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Os relatos sobre cristãos mortos ao redor do mundo por causa de sua fé duplicaram em 2013, comparado com o ano anterior, com os casos somente na Síria superando o total registrado em 2012, de acordo com uma pesquisa anual. André Henrique de Siqueira comenta.

  • Data :28/03/2014
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28 de março de 2014

Número de cristãos assassinados pela fé dobrou em 2013, diz relatório

Os relatos sobre cristãos mortos ao redor do mundo por causa de sua fé duplicaram em 2013, comparado com o ano anterior, com os casos somente na Síria superando o total registrado em 2012, de acordo com uma pesquisa anual.

O Portas Abertas, um grupo sem denominação que presta apoio a cristãos perseguidos ao redor do mundo, disse nesta quarta-feita ter documentado 2.123 homicídios de “mártires”, comparado com 1.201 em 2012. Houve 1.213 mortes desse tipo somente na Síria no ano passado, afirmou a entidade.

“Essa é uma contagem bastante mínima baseada no que foi relatado na mídia e que podemos confirmar”, disse Frans Veerman, diretor de pesquisas para a Portas Abertas. Estimativas de outros grupos cristãos colocam a contagem anual em 8 mil.

O Portas Abertas colocou a Coreia do Norte no topo de sua lista de 50 países mais perigosos para cristãos, posição que a nação asiática ocupa desde que a pesquisa anual começou a ser realizada há 12 anos. Somália, Síria, Iraque e Afeganistão vêm a seguir.

O grupo sediado nos Estados Unidos relatou um aumento da violência contra cristãos na África e afirmou que muçulmanos radicais foram a principal fonte de perseguição em 36 dos países que estão na lista. “O extremismo islâmico é o pior perseguidor da Igreja mundial”, disse a entidade.

Cerca de 10 por cento dos sírios são cristãos. Muitos se tornaram alvos de rebeldes islâmicos que os consideram apoiadores do presidente Bashar al-Assad.

O relatório não traz dados sobre assassinatos na Coreia do Norte, mas diz que lá os cristãos enfrentam “a mais alta pressão imaginável” e que cerca de 50 mil a 70 mil vivem em campos para presos políticos.

Reuters

Notícia publicada no Portal Terra , em 8 de janeiro de 2014.

André Henrique de Siqueira comenta*

Dois mil, cento e vinte e três (2.123) homicídios de “mártires religiosos” foram registrados em 2013. Este número indica um crescimento de 57% em relação a 2012, segundo relatório do grupo Open Doors (Portas Abertas - http://www.opendoors.org/ ) - uma organização internacional dedicada a auxiliar cristãos em todo o mundo.

O relatório publicado (http://www.worldwatchlist.us/ ) refere-se a um acompanhamento que faz uma classificação de países com maiores índices de perseguição. Os números trazem a tona a questão da violência causada pela religião ou contra ela…

Iniciemos por considerar que a violência não é uma exclusividade religiosa. Infelizmente, tem sido uma característica humana. Recentemente (dezembro de 2004), Charles Phillips e Alan Axelrod publicaram a sua Encyclopedia of Wars (Enciclopedia da Guerra - http://www.amazon.com/Encyclopedia-Wars-Volume-Library-History/dp/0816028516 ), na qual avaliam fatos e números sobre diferentes conflitos na história mundial. Desta obra, destaca-se que:

a) Dos 1.763 maiores conflitos da história recente, apenas 123 podem ser classificados como tendo origem em motivos religiosos - apenas 7% do total;

b) O número de pessoas mortas nestes conflitos representa apenas 2%;

c) Aproximadamente 1 a 3 milhões de pessoas foram mortas durante as Cruzadas; 50 a 70 milhões morreram durante a II Guerra Mundial - a mais violenta de todas as guerras registradas na história!

Números impressionantes ressaltam quando se analisam o número de mortes dentro dos regimes ditatoriais:

Sob a regência de Joseph Stalin, líder da URSS até 1953, estimam-se 42.672.000 mortes em conflitos políticos. Na China, sob o comando de Mao Zedong, calculam-se 37.828.000 mortes. Adolf Hitler, líder da alemanha nazista, promoveu a morte de aproximadamente 20.946.000 pessoas… Vemos que os números não são pequenos!

A intolerância humana tem sido causa de muitos conflitos. Por vezes causados por domínios geográficos ou por lutas em torno do poder político, os conflitos geram-se de desacordos de interesse ou intolerância cultural - nisto incluído os conflitos religiosos. Os dados históricos, porém, não permitem imputar à religião a maior causa de mortes em conflitos bélicos ou como causa destes mesmos conflitos.

Existe ainda um outro aspecto sob o qual deveria focar a nossa atenção: Qual o papel das crenças religiosas na propensão para o conflito?

De um modo sintético, são três as posições religiosas em relação à violência:

  1. Apoio à Guerra Santa - fundamentado no conceito de que a Religião é um empreendimento de libertação do mal pelos que, moralmente superiores, dedicam-se ao bem. A violência é um instrumento que pode ser utilizado em benefício de um melhor estado para a Humanidade.

  2. Apoio à Guerra Justa - fundamentado no conceito de que a Justiça por vezes exige o uso da força para a sua defesa.

  3. Apoio à não-violência - fundamentado no conceito de que a violência, embora crie um benefício instantâneo, cria mais problemas que soluções, sendo incoerente com o próprio espírito da Religião.

Quando os cristãos são vítimas de violência, ou são agentes de violência, deparamo-nos com problemas humanos que justificam a violência com argumentos religiosos, muitos dos quais infelizes em suas interpretações do conteúdo religioso. Isto porque a religião é mais fácil de ser pregada do que ser vivenciada.

  • André Henrique de Siqueira é bacharel em ciência da computação, professor e espírita.