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Em 2002, o mecânico da cidade mineira de Uberaba, que fica a 475 km da capital Belo Horizonte, teve o seu próprio momento de ’eureka’ quando encontrou a solução para iluminar a própria casa num dia de corte de energia. Claudio Conti comenta.

  • Data :09 Sep, 2013
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9 de setembro de 2013

Brasileiro inventor de ’luz engarrafada’ tem ideia espalhada pelo mundo

Gibby Zobel De Uberaba para o serviço mundial da BBC

Alfredo Moser poderia ser considerado um Thomas Edison dos dias de hoje, já que sua invenção também está iluminando o mundo.

Em 2002, o mecânico da cidade mineira de Uberaba, que fica a 475 km da capital Belo Horizonte, teve o seu próprio momento de ’eureka’ quando encontrou a solução para iluminar a própria casa num dia de corte de energia.

Para isso, ele utilizou nada mais do que garrafas plásticas pet com água e uma pequena quantidade de cloro.

Nos últimos dois anos, sua ideia já alcançou diversas partes do mundo e deve atingir a marca de 1 milhão de casas utilizando a ’luz engarrafada'.

Mas afinal, como a invenção funciona? A reposta é simples: pela refração da luz do sol numa garrafa de dois litros cheia d’água.

“Adicione duas tampas de cloro à água da garrafa para evitar que ela se torne verde (por causa da proliferação de algas). Quanto mais limpa a garrafa, melhor”, explica Moser.

Moser protege o nariz e a boca com um pedaço de pano antes de fazer o buraco na telha com uma furadeira. De cima para baixo, ele então encaixa a garrafa cheia d’água.

“Você deve prender as garrafas com cola de resina para evitar vazamentos. Mesmo se chover, o telhado nunca vaza, nem uma gota”, diz o inventor.

Outro detalhe é que a lâmpada funciona melhor se a tampa for encapada com fita preta.

“Um engenheiro veio e mediu a luz. Isso depende de quão forte é o sol, mas é entre 40 e 60 watts”, afirma Moser.

Apagões

A inspiração para a “lâmpada de Moser” veio durante um período de frequentes apagões de energia que o país enfrentou em 2002. “O único lugar que tinha energia eram as fábricas, não as casas das pessoas”, relembra.

Moser e seus amigos começaram a imaginar como fariam um sinal de alarme, no caso de uma emergência, caso não tivessem fósforos.

O chefe do inventor sugeriu na época utilizar uma garrafa de plástico cheia de água como lente para refletir a luz do sol em um monte de mato seco e assim provocar fogo.

A ideia ficou na mente de Moser que então começou a experimentar encher garrafas para fazer pequenos círculos de luz refletida.

Não demorou muito para que ele tivesse a ideia da lâmpada.

“Eu nunca fiz desenho algum da ideia”.

“Essa é uma luz divina. Deus deu o sol para todos e luz para todos. Qualquer pessoa que usar essa luz economiza dinheiro. Você não leva choque e essa luz não lhe custa nem um centavo”, ressalta Moser.

Pelo mundo

O inventor já instalou as garrafas de luz na casa de vizinhos e até no supermercado do bairro.

Ainda que ele ganhe apenas alguns reais instalando as lâmpadas, é possível ver pela casa simples e pelo carro modelo 1974 que a invenção não o deixou rico. Apesar disso, Moser aparenta ter orgulho da própria ideia.

“Uma pessoa que eu conheço instalou as lâmpadas em casa e dentro de um mês economizou dinheiro suficiente para comprar itens essenciais para o filho que tinha acabado de nascer. Você pode imaginar?”, comemora Moser.

Carmelinda, a esposa de Moser por 35 anos, diz que o marido sempre foi muito bom para fazer coisas em casa, até mesmo para construir camas e mesas de madeira de qualidade.

Mas parece que ela não é a única que admira o marido inventor.

Illac Angelo Diaz, diretor executivo da fundação de caridade MyShelter, nas Filipinas, parece ser outro fã.

A instituição MyShelter se especializou em construção alternativa, criando casas sustentáveis feitas de material reciclado, como bambu, pneus e papel.

