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‘Na pornografia ninguém faz amor, todo mundo faz o ódio’, declarou Gail Dines. Embora nem todos expressem suas opiniões de forma tão radical, quando se trata desse tema, o consenso entre a maioria parece ser de que pornografia não é algo bom. Jorge Hessen comenta.

  • Data :15 Jul, 2013
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15 de julho de 2013

Cineasta gera polêmica ao dizer que pornografia faz bem à sociedade

Dalia Ventura Da BBC Mundo

“Na pornografia ninguém faz amor, todo mundo faz o ódio”, declarou a feminista Gail Dines.

E embora nem todos expressem suas opiniões de forma tão radical, quando se trata desse tema, o consenso entre a maioria parece ser de que pornografia não é algo bom.

Entra em cena a cineasta feminista Anna Arrowsmith, que há alguns anos vem defendendo a opinião contrária: “A pornografia é boa para a sociedade”, ela diz.

Na indústria do chamado “cinema adulto”, Arrowsmith, conhecida como Anna Span, se destaca por ser a primeira britânica a dirigir um filme pornô, a produção Eat me/Keep Me , lançado em 1999.

Mas a defesa da pornografia não parece responder a um mero interesse comercial da cineasta, que no momento não está fazendo cinema.

Anna Span disse à BBC que sua missão é incentivar mais gente a entrar no mundo da pornografia.

Dinheiro e Libertação

Devido à sua posição um tanto quanto polêmica, Span é, volta e meia, convidada a participar de debates sobre o assunto. No mais recente, ocorrido em Londres, ela enfrentou nada mais nada menos do que um dos símbolos do movimento feminista na Grã-Bretanha hoje: a escritora e acadêmica Germaine Greer.

Span não tinha motivos para se intimidar. Ela é formada na prestigiosa escola de arte Central Saint Martin’s School of Art and Design, em Londres, tem mestrado em Filosofia pelo Birkbeck College e atualmente faz um curso para receber um diploma em Estudos de Gênero na University of Sussex.

Ela define os filmes que faz como “pornografia feminista”.

“Eu era contra a pornografia. Mas um dia, na década de 80, estava caminhando por Soho (área no centro de Londres onde há uma grande concentração de sex-shops e casas de strip tease) e enquanto olhava as lojas e bares me dei conta de que minha raiva era mais inveja”, contou Span. “Eu tinha inveja da liberdade dos homens. Suas necessidades sexuais eram atendidas de tantas formas diferentes! Foi assim que me converti a favor da indústria do sexo”.

“Sou pró pornografia porque não ser é entregar o sexo e a visualização do sexo aos homens”.

A feminista Germaine Greer discorda.

Em entrevista à BBC, ela argumentou que pornografia “tem a ver com dinheiro, não libertação. A obscenidade tem um papel importante na arte, assim como na arte erótica, mas a pornografia estritamente falando não é mais do que uma maneira de fazer dinheiro”, disse.

‘Literatura da Prostituição’

Para Greer, o problema com a pornografia é que “é uma indústria imensa, que move enormes quantidades de dinheiro. E sempre foi assim, porque a pornografia é a literatura da prostituição”.

Greer esclareceu que sempre advogou que a sexualidade seja incorporada na narrativa da vida cotidiana, em vez de ser confinada a uma indústria.

Esse também parece ser o objetivo de Span. No entanto, ela não se incomoda que o ponto de partida para que se alcance esse objetivo seja essa indústria.

“Parte do meu trabalho é normalizar a pornografia”, ela explicou. “As feministas antipornografia dizem que isso é perigoso, mas quanto mais normal ela for, mais peso terá a influência das mulheres na indústria e mais elas aprenderão sobre o sexo. Para mim, isso é totalmente positivo”.

Defesa da Pornografia

Em primeiro lugar, a cineasta diz que a pornografia serve para manter os casais unidos.

“Por exemplo, quando um dos parceiros tem uma libido mais alta, a pornografia preenche aquela lacuna, evitando que aquele que sente mais necessidade tenha que aborrecer o outro, ir satisfazer seu desejo sexual em outra parte ou terminar a relação”.

“Em segundo lugar, ela liberalizou nossas atitudes em relação à atividade sexual. Até pouco tempo, particularmente entre as mulheres, havia um sentimento de vergonha se faziam algo que não era convencional”.

A pornografia estaria, portanto, desempenhando um papel educador: cada vez mais mulheres têm acesso à pornografia, aprendem e entendem mais. O conhecimento traz consigo a liberdade.

Porém, refutam alguns nomes de peso do movimento feminista, o efeito pode ser completamente oposto.

Elas temem que agora as mulheres se vejam obrigadas a fazer coisas que não querem fazer, a se comportar e se ver de uma maneira que esteja de acordo com a imagem que esse tipo de filme mostra.

“Do meu ponto de vista, essa visão subestima a força da mulher. Essas críticas vêm de uma posição feminista que considera a mulher uma vítima. Para mim, esse ponto básico do argumento é incorreto”, responde Span.

Estatísticas divulgadas em 2008 pela empresa multinacional de pesquisa de comportamento Nielsen revelaram que 30% dos consumidores de pornografia na internet são mulheres.

“É uma questão de escolha. Queremos evitar que as mulheres façam coisas ou incentivá-las a correr riscos?”

“Além disso, muitas jovens hoje estão mais à vontade com sua sexualidade e sabemos que nos países onde há mais liberdade sexual as mulheres têm mais direitos sociais.”

“Se eu mostrasse um mapa do mundo no qual os lugares em que a pornografia foi proibida estivessem pintados com uma outra cor, mas sem explicar por que, você poderia pensar que aquele era um mapa dos países onde os direitos da mulher são mais restritos”.

“Quem alega que agora as mulheres são obrigadas a fazer coisas que não querem, parte do pressuposto de que o sexo é mau. Na minha opinião, é mais complicado do que isso: é mau mas também é bom e muitas outras coisas. Temos de desenvolver melhor nossa atitude nesse campo”.

Democratização do Corpo

“Em terceiro lugar, a pornografia democratiza o corpo. Contrastando com qualquer outro gênero cultural, ela tem uma apreciação muito ampla, especialmente da figura feminina. Infelizmente, quando representada pela indústria convencional, a imagem sempre é de uma ruiva com seios grandes etc”.

“O que o radar não detecta é que 50% do mercado é amador, assim, todos os tipos de corpo estão representados”.

“Sempre digo às mulheres, o que quer que seja que não gostam no seu corpo, escrevam a palavra em um site de buscas e acrescentem ao lado a palavra ‘pornô’. Vão encontrar uma quantidade de sites visitados por gente que pensa que aquilo é a coisa mais atraente que existe”, aconselhou Span.

“A mídia convencional poderia aprender muito com a pornografia nesse sentido e eu acredito que as mulheres estão representadas de forma mais honesta e com mais equidade na pornografia”.

A pornografia para mulheres é celebrada anualmente durante o Feminist Porn Awards, um evento que premia filmes pornográficos feitos por mulheres e dirigidos ao público feminino, realizado em Toronto, no Canadá.

E cada vez mais cineastas mulheres participam do festival de cinema pornô realizado em Berlim, na Alemanha.

“Estamos mudando a indústria por dentro, aos poucos. Quando eu comecei, os atores eram poucos e não muito atraentes. Me esforcei muito para atrair novos atores”.

“Agora, os atores pornô sentem responsabilidade de cuidar de seu corpo, querem se ver bem. E isto é para o público feminino”.

Notícia publicada na BBC Brasil , em 14 de maio de 2013.

Jorge Hessen comenta*

O léxico define a pornografia como ação ou representação que ataca ou fere o pudor, a moral ou os bons costumes. A sexualidade explícita e sugestiva tem uma longa história, é uma manifestação de “arte” ancestral. Há registros de imagem da nudez e da sexualidade humana na era paleolítica(1). Arqueólogos alemães encontraram, em abril de 2005, um desenho de cerca de 7200 anos de um homem sobre uma mulher, sugerindo fortemente um ato sexual. A figura masculina foi batizada de Adônis Von Zschernitz, todavia, entendemos que a imagem descoberta tinha um significado, digamos, mais “místico”.

Presentemente não há nada de espiritual na efígie pornográfica. O abuso de conteúdo erótico de fácil e rápido acesso na web e outros meios de comunicação permitem que as pessoas sejam expostas regularmente à excitação da sexualidade e tem instituído na mente incauta uma visão distorcida da carga genésica. Quem duvida que a pornografia é a exaltação da prostituição? Todavia, há aqueles que sob o guante do delírio abonam a pornografia como sendo “boa para a sociedade”.(2) (!?…)

Em verdade, o uso abusivo da erótica, de coisas consideradas obscenas, geralmente de caráter sexual (livro, revista, filme, novas mídias etc.) com intenção de provocar excitação sexual, também tem sido cada vez mais entronizado na arte cinematográfica. Atualmente a pornografia é uma indústria poderosa, que degrada e desumaniza homens e mulheres e movimenta vários bilhões de dólares. “Estudiosos da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, acreditam que o uso excessivo de pornografia online está criando uma geração de “homens desajustados”. O psicólogo Philip Zimbardo acredita que as pessoas estão criando “vícios de excitação”, deixando-os incapazes de conviver sadiamente no mundo real e desenvolver relacionamentos benfazejos”, segundo reportagem  do jornal Daily Mail.(3)

Pesquisas recentes indicam que um número expressivo de crianças e adolescentes são bombardeados com cenas erotizantes desde tenra idade e têm acesso às obscenidades frequentemente por meio das novas tecnologias. Sim! a Internet potencializou a indústria pornográfica, que fatura hoje pelo menos vinte vezes mais do que nas décadas de 1980 e de 1990.

Na web são aproximadamente 30 mil usuários por segundo acessando conteúdos eróticos; são mais de 1 bilhão (isso mesmo! 1 bilhão) de downloads de material pornográfico a cada mês. Há estudos demonstrando que, em menos de quatro anos, mais lares foram destruídos pela pornografia do que o comparativo dos últimos 50 anos. Isso acontece sem distinção de nacionalidade, cor, etnia ou credo religioso. A Pedofilia, por exemplo, considerada a mais grave infração permeada pela web, tem fortalecido um transtorno, inigualável, aos jovens e crianças. Alguns inescrupulosos negociantes da indústria do sexo usam métodos parecidos com o tráfico de drogas. Primeiro oferecem gratuitamente os conteúdos. Posteriormente começam a cobrar. Aliás, é desse jeito que o império das ilusões e da criminalidade tem florescido.

Tal como das drogas, o mercado pornográfico é um dