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Seis em cada dez mulheres não resistem aos apelos dos filhos quando eles pedem brinquedos, roupas e doces. É o que aponta um estudo pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Jorge Hessen comenta.

  • Data :27/10/2015
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27 de outubro de 2015

6 em cada 10 mães cedem às vontades dos filhos nas compras

Marília Almeida, de EXAME.com São Paulo - Seis em cada dez mulheres (64,4%) não resistem aos apelos dos filhos quando eles pedem brinquedos, roupas e doces. É o que aponta um estudo pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Muitas vezes, nem é necessário que os filhos peçam o presente para recebê-lo: 59,6% das mães compram produtos que não são necessários para os filhos apenas pelo prazer de vê-los usarem coisas que gostam, aponta a SPC Brasil. Além disso, quatro em cada dez mulheres (46,4%) admitem não adotar regras para presentear os filhos. Apenas 15,6% disseram dar presentes apenas em datas especiais, como aniversário, Dia das Crianças e Natal, enquanto 12,7% dão presentes quando o filho cumpre as regras e obrigações de casa. Ambos os comportamentos podem ser negativos para a saúde financeira da família, aponta a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. Para ela, é compreensível que as mães queiram sempre satisfazer seus filhos. Contudo, a vontade de agradar as crianças não pode se sobrepor ao controle do orçamento familiar, ainda mais em um cenário de crise. Foram entrevistadas para o levantamento 843 mulheres com filhos com dois a 18 anos de idade em todas as capitais brasileiras. A margem de erro da pesquisa é de até 3,4 pontos percentuais.

Levar o filho às compras faz as mães gastarem mais Quatro em cada dez mulheres entrevistadas pela SPC Brasil (38,6%) admitem que sempre acabam gastando mais do que o planejado quando saem para comprar acompanhadas pelos seus filhos. As mães consultadas no levantamento declararam que mais da metade (50,8%) das últimas cinco compras de brinquedos, jogos, roupas e calçados realizadas para seus filhos foi feita por impulso. Quando se trata de alimentos, o percentual de compras por impulso é maior: 55,8%. Os itens que mais levam à compra por impulso são roupas (40,6%), balas, chocolates e doces (35,5%), calçados (33,4%), brinquedos (32,5%), lanches (32,2%), iogurte (25,7%), biscoitos (24,3%) e eletrônicos (19,8%). Quase a metade das entrevistadas (48,5%) garante que os filhos são persistentes e não desistem do pedido até conseguir o presente. O estudo aponta ainda que três em cada dez mulheres (29,7%) dizem que, mesmo comprando a maioria dos produtos que os filhos pedem, as crianças não ficam satisfeitas.

Mais de um terço das mães se endividam por causa dos filhos Quatro em cada dez mães (36,7%) ouvidas já ficaram endividadas por causa de compras que fizeram para os filhos e 9,9% já deixaram de comprar produtos importantes para a casa ou pagar alguma conta porque compraram algo para a criança ou adolescente. Dentre as mães que acreditam que dar todos os brinquedos e passeios fará a criança mais feliz, 30,9% estão com o orçamento no vermelho. Por outro lado, o percentual de mães que encerram o mês com dívidas cai para 15,8% entre as que não atribuem a felicidade de seus filhos aos produtos que consomem. A pesquisa também aponta que 11,1% das mães relatam brigas com o cônjuge por causa das compras que realizam para os filhos, enquanto 17,4% das entrevistadas admitem compensar a ausência no dia a dia com presentes para os filhos.

O que fazer O fato de o filho insistir nos pedidos para compra de produtos não deve intimidar a mãe. Para o educador financeiro do Meu Bolso Feliz, José Vignoli, a criança não pode perceber que a insistência, a birra ou chantagem funcionam, pois pode se acostumar com esse tipo de comportamento. Nesse caso, o problema pode ficar ainda maior, já que será mais difícil interromper o hábito de dar presentes caso seja necessário realizar um ajuste nas contas da família, por exemplo, diz Marcela. Uma saída para evitar discussões com os filhos na hora das compras pode ser combinar regras sobre o que poderá ou não ser comprado antes do passeio. Para que essa solução seja eficiente, a mãe deve ser clara e firme na hora do acordo, diz a economista do SPC. Dessa forma, é mais provável que as crianças se sintam menos decepcionadas quando seus pedidos forem negados. Matéria publicada em Exame.com , em 24 de setembro de 2015.