Para levar à frente um dos projetos do MyShelter, com casas feitas totalmente com material reciclado, Diaz disse ter recebido “quantidades enormes de garrafas”.

“Nós enchemos as garrafas com barro para criarmos as paredes. Depois enchemos garrafas com água para fazermos as janelas”, conta.

“Quando estávamos pensando em mais coisas para o projeto, alguém disse: ‘Olha, alguém fez isso no Brasil. Alfredo Moser está colocando garrafas nos telhados’”, relembra Diaz.

Seguindo o método de Moser, a entidade MyShelter começou a fazer lâmpadas em junho de 2011. A entidade agora treina pessoas para fazer e instalar as garrafas e assim ganharem uma pequena renda.

Nas Filipinas, onde um quarto da população vive abaixo da linha da pobreza (de acordo com a ONU, com menos de US$ 1 por dia) e a eletricidade é muito cara, a ideia deu tão certo, que as lâmpadas de Moser foram instaladas em 140 mil casas.

As luzes ’engarrafadas’ também chegaram a outros 15 países, dentre eles Índia, Bangladesh, Tanzânia, Argentina e Fiji.

Diaz disse que atualmente pode-se encontrar as lâmpadas de Moser em comunidades vivendo em ilhas remotas. “Eles afirmam que eles viram isso (a lâmpada) na casa do vizinho e gostaram da ideia”.

Pessoas em áreas pobres também são capazes de produzir alimentos em pequenas hortas hidropônicas, utilizando a luz das garrafas para favorecer o crescimento das plantas.

Diaz estima que pelo menos um milhão de pessoas irão se beneficiar da ideia até o começo do próximo ano.

“Alfredo Moser mudou a vida de um enorme número de pessoas, acredito que para sempre”, enfatiza o representante do MyShelter.

“Ganhando ou não o prêmio Nobel, nós queremos que ele saiba que um grande número de pessoas admiram o que ele está fazendo”.

Mas será que Moser imagina que sua invenção ganharia tamanho impacto?

“Eu nunca imaginei isso, não”, diz Moser emocionado.

“Me dá um calafrio no estômago só de pensar nisso”.

Notícia publicada na BBC Brasil , em 13 de agosto de 2013.

Claudio Conti comenta*

Esta notícia é muito interessante e podemos analisá-la sob alguns pontos de vista diferentes, tais como o espírito que desenvolveu a ideia da “luz engarrafada” e as várias possibilidades de como ela surgiu, seja por elaboração pessoal ou incitado por outro espírito. Outra abordagem é a questão da condição do mundo neste momento de transição em que nos encontramos.

Desta forma, o conceito de utilização da iluminação natural nos suscita a pensar em igualdade social. Surge, então, a questão: COMO SERÁ O MUNDO DE REGENERAÇÃO?

Na parte terceira, Cap. IX, d’O Livro dos Espíritos , encontramos esclarecimentos sobre a relação entre o espírito, a sua encarnação e os outros. Este capítulo, intitulado “Lei de Igualdade”, traz os seguintes subitens:

  1. Igualdade natural;
  2. Desigualdade das aptidões;
  3. Desigualdades sociais;
  4. Desigualdade das riquezas;
  5. As provas de riqueza e de miséria;
  6. Igualdade dos direitos do homem e da mulher;
  7. Igualdade perante o túmulo.

Percebemos que, apesar do título estar relacionado com a igualdade, o capítulo explica sobre as desigualdades que percebemos ao nosso redor, o que, na primeira impressão, não é tão fácil de compreender.

A dificuldade de entendimento tem sua raiz nos pontos que consideramos em nossa avaliação, pois nossa análise, normalmente, é do ponto de vista material, na qual damos mais importância ao “ter” do que ao “ser”. A igualdade, portanto, está no “ser” e nas necessidades e oportunidades como espírito que todos somos, sendo que cada um tem necessidades específicas em cada momento, o que será manifesto através das desigualdades materiais.

O ponto fundamental é apresentado na questão 803:

“Perante Deus, são iguais todos os homens?

Sim, todos tendem para o mesmo fim e Deus fez Suas leis para todos.”

Portanto, Deus cuida de todos igualmente em suas necessidades evolutivas e a condição que nos encontramos é necessária para a própria evolução no momento presente.

