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Em Londres é muito comum as pessoas terem uma relação de amor e ódio com o metrô, que varia de acordo com o bom ou mal funcionamento do serviço. Mas para um homem britânico, usar esse meio de transporte tem um efeito bastante particular. Sergio Rodrigues comenta.

  • Data :17/01/2014
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17 de janeiro de 2014

Disfunção faz britânico sentir ‘gosto’ de estações do metrô

Em Londres é muito comum as pessoas terem uma relação de amor e ódio com o metrô, que varia de acordo com o bom ou mal funcionamento do serviço. Mas para um homem britânico, usar esse meio de transporte tem um efeito bastante particular.

Desde a infância, James Wannerton, que vive no norte de Londres, tem uma condição neurológica chamada sinestesia, que liga dois planos sensoriais diferentes, como o gosto ao cheiro, ou a visão ao tato.

No caso de Wannerton, quando ele ouve um som, automaticamente sente um gosto, ou seja, toda vez que escuta o nome de uma estação de metrô, um gosto forte e particular é evocado.

“Quando eu escuto os nomes, tenho a real sensação de estar comendo”, disse Wannerton.

Mapa ilustrado

Para ilustrar, ele criou uma nova versão do mapa do metrô de Londres, onde os nomes das estações foram trocados pelos gostos que eles representam para ele.

Alguns exemplos são: carne moída, tofu, bacon crocante, leite evaporado, batata queimada, e coxa de frango.

“Eu faço isso desde 1964. Estive em todas essas estações, e posso dizer que esses são os gostos que vêm com elas”, afirmou Wannerton.

“A minha ideia é que esse mapa seja usado em universidades como forma de ensinar o que significa essa condição neurológica. É uma boa maneira de ilustrar a sinestesia de gosto com a linguagem, que é a minha condição.”

Ao longo dos anos, Wannerton desenvolveu algumas paradas favoritas.

“Tottenham Court Road é uma das minhas prediletas. O som dessas três palavras produz um gosto fantástico de salsinha com ovos muito bem cozidos. É como um bom café da manhã.”

Mas nem todas as estações representam um deleite de sabor. Kilburn, no noroeste de Londres, evoca um gosto “terrível"de carne de qualidade inferior.

Sobre a possibilidade de tratar essa condição, Wannerton diz que não o faria.

“Ter essa percepção extra é algo que eu considero muito agradável. É claro que não o tempo todo, mas eu desenvolvi técnicas para me distrair e amenizar as sensações ruins.”

Notícia publicada na BBC Brasil , em 20 de novembro de 2013.

Sergio Rodrigues comenta*

O caso é conhecido como “sinestesia” e, segundo os especialistas, não se trata de uma enfermidade, mas de uma percepção neurológica, que consiste na produção de duas sensações de natureza diferentes por um único estímulo. É uma forma diferente do cérebro processar as informações obtidas através dos sentidos. Aqueles em quem essa percepção se manifesta associam sentidos físicos como o olfato e o paladar, por exemplo, a palavras, locais, cores, dias da semana, etc. Diante de uma dessas circunstâncias, sentem o cheiro ou o paladar de alguma coisa objeto da associação. Não havendo uma enfermidade identificada, não há tratamento para a sinestesia.

O Espiritismo talvez possa dar uma contribuição para o entendimento desse fenômeno através do ensino sobre como o espírito recebe as percepções provocadas por circunstâncias externas, isto é, materiais. Quando uma percepção é recebida pelo corpo físico, este se utiliza dos nervos como fio condutor, transmitindo os seus efeitos ao fluido perispiritual. Este, por sua vez, também é insensível, mas repassa a percepção ao espírito, onde está a sede das sensações. As ações exteriores, explica Kardec, repercutem no espírito, que é quem as sente, qual choque elétrico, por intermédio do fluido perispiritual. Podemos figurar assim este processo:

ação exterior -> corpo material -> nervos -> fluido perispiritual –> espírito

Assim, uma hipótese que talvez possa explicar as causas do fenômeno de sinestesia é a ocorrência de uma disfunção em algum dos elementos responsáveis por este trajeto “ação exterior –> espírito” , canalizando a percepção para um sentido impróprio, que vai levar ao cérebro essa informação. No caso da notícia comentada, o referido britânico tem a percepção das estações do metrô e, ao invés de canalizá-la unicamente para a visão, divide esta percepção com o sentido olfativo, daí sentir o gosto de determinados alimentos que associou a esses locais.

  • Sergio Rodrigues é espírita e colaborador do Espiritismo.Net.