Jorge Hessen* comenta Atualmente paira sobre as famílias modernas uma grave ameaça em torno da cultura do prazer. O instituto familiar necessita de grande choque de modelo e, sobretudo, de muito apoio religioso para alcançar seu equilíbrio moral. Infelizmente, muitos pais querem que os filhos tenham prazer sem responsabilidade. O estudo realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) aponta que a maioria das mães não resiste às solicitações dos filhos quando eles exigem a compra de brinquedos, roupas e doces. A rigor, muitas crianças têm noção sobre quais astúcias utilizar para persuadir seus pais a comprarem o que elas querem. Muitas vezes, os rogos “ingênuos” aparecem em forma de pirraça, intimidação, choradeira, induzindo alguns pais à sujeição. Contudo, ceder a todas as vontades dos filhos (no caso das compras) pode não apenas desequilibrar o orçamento familiar e levar os pais a contrair dívidas, porém também pode contribuir para instalar nas crianças uma série de comportamentos inadequados e tornar os filhos manipuladores e menos tolerantes à frustração, prejudicando seu desenvolvimento e suas relações sociais presentes e futuras. Concordamos que uma das estratégias para evitar contendas com os filhos durante as compras pode ser combinar regras sobre o que poderá ou não ser comprado antes do passeio. Para que essa solução seja eficiente, a mãe deve ser clara e firme na hora do acordo. Os filhos, quando crianças, registram em seu psiquismo todas as atitudes dos pais, tanto as boas quanto as más, manifestadas na intimidade do lar. Por esta razão, os pais devem estar sempre atentos e, incansavelmente, buscando um diálogo franco com os filhos, sobretudo, amando-os, independentemente de como se situam na escala evolutiva. Devemos transmitir segurança aos filhos através do afeto e do carinho constantes. Afinal, todo ser humano necessita ser amado, gostado, mesmo tendo consciência de seus defeitos, dificuldades e de suas reais diferenças. A regra é clara, ninguém em casa pode fazer aquilo que não se pode fazer na sociedade. É preciso impor a obrigação de que o filho faça isso, deste modo, cria-se a noção de que ele tem que participar da vida comunitária. Um detalhe é muito importante: os espíritas sabem que a fase infantil, em sua primeira etapa (dos 0 aos 7 anos), é a mais importante para a educação, e não podemos relaxar na orientação dos filhos, nas grandes revelações da vida. Sob nenhuma hipótese, essa primeira etapa reencarnatória deve ser enfrentada com indiferença e ou insensibilidade. Principalmente a mãe que “deve ser o expoente divino de toda a compreensão espiritual e de todos os sacrifícios pela paz da família. A mãe terrestre deve compreender, antes de tudo, que seus filhos, primeiramente, são filhos de Deus. Desde a infância, deve prepará-los para o trabalho e para a luta que os esperam. Desde os primeiros anos, deve ensinar a criança a fugir do abismo da liberdade, controlando-lhe as atitudes e concentrando-lhe as posições mentais, pois essa é a ocasião mais propícia à edificação das bases de uma vida. Ensinará a tolerância mais pura, mas não desdenhará a energia quando seja necessária no processo da educação, reconhecida a heterogeneidade das tendências e a diversidade dos temperamentos”.(1) Para Emmanuel a mãe “não deve dar razão a qualquer queixa dos filhos, sem exame desapaixonado e meticuloso das questões, levantando-lhes os sentimentos para Deus, sem permitir que estacionem na futilidade ou nos prejuízos morais das situações transitórias do mundo. Na hipótese de fracassarem todas as suas dedicações e renúncias, compete às mães incompreendidas entregar o fruto de seus labores a Deus, prescindindo de qualquer julgamento do mundo, pois que o Pai de Misericórdia saberá apreciar os seus sacrifícios e abençoará as suas penas, no instituto sagrado da vida familiar”.(2) Os filhos rebeldes são filhos de nossas próprias obras, em vidas anteriores, cuja Bondade de Deus, agora, concede a possibilidade de se unir a nós pelos laços da consanguinidade, dando-nos a estupenda chance de resgate, reparação e os serviços árduos da educação. Dessa forma, diante dos filhos insurgentes e indisciplináveis, impenetráveis a todos os processos educativos, “os pais depois de movimentar todos os processos de amor e de energia no trabalho de orientação deles, é justo que esperem a manifestação da Providência Divina para o esclarecimento dos filhos incorrigíveis, compreendendo que essa manifestação deve chegar através de dores e de provas acerbas, de modo a semear-lhes, com êxito, o campo da compreensão e do sentimento”.(3) Os pais, após esgotar todos os recursos a bem dos filhos e depois da prática sincera de todos os processos amorosos e enérgicos pela sua formação espiritual, sem êxito algum, “devem entregá-los a Deus, de modo que sejam naturalmente trabalhados pelos processos tristes e violentos da educação do mundo. A dor tem possibilidades desconhecidas para penetrar os espíritos, onde a linfa do amor não conseguiu brotar, não obstante o serviço inestimável do afeto paternal, humano. Eis a razão pela qual, em certas circunstâncias da vida, faz-se mister que os pais estejam revestidos de suprema resignação, reconhecendo no sofrimento que persegue os filhos a manifestação de uma bondade superior, cujo buril oculto, constituído por sofrimentos, remodela e aperfeiçoa com vistas ao futuro espiritual”.(4) O Espiritismo não propõe soluções específicas, reprimindo ou regulamentando cada atitude, nem dita fórmulas mágicas de bom comportamento aos jovens. Prefere acatar, em toda sua amplitude, os dispositivos da lei divina, que asseguram, a todos, o direito de escolha (o livre-arbítrio) e a responsabilidade consequente de seus atos. Por todas essas razões, precisamos aprender a servir e perdoar; socorrer e ajudar os filhos entre as paredes do lar, sustentando o equilíbrio dos corações que se nos associam à existência e, se nos entregarmos realmente no combate à deserção do bem, reconheceremos os prodígios que se obtêm dos pequenos sacrifícios em casa por bases da terapêutica do amor. Em últimas instâncias quando os filhos são rebeldes e incorrigíveis, impermeáveis a todos os processos educativos, “os pais, depois de movimentar todos os processos de amor e de energia no trabalho de orientação educativa dos filhos, sem descontinuidade da dedicação e do sacrifício, que esperem a manifestação da Providência Divina para o esclarecimento dos filhos incorrigíveis, compreendendo que essa manifestação deve chegar através de dores e de provas acerbas, de modo a semear-lhes, com êxito, o campo da compreensão e do sentimento."(5)

Referências bibliográficas: (1) Xavier, Francisco Cândido. O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 17ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1995, perg. 189; (2) Idem, perg. 189; (3) Idem, perg. 190; (4) Idem, perg. 191; (5) Idem, perg. 190.

  • Jorge Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal aposentado do INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (dois livros publicados), Jornalista e Articulista com vários artigos publicados.