Por outro lado, dentro da questão material, muito se tem a avaliar. Os espíritos responsáveis pela Codificação deixam muito claro na questão 808:

“A desigualdade das riquezas não se originará das faculdades, em virtude da qual uns dispõem de mais meios de adquirir bens do que outros?

Sim e não; e da astúcia e do roubo, que me dizeis?”

Esta resposta deve ser motivo de muita análise, dada a sua complexidade, para podermos compreender: quanto das riquezas de uma pessoa é decorrente de sua própria capacidade; quanto é decorrente de desvios de caráter, lesando outras pessoas e quanto ainda é aceito pelas leis humanas, ou melhor, pelo desvirtuamento destas leis?

As consequências das nossas ações não serão avaliadas segundo o comportamento geral, portanto não devemos nos basear no comportamento geral da população, mas baseado no que seja adequado ou não. Por isso que, na questão 803, apresentada anteriormente, fica claro que as “Leis são para todos” igualmente.

O processo evolutivo ocorre no coletivo, mas a evolução é individual. Assim, não se está atrelado à coletividade, pois se esta se mantém estagnada, o espírito que evoluiu segue o seu caminho em outros mundos, se for necessário.

Desta forma, devemos imaginar que a passagem do planeta Terra de “mundo de expiações e provas” para “mundo de regeneração” deverá ser uma questão de logística, isto é, se a maioria dos espíritos que habitam o orbe se transformarem, o mundo se transforma juntamente, caso contrário, os espíritos que evoluíram passariam para outro mundo, enquanto este, consequentemente permaneceria como está ou, o que seria pior, poderia se degenerar.

A degeneração da Terra como mundo, contudo, seria de ordem material e esta situação pode ser verificada ao se analisar as condições de habitabilidade do globo hoje e no futuro próximo, caso a humanidade continue com a atitude extrativista desordenada do globo e o desrespeito pelo ambiente em que vive e com os semelhantes.

Os espíritas, em geral, “sonham” com o mundo de regeneração, mas devemos nos perguntar como será o mundo de regeneração se este planeta chegar a esta condição.

Imaginamos um mundo de regeneração com alta tecnologia, moradia e conforto para todos, celulares, computadores, robôs fazendo o trabalho doméstico… Mas será assim? Não necessariamente.

No livro O Evangelho Segundo o Espiritismo , Cap. III - Há muitas moradas na casa de meu Pai, encontramos uma descrição de como são os mundos de regeneração:

“Mundos de regeneração: Ainda tem de suportar provas, porém, sem as pungentes angústias da expiação. Comparados a Terra, esses mundos são bastante ditosos e muitos dentre vós se alegrariam de habitá-los, pois que eles representam a calma após a tempestade, a convalescença após a moléstia cruel. Contudo, menos absorvido pelas coisas materiais, o homem divisa, melhor do que vós, o futuro…”

Certamente, então, o mundo de regeneração não será, necessariamente, caracterizado por alta tecnologia, pois a sua finalidade é voltada principalmente para o desenvolvimento moral e não o intelectual, etapa em que observamos no presente.

Portanto, materialmente falando, o mundo poderá ser, inclusive, menos adiantado.

Como exercício mental, poderemos perguntar: Qual seria a resposta da questão 808 se fosse elaborada em um mundo de regeneração? Poderíamos imaginar a seguinte resposta:

“A desigualdade das riquezas não se originará das faculdades, em virtude da qual uns dispõem de mais meios de adquirir bens do que outros?

Sim; contudo a finalidade principal de todas as atividades é estabelecer o bem geral, independente das possibilidades individuais.”

Obs: Este texto foi incialmente publicado em http://ccconti.com/Texto4/textos4.htm#texto22 .

  • Claudio Conti é graduado em Química, mestre e doutor em Engenharia Nuclear e integra o quadro de profissionais do Instituto de Radioproteção e Dosimetria - CNEN. Na área espírita, participa como instrutor em cursos sobre as obras básicas, mediunidade e correlação entre ciência e Espiritismo, é conferencista em palestras e seminários, além de ser médium pscógrafo e psicifônico (principalmente). Detalhes no site www.ccconti.com .