazidas ao final deste comentário.

    Assim, o papa Francisco respondeu, ao ser questionado sobre o homossexualismo, “Quem sou eu para julgar?”, frase que tem viralizado nas redes e na mídia.

    Ele não rompeu com o Novo Testamento: ele testificou o Novo Testamento, inclusive repetindo o mesmo raciocínio de Paulo de Tarso na carta aos Romanos, de que alguns, por não compreenderem a leitura global da carta, se apegam apenas à letra e não à mensagem, que é a mais importante de Paulo: a fé em Deus, construída a partir da compreensão das Leis Divinas, degrau a degrau, pelas virtudes das Bem-Aventuranças que Jesus nos ensinou em nossa vivência. E, com respeito ao livre arbítrio, sem julgamentos relativos e incapazes de compreender a totalidade da visão Divina acerca de cada um. E para você, Francisco teria mesmo “rompido” com o Novo Testamento?

    É chegada a hora do homem debruçar-se sobre o Novo Testamento e entender, de todo o seu coração, a mensagem do Cristo – sem princípios distorcidos, sem teosofismos, sem pré-conceitos religiosos: Cristo vem falando, há 2000 anos para TODOS e sua mensagem é constituída de um único verbo imperativo: AMAI.

    “A mensagem do Cristo precisa ser conhecida, meditada, sentida e vivida.” 3 (Alcíone, em Renúncia)

    Visite o link e aprenda a estudar o Evangelho como Alcione recomenda, à luz da Doutrina Espírita.: O Novo Testamento na interpretação Espírita - FEB

    “O Livro dos Espíritos” – questões 200 a 202:
    200. Os Espíritos tem sexo?
    — Não como o entendeis, porque os sexos dependem da constituição orgânica. Há entre eles amor e simpatia, mas baseados na afinidade de sentimentos.
    201. O Espírito que animou o corpo de um homem pode animar o de uma mulher, numa nova existência, e vice-versa?
    — Sim, pois são os mesmos Espíritos que animam os homens e as mulheres.
    202. Quando somos Espíritos, preferimos encarar num corpo de homem ou de mulher?
    — Isso pouco importa ao Espírito; depende das provas que ele tiver de sofrer. Comentário de Kardec: Os Espíritos encarnam-se homens ou mulheres, porque não tem sexo. Como devem progredir em tudo, cada sexo, como cada posição social, oferece-lhes provas e deveres especiais e novas ocasiões de adquirir experiências. Aquele que fosse sempre homem, só saberia o que sabem os homens.

    • Ana Claudia Marino e Jussara Macabu são colaboradoras do Espiritismo.Net

    Referências Bibliográficas:


    1. BÍBLIA DE JERUSALÉM. Disponível no app Biblia de Jerusalén / Católica , consultado em 22/04/2025 às 13h13 pelo sistema android. ↩︎ ↩︎ ↩︎

    2. XAVIER, FRANCISCO CÂNDIDO. Pensamento e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. Brasília: FEB, 2019. 19º edição. Capítulo 4, Instrução. ↩︎

    3. _____________. Renúncia. Pelo Espírito Emmanuel. Brasília: FEB, 2019. 36º edição. Capítulo 3, Testemunhos da Fé. ↩︎

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