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Um estudo conduzido por cientistas americanos apontou que os cérebros de homens e mulheres estão conectados de maneira diferente, o que poderia explicar por que um sexo desempenha determinadas tarefas melhor do que o outro. Carlos Miguel Pereira comenta.

  • Data :09 Nov, 2014
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9 de novembro de 2014

Cérebros de homens e mulheres têm ‘conexões diferentes’

Um estudo conduzido por cientistas americanos apontou que os cérebros de homens e mulheres estão conectados de maneira diferente, o que poderia explicar por que um sexo desempenha determinadas tarefas melhor do que o outro.

Pesquisadores da Universidade da Pensilvânia realizaram tomografias de cérebros de aproximadamente mil homens, mulheres, meninos e meninas e constataram diferenças marcantes entre eles.

Os cérebros dos homens, por exemplo, estão conectados de frente para trás, com poucas conexões entre os dois hemisférios.

Já nas mulheres, mais conexões se cruzam da esquerda para a direita.

Essas diferenças podem explicar por que os homens, em geral, tendem a ter maior facilidade para aprender ou fazer uma única tarefa, como andar de bicicleta e se localizar, enquanto que as mulheres são mais aptas a realizar múltiplas tarefas, afirmaram os pesquisadores.

O estudo foi divulgado na publicação científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

Complexo

Os mesmos voluntários foram submetidos a realizar uma série de testes cognitivos, e os resultados aparentam embasar essa teoria.

As mulheres obtiveram maior pontuação em atenção, memória facial e de palavras e cognição social. Já os homens tiveram melhor desempenho em velocidade do processamento espacial e sensório-motor.

O pesquisador Ruben Gur, que integrou o grupo responsável pelo estudo, afirmou: “É surpreendente como os cérebros das mulheres e dos homens podem ser complementares”.

“Os mapas detalhados do cérebro não só nos ajudarão a melhor entender as diferenças entre como os homens e as mulheres pensam, mas também nos dará maior compreensão sobre as origens dos transtornos neurológicos, que normalmente têm estreita ligação com o sexo.”

Mas especialistas argumentam que pode não ser tão simples e dizem que é um “salto muito grande” tentar explicar variações de comportamento entre os sexos a partir de diferenças anatômicas. Além disso, dizem eles, as conexões cerebrais não permanecem fixas.

“Sabemos que não existe algo como ‘conexão permanente’ quando se trata do cérebro. As conexões podem mudar durante a vida, em resposta à experiência e ao aprendizado”, diz a professora Heidi Johansen-Berg, especialista britânica em neurociência da Universidade de Oxford.

Segundo ela, o cérebro é um órgão muito complexo para que seja possível fazer generalizações abrangentes.

“Com frequência, abordagens matemáticas sofisticadas são usadas para analisar e descrever estas redes cerebrais. Estes métodos podem ser úteis para identificar diferenças entre grupos, mas é complicado interpretar estas diferenças em termos biológicos”, diz.

Notícia publicada na BBC Brasil , em 3 de dezembro de 2013.

Carlos Miguel Pereira comenta*

Homens e Mulheres são diferentes. Eis uma afirmação tão gritante que não seria necessário um estudo científico para o reconhecermos. Mas este grupo de cientistas foi tentar encontrar vestígios dessas diferenças a um nível mais profundo, investigando os circuitos neurais de 1000 indivíduos de sexos diferentes. Os resultados revelaram uma tendência para que o cérebro das mulheres tenha predominantemente uma ligação muito forte entre os hemisférios esquerdo e direito, o que lhes dá uma maior habilidade para o relacionamento social, memória e atenção, enquanto nos cérebros dos homens as ligações são predominantemente mais fortes entre a região frontal e posterior, o que lhes proporciona uma maior capacidade de coordenação motora e percepção. Outra conclusão interessante é o fato de que as diferenças encontradas na ligação dos circuitos neurais de homens e mulheres apenas começam a ser significativas a partir dos anos da adolescência. Qual será a origem desta diferenciação nestes anos atribulados da adolescência? Serão as pressões biológicas das hormonas particularmente esfuziantes nestas idades? Ou serão os constrangimentos familiares, sociais e culturais que marcarão essas diferenças? É uma questão que o estudo não procura resolver e para a qual eu não ouso ensaiar uma resposta.

Do ponto de vista espiritual, este estudo leva-nos a refletir sobre as relações entre o corpo e o Espírito. Até que ponto a envolvência biológica e ambiental pressionam as características emocionais e as faculdades que exibimos? Não devemos confundir as características do espírito com as do corpo físico, mas é importante reconhecer que elas se influenciam mutuamente. Se o Espírito pode ter um papel modelador no desenvolvimento do corpo, as características biológicas do corpo em que o Espírito se encontra encarnado atuam, muitas vezes, como um freio que limita o exercício de algumas das suas faculdades e tendências. Mas mesmo que não consiga exprimir totalmente essas características, por imposição dos órgãos ou até do ambiente em que se encontra, o Espírito dispõe sempre das faculdades que lhe são próprias e que poderão aflorar quando as condições forem mais propícias. Assim, a contingência biológica ou mesmo cultural de ter de lidar com novas situações para as quais não existe uma preparação, passar por diferentes experiências e capacidades que desafiam o que tomamos como verdades, é uma mais-valia para a caminhada evolutiva do Espírito. Tal como em culturas distintas ou grupo sociais diferenciados, encarnar como homem ou como mulher oferece experiências tão singulares como necessárias ao Espírito na sua jornada de crescimento e aprendizado. Para alcançar esse desiderato, é imprescindível que as pressões biológicas, mas também os estímulos sociais e culturais que cada sexo está sujeito, possam ser vividos da forma mais harmoniosa possível com o sentir próprio do Espírito. Isto não significa a subjugação cega à tirania do corpo mas o reconhecimento íntimo de que Espírito e corpo nem sempre se encontram em sintonia plena, mas que isso não subtrai nada, antes, pelo contrário, ao sentir mais profundo do Espírito, a verdadeira essência daquilo que somos.

  • Carlos Miguel Pereira trabalha na área de informática e é morador da cidade do Porto, em Portugal. Na área espírita, é trabalhador do Centro Espírita Caridade por Amor (CECA), na cidade do Porto, e colaborador regular do Espiritismo.net.