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Há 75 anos, todas as mulheres grávidas na Finlândia recebem um kit de maternidade do governo. O kit inclui uma caixa com roupas, lençóis e brinquedos, e a ideia é que a própria caixa seja usada como cama durante os primeiros meses de vida do bebê. Claudio Conti comenta.

  • Data :20/01/2016
  • Categoria :

21 de janeiro de 2016

Bebês dormem em caixa de papelão na Finlândia

Helena Lee BBC News

Há 75 anos, todas as mulheres grávidas na Finlândia recebem um kit de maternidade do governo. O kit inclui uma caixa com roupas, lençóis e brinquedos, e a ideia é que a própria caixa seja usada como cama durante os primeiros meses de vida do bebê.

Muitos acreditam que o kit ajudou a Finlândia a alcançar uma das mais baixas taxas de mortalidade infantil do mundo.

É uma tradição com origem na década de 1930, desenvolvida para dar a todas as crianças na Finlândia um começo de vida igual, independente da classe social.

O kit de maternidade é um presente do governo e está disponível para todas as gestantes.

Ele contém macacões, um saco de dormir, roupas de inverno, produtos de banho para o bebê, assim como fraldas, roupas de cama e um pequeno colchão.

Com o colchão no fundo, a caixa torna-se a primeira cama do bebê. Muitas crianças, de todas as classes sociais, têm seus primeiros cochilos dentro da segurança das quatro paredes da caixa de papelão.

Acompanhamento pré-natal para todos

As mães podem escolher entre receber a caixa ou uma ajuda financeira, que atualmente é de 140 euros (R$ 390), mas 95% optam pela caixa, que vale muito mais.

A tradição começou em 1938, mas inicialmente o sistema só estava disponível para as famílias de baixa renda. Mas isso mudou em 1949.

“A nova lei diz que para receber o kit ou o dinheiro, as gestantes têm que visitar um médico ou uma clínica pré-natal municipal antes do quarto mês de gestação,” disse Heidi Liesivesi, que trabalha no Kela, o Instituto de Seguro Social da Finlândia.

Na década de 1930, a Finlândia era um país pobre e a mortalidade infantil era alta ─ 65 em 1.000 bebês morriam. No entanto, os números melhoraram rapidamente nas décadas que se seguiram.

Mika Gissler, professora do Instituto Nacional para Saúde e Bem-Estar em Helsinque, acredita que o kit de maternidade e os cuidados pré-natal para todas as mulheres introduzidos na década de 1940, um sistema de seguro de saúde nacional e um sistema central da rede hospitalar na década de 1960 foram fundamentais para reverter essa situação.

As mães mais felizes do mundo

Aos 75 anos de idade, o kit é agora uma parte estabelecida do rito finlandês de passagem para a maternidade, unindo gerações de mulheres.

“É fácil saber em que ano os bebês nasceram, porque as roupas do kit mudam um pouco a cada ano. É bom comparar e pensar: ‘Ah, aquele menino nasceu no mesmo ano que o meu’”, diz Titta Vayrynen, de 35 anos, mãe de dois filhos pequenos.

Para algumas famílias, o conteúdo da caixa seria inviável se não fosse gratuito.

“Um relatório publicado recentemente dizia que as mães finlandeses são as mais felizes do mundo e na hora eu pensei na caixa. Somos muito bem cuidados pelo governo, mesmo agora que alguns serviços públicos sofreram pequenos cortes”, diz ela.

O conteúdo da caixa mudou muito ao longo dos anos, refletindo a mudança dos tempos.

Símbolo de igualdade

“Os bebês costumavam dormir na mesma cama que os pais e foi recomendado que esse costume acabasse”, disse Panu Pulma, professor de História Finlandesa e Nórdica da Universidade de Helsinque. “Incluir a caixa no kit serviu como um incentivo para os pais colocarem os bebês para dormir separados deles.”

