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Uma pesquisa da Universidade de Bloomington, nos Estados Unidos, sugere que o uso excessivo de teclados e telas sensíveis ao toque em vez de escrever com lápis e papel prejudica o desenvolvimento de crianças. Sergio Rodrigues comenta.

  • Data :30 May, 2015
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30 de maio de 2015

Falta de escrever à mão ‘pode prejudicar desenvolvimento cerebral das crianças’

Uma pesquisa americana sugere que o uso excessivo de teclados e telas sensíveis ao toque em vez de escrever à mão, com lápis e papel, pode prejudicar o desenvolvimento de crianças. A neurocientista cognitiva Karin James, da Universidade de Bloomington, nos Estados Unidos, estudou a importância da escrita à mão para o desenvolvimento do cérebro infantil. Ela estudou crianças que, apesar de ainda não alfabetizadas, eram capazes de identificar letras, mas não sabiam como juntá-las para formar palavras. No estudo, as crianças foram separadas em grupos diferentes: um foi treinado para copiar letras à mão enquanto o outro usou computadores. A pesquisa testou a capacidade destas crianças de aprender as letras; mas os cientistas também usaram exames de ressonância magnética para analisar quais áreas do cérebro eram ativadas e, assim, tentar entender como o cérebro muda enquanto as crianças se familiarizavam com as letras do alfabeto. O cérebro das crianças foi analisado antes e depois do treinamento e os cientistas compararam os dois grupos diferentes, medindo o consumo de oxigênio no cérebro para mensurar sua atividade.

Respostas diferentes Os pesquisadores descobriram que o cérebro responde de forma diferente quando aprende através da cópia de letras à mão de quando aprende as letras digitando-as em um teclado. As crianças que trabalharam copiando as letras à mão mostraram padrões de ativação do cérebro parecidos com os de pessoas alfabetizadas, que conseguem ler e escrever. Este não foi o caso com as crianças que usaram o teclado. O cérebro parece ficar “ligado” e responde de forma diferente às letras quando as crianças aprendem a escrevê-las à mão, estabelecendo uma ligação entre o processo de aprender a escrever e o de aprender a ler. “Os dados do exame do cérebro sugerem que escrever prepara um sistema que facilita a leitura quando as crianças começam a passar por este processo”, disse James. Além disso, desenvolver as habilidades motoras mais sofisticadas necessárias para escrever à mão pode ser benéfico em muitas outras áreas do desenvolvimento cognitivo, acrescentou a pesquisadora.

Computadores em escolas As descobertas da pesquisa podem ser importantes para formular políticas educacionais. “Em partes do mundo, há uma certa pressa em introduzir computadores nas escolas cada vez mais cedo, isto (esta pesquisa) pode atenuar (esta tendência)”, disse Karin James. Muitas escolas americanas já transformaram o ensino da escrita à mão em alternativa opcional para professores. Por isso, muitos educadores não ensinam mais caligrafia. Uma solução poderia ser usar algum programa em um tablet que simulasse o ato de escrever à mão. Mas, pelo que a pesquisa da cientista sugere, nada parece substituir o aprendizado com a escrita à mão. Notícia publicada na BBC Brasil , em 12 de fevereiro de 2015.

Sergio Rodrigues comenta* A matéria demonstra como uma inovação tecnológica, criada para auxiliar o processo evolutivo do homem, se usada de modo inconveniente, pode, ao contrário, atrasar sua busca pelo aperfeiçoamento. Certamente, quando os homens de ciência desenvolveram a tecnologia dos computadores, não o fizeram com o propósito de que o aprendizado da escrita manual fosse abandonado. Essa tecnologia deve servir como auxiliar e nunca como substituto da escrita manual. A escrita manual ainda é fundamental para o desenvolvimento do cérebro. Os estudos desenvolvidos pelos pesquisadores citados demonstram os malefícios que o abandono da escrita manual podem trazer para o desenvolvimento do cérebro na fase infantil, período de grande importância para a formação de órgãos que vão servir ao corpo físico durante toda a vida. Na questão 792 de O Livro dos Espíritos, os Espíritos explicam que a civilização não pode produzir de imediato todo o bem que poderia, “porque os homens ainda não estão aptos nem dispostos a alcançá-lo”. Este é um exemplo de que como o progresso pode causar um mal ao invés de proporcionar ao homem o bem, se mal compreendido e mal utilizados os seus resultados. Felizmente, está aí uma outra vertente do progresso, que é a ciência neurológica, através dos pesquisadores citados na matéria, para chamar a atenção da Humanidade para a necessidade de corrigir seus procedimentos.

  • Sergio Rodrigues é espírita e colaborador do Espiritismo.Net.