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Uma equipe internacional de físicos anunciou que um experimento instalado em uma antiga mina de ouro para detectar matéria escura – substância invisível que poderia compor 1/4 do Universo – ainda não identificou nada. Breno Henrique de Sousa comenta.

  • Data :01/12/2013
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4 de dezembro de 2013

Teste nos EUA tenta detectar matéria escura, que compõe 1/4 do Universo

Cuba com xenônio líquido a -150° C é instalada em antiga mina dos EUA. Após 3 meses, cientistas ainda não acharam nada, mas buscas continuam.

Do G1, em São Paulo

Uma equipe internacional de físicos anunciou na quarta-feira (30) que um experimento instalado em uma antiga mina de ouro da Dakota do Sul, nos EUA, para detectar matéria escura – misteriosa substância invisível que poderia compor até um quarto do Universo – ainda não identificou nada. Mas as buscas continuam, e os cientistas estão animados.

O projeto, batizado de Lux (sigla para Large Underground Xenon), vai continuar por todo o ano de 2014, e o aparelho ficará ainda mais sensível. O investimento é uma parceria do setor público e privado, e um único filantropo doou R$ 156,8 milhões para a experiência.

Em seus três primeiros meses de funcionamento, o maior e mais sensível detector de matéria escura já construído – uma cuba de 368 kg de xenônio líquido resfriado a -150° C – não demonstrou nenhum rastro de nuvens de partículas que os teóricos afirmam estar flutuando pelo espaço, pela Via Láctea, pela Terra e por nós mesmos. Se confirmado, o resultado pode derrubar pelo menos uma classe controversa de candidatos a matéria escura, segundo os autores.

“Só porque não vimos nada nessa primeira tentativa, não significa que não veremos na segunda”, disse Richard Gaitskell, professor de física da Universidade Brown, nos EUA, e porta-voz do Lux, em entrevista ao jornal “The New York Times”.

Segundo Gaitskell, em 25 anos de pesquisas, esse é o sinal mais “limpo” já visto até agora. Isso significa que o detector de matéria escura estava funcionando tão bem a ponto de identificá-la quando – ou se – ela aparecer.

O físico de partículas teórico Neal Weiner, da Universidade de Nova York, chamou os resultados de “impressionantes”.

“Com uma maior sensibilidade do detector, se realmente existe alguma coisa lá dentro, ela deve se tornar aparente”, afirmou.

Proteção contra raios cósmicos

O projeto Lux é o mais recente de uma série de grandes experimentos que têm desafiado físicos de todo o mundo nos últimos anos. Todos os testes são feitos em minas abandonadas ou em lugares subterrâneos, para ficarem protegidos dos raios cósmicos – o que poderia causar algum alarme falso. No Lux, a maior fonte de ruído vista no dispositivo foram vestígios de radioatividade do próprio detector.

Para os físicos envolvidos, o equipamento já é sensível o suficiente para testar algumas versões de matéria escura que têm sido propostas, como a ideia de que essas partículas interagem com a matéria normal ao intercambiar a recém-descoberta “partícula de Deus”, ou bóson de Higgs – cuja teoria proposta pelo britânico Peter Higgs e pelo belga François Englert ganhou o Nobel de Física deste ano.

A matéria escura têm atormentado os físicos desde os anos 1970, quando foi demonstrado que algum tipo de material invisível deve ser o fornecedor da “cola gravitacional” que mantém as galáxias juntas. Determinar o que é isso exatamente pode fornecer informações sobre partículas e forças que não estão descritas atualmente no Modelo Padrão da física – a teoria vigente que descreve como o mundo é constituído, desde flores e pessoas até estrelas e planetas.

‘Restos’ do Big Bang

Segundo o melhor palpite dos físicos, a matéria escura é formada por nuvens de partículas subatômicas exóticas que sobraram do Big Bang – a grande explosão inicial do Universo –, conhecidas genericamente como Wimps (sigla para partículas massivas de interação fraca).

Essas partículas “supersimétricas” pesam centenas de vezes mais que um próton, mas poderiam passar pela Terra como “fumaça” através de uma porta.

Os cientistas esperam produzir essas Wimps ou outras evidências de “supersimetria” no Grande Colisor de Hádrons (LHC), instalado na Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (Cern), na fronteira da Suíça com a França – hoje, porém, o LHC está fechado para manutenção, o que deve durar até 2015. Até agora, ninguém viu um único Wimp no espaço ou no subsolo.

Notícia publicada no Portal G1 , em 31 de outubro de 2013.

Breno Henrique de Sousa comenta*

A natureza da matéria

Nêutrons, prótons, neutrinos, quarks, bóson de Higgs, antimatéria, matéria escura… Todos esses parecem conceitos estranhos para o leitor comum que não tem conhecimentos sobre física, mas o fato é que nem para os físicos esses conceitos estão acabados. No caso da matéria escura, por exemplo, é como uma peça a mais que falta para fechar a equação do universo. Os cientistas através de experimentos e da dedução lógica encontram pistas que levam a novas descobertas; enquanto essas descobertas não são confirmadas, elas são apenas teorias.

É o caso do bóson de Higgs, uma partícula que até bem pouco tempo era apenas teoria e que foi comprovada experimentalmente, levando o autor da teoria a ganhar o Nobel de física em 2013. A relatividade de Einstein também era teoria e foi comprovada experimentalmente, apesar de sofrer alguns ajustes.

Todas essas teorias e descobertas são fundamentais para o avanço da ciência e entendimento da natureza. À medida que a humanidade avança, adquire por seus esforços a competência para revelar aspectos desconhecidos da natureza. Pode-se perguntar por que gastar tanto dinheiro com isso, quando existem pessoas morrendo de fome. Essa é uma afirmação que revela um entendimento superficial da vida, pois na realidade os problemas não se resolvem em uma sequência única de prioridades. A vida é bem complexa; se fôssemos resolver um problema de cada vez, a humanidade não avançaria. Essa é uma visão bem cartesiana; afinal, basta observarmos uma pessoa normal, que no dia a dia tem diversas necessidades simultâneas e problemas simultâneos e que devem ser trabalhados sistemicamente. Frequentemente a solução para alguns problemas cotidianos surge da ciência de ponta. Assim, um governo justo deve equilibrar seus investimentos em discussão com o povo.

Mas não é preciso ser físico para entender a importância desses descobrimentos e avanços. O primeiro fato óbvio é o de que não conhecemos tudo sobre o universo e existem muito mais coisas que ignoramos do que as que sabemos. Não faz muito tempo que acreditava-se que o átomo era uma pequena partícula indivisível como pequenas esferas microscópicas; esse era o modelo atômico de Dalton, vigente quando foi lançado O Livro dos Espíritos. E veja o que curiosamente dizem os Espíritos sobre o átomo, ainda naquela época:

  1. A matéria é formada de um só ou de muitos elementos?

“De um só elemento primitivo. Os corpos que considerais simples não são verdadeiros elementos, são transformações da matéria primitiva.

  1. As moléculas têm forma determinada?

“Certamente, as moléculas têm uma forma, porém não sois capazes de apreciá-la.”

a) - Essa forma é constante ou variável?

“Constante a das moléculas elementares primitivas; variável a das moléculas secundárias, que mais não são do que aglomerações das primeiras, porque, o que chamais molécula longe ainda está da molécula elementar .” (grifo nosso).

O Espiritismo adiantou-se à ciência que pensava naquela época haver chegado a elementos primitivos, mas os Espíritos revelaram que ainda estávamos longe desses elementos, e agora, quanto mais sabemos sobre a matéria, mais complexa e misteriosa ela se torna, e qualquer um que saiba um pouco sobre a física quântica, saberá do que estou falando.

Será que estamos chegando perto do fluido universal? Acredito que ainda estamos distantes, muito pouco tempo se passou desde que os Espíritos fizeram essas afirmações acima, e apesar dos avanços vertiginosos da ciência, ainda estamos apenas levantando a ponta do véu.

Outro fato que podemos concluir é que a natureza não funciona de maneira determinista, ou seja, acreditava-se que a natureza era composta por peças como uma máquina, ou montada como um “Lego” e cada átomo era uma pecinha. Nessa concepção tudo na natureza já estaria pré-determinado, porque tudo funcionaria como uma máquina perfeita. Essa concepção não permitia a existência da escolha ou do livre-arbítrio e punha por terra qualquer espiritualidade, porque a espiritualidade está baseada na escolha e no livre-arbítrio. Sem livre-arbítrio, seríamos apenas fantoches na mão do destino e não teríamos responsabilidade. A física quântica revela que o universo não está pré-determinado e que existem fenômenos aleatórios como o imprevisível comportamento das partículas subatômicas. Sim, existem leis universais, mas nessas leis há espaço para o indeterminado, para o imprevisível e aleatório, permitindo a existência do livre-arbítrio. O interessante nesse caso é que foi a própria ciência materialista quem restituiu ao espiritualismo o status de factível. Espiritualismo que seria inverossímil em um universo determinista. Qual não foi o espanto de muitos cientistas ao observar que uma partícula “pulava” de cá pra lá e de lá pra cá sem que sua trajetória pudesse ser prevista. O universo não é uma máquina, na verdade ele mais parece um ser pensante. Hoje faz mais sentido falar de comportamentos e tendências do universo. Essa realidade mudou radicalmente a visão de alguns homens de ciência como foi o caso de Fritjof Capra e Amit Goswami, antes físicos materialistas, hoje, ativistas quânticos e espiritualistas.

Nesse novo universo o mais espantoso é o papel que a consciência exerce sobre a realidade. Antes éramos meros observadores, hoje, a realidade é considerada uma extensão da consciência. Acredita-se que a consciência joga um papel fundamental no comportamento quântico das partículas subatômicas. É como se fôssemos co-criadores da realidade, que se completa e se modifica com a participação do ser observador. Essa talvez essa seja uma das consequências mais dramáticas e difíceis de entender no que se refere a essa nova compreensão quântica da natureza. De fato, não podemos esclarecê-la nessas breves palavras, mas esperamos despertar o interesse dos leitores pelo aprofundamento nessas temáticas.

  • Breno Henrique de Sousa é paraibano de João Pessoa, graduado em Ciências Agrárias e mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal da Paraíba. Ambientalista e militante do movimento espírita paraibano há mais de 10 anos, sendo articulista e expositor.