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Brigar pelos direitos de seus povos com inteligência e brandura foi a arma usada por líderes pacifistas da história. No coração deles residia uma inquebrantável busca: a dos direitos humanos. Para alcançá-la, apostaram em recursos que em nada lembram o uso da violência física. Breno Henrique de Sousa comenta.

  • Data :09 May, 2014
  • Categoria :

9 de maio de 2014

De sonhos e sementes

No coração deles residia uma inquebrantável busca: a dos direitos humanos. Para alcançá-la, apostaram em recursos que em nada lembram o uso da violência física

Keila Bis Bons Fluidos

Brigar pelos direitos de seus povos com inteligência e brandura foi a arma usada por três dos principais líderes pacifistas da história.

Precursor da ideia, o indiano Mahatma Gandhi criou a filosofia chamada satyagraha (satya = verdade, agraha = firmeza), que deixava claro: o princípio de não agressão não implica agir com passividade perante o adversário - no caso a Inglaterra, país do qual a Índia era colônia -, mas em se apoderar de artimanhas - como incentivar seu povo a boicotar os produtos têxteis ingleses e investir no tear manual do país.

Seguindo os princípios dele, Martin Luther King batalhou pelos direitos civis dos negros americanos organizando greves e conclamando-os a evitar propositalmente o transporte público, já que dentro dos ônibus eles eram obrigados a ceder lugar aos brancos.

Caminho parecido tomou Nelson Mandela, feito prisioneiro 28 anos por coordenar greves e protestos contra as políticas segregacionistas. Ao deixar a prisão, se tornou o primeiro presidente negro da África, em 1994. Gandhi conseguiu a independência da Índia em 1947; e Luther King, a aprovação das leis dos direitos civis e do direito de voto, em 1965.

“Nós devemos ser a mudança que desejamos para o mundo.” Mahatma Ghandi, Índia, 1869-1940

“Sonho com o dia em que todos compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos.” Nelson Mandela, África do Sul, 1918

“O que me preocupa não é o grito dos violentos, mas, sim, o silêncio dos bons.” Martin Luther King Jr., Estados Unidos, 1929-1968

Matéria publicada na Revista Bons Fluidos , em 1º de outubro de 2013.

Breno Henrique de Sousa comenta*

A Construção da Paz

O trabalho de construção de uma cultura de paz é uma tarefa muito árdua, sobretudo em uma modernidade militarizada, onde os meios de comunicação banalizam a violência, expondo-a nua e crua e, reconheçamos, os meios de comunicação tem muito material disponível quando no mundo existem tantas guerras e desigualdades sociais abismais que são território fértil para a violência.

A história fala das guerras e das conquistas, os prédios públicos e ruas ostentam os nomes dos nossos “heróis de guerra”, mas pouco se estuda sobre os grandes pacifistas da humanidade. Valoriza-se a força e não o diálogo. Desacreditado do poder público e amedrontado pela violência, o cidadão comum busca armar-se se iludindo com uma falsa sensação de segurança.

O exemplo de Gandhi e Luther King ecoam distantes enquanto fala-se de uma segurança pública baseada na repressão policial e com ações incipientes de investimentos sociais. Alguma controvérsia paira em torno da figura de Mandela por ter pegado em armas na luta contra o apartheid, por isso, alguns preferem não se referir a ele como exemplo de pacifista. Independentemente dessa polêmica, todos, porém, concordam quanto à nobreza dos seus propósitos e seus esforços pela convivência pacífica entre todos os seres humanos independentemente de sua raça, credo, gênero ou etnia.

O Espiritismo reconhece a necessidade da construção da paz social. Porém, a paz, em sentido mais amplo, é muito mais profunda e se inicia no coração do ser humano. É impossível a paz social enquanto os seres humanos não estiverem em paz consigo. A paz não consiste apenas na ausência de guerras ou em “tolerar” o outro. É preciso o diálogo aberto com as diferenças, respeitando a decisão do outro desde que essa decisão não afete o direito de um terceiro.

Por causa da religião se fez muita guerra na humanidade, mas é também entre os religiosos que encontramos os mais notáveis edificadores da paz na humanidade. Lembremos que Luther King era pastor protestante, Gandhi também era de religião hindu. Em nosso meio espírita mais recente, podemos indicar a figura de Chico Xavier, grande construtor da paz, que foi indicado ao Nobel em 1981 e 1982 em terras brasileiras e eleito o maior brasileiro de todos os tempos. Certamente ele fulgura na lista dos grandes pacifistas da humanidade.

Certamente, temos um longo caminho para a construção da paz, porém, esses grandes vultos que nos precederam deixaram suas pegadas de luz. Bem disse Jesus que era o Caminho da Verdade e da Vida, revelando-se como roteiro seguro para a paz.

  • Breno Henrique de Sousa é paraibano de João Pessoa, graduado em Ciências Agrárias e mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal da Paraíba. Ambientalista e militante do movimento espírita paraibano há mais de 10 anos, sendo articulista e expositor.