Em um certo momento, mamadeiras e chupetas foram removidos para incentivar o aleitamento materno.

“Um dos principais objetivos de todo o sistema era fazer com que as mulheres amamentassem mais e funcionou”, diz Pulma.

Ele também acha que incluir livros infantis teve um efeito positivo, encorajando as crianças a segurar os livros e, um dia, lê-los.

Pulma acredita que a caixa é um símbolo da ideia de igualdade, e da importância das crianças.

Notícia publicada na BBC Brasil , em 4 de junho de 2013.

Claudio Conti comenta*

O que primeiro chama a atenção neste artigo é o título, pois, para muitos, apenas pensar em colocar um recém-nascido para dormir em uma caixa de papelão soa grosseiro e, até mesmo, impensável. Caixas de papelão são comumente utilizadas para animais pequenos dormirem, com forração de jornal. Contudo, para a criança não faz a menor diferença, por não saber distinguir entre um berço caro e uma caixa, sendo, portanto, mais uma satisfação para os pais os móveis requintados. O principal é manter um ambiente limpo. Notadamente, pelo apresentado no artigo em análise, a caixa é um local mais adequado para o bebê dormir do que a cama dos pais.

O princípio fundamental do procedimento de conceder o kit às grávidas é, segundo o artigo, assegurar ao máximo que o recém-nascido possa atingir a idade adulta, o que parece alcançar o objetivo. Percebe-se que o fato de dormir em uma caixa não prejudica em nada o desenvolvimento da criança, muito pelo contrário, assegurando a higiene do espaço, a criança terá condições de se desenvolver adequadamente.

Partindo de um investimento inicial, o governo finlandês procura assegurar a saúde da criança, com isso, aumentam as chances de se tornar um adulto igualmente saudável, pois os primeiros anos são fundamentais para o desenvolvimento adequado. Desta forma, gasta-se um certo valor inicial, relativamente baixo, visando assegurar que muito mais seja economizado com o sistema de saúde ao longo da vida do indivíduo.

Todas as medidas preventivas, especialmente na área da saúde, são menos dispendiosas que as reparadoras, mas, infelizmente, em muitos países se considera que as preventivas são uma questão de opção e que pode ser postergada. Contudo, os danos causados por esta procrastinação contumaz pode ir muito além do financeiro, deixando sequelas que podem durar a vida inteira. Muitas vezes, estas sequelas são inabilitantes para uma vida produtiva, aumentando em muito os danos financeiros e sociais.

A felicidade de uma população está atrelada à tranquilidade com referência aos cuidados que o indivíduo terá à disposição nos casos de necessidade, como é o caso de pais à espera do nascimento de seus filhos. A insegurança sobre cuidados médicos pode ter efeitos devastadores no ser.

Muitos, todavia, ressaltam que em alguns países desenvolvidos, em que o poder público se faz presente, propiciando condições adequadas, as taxas de suicídio são mais altas que em países onde existe alto grau de insegurança social e pública em vários sentidos. Todavia, o estado de uma população e, consequentemente qualquer comparação, não pode ser avaliado tomando um ponto apenas, pois, mesmo que o índice de suicídio seja maior, o número total de mortes, considerando acidentes de trânsito, mortes violentas e falta de assistência médica, será muito menor.

Para concluir: todo e qualquer sistema somente será viável a partir do momento em que haja educação, fator primordial para o bom desenvolvimento pessoal e coletivo; até então, será apenas utopia.

  • Claudio Conti é graduado em Química, mestre e doutor em Engenharia Nuclear e integra o quadro de profissionais do Instituto de Radioproteção e Dosimetria - CNEN. Na área espírita, participa como instrutor em cursos sobre as obras básicas, mediunidade e correlação entre ciência e Espiritismo, é conferencista em palestras e seminários, além de ser médium pscógrafo e psicifônico (principalmente). Detalhes no site www.ccconti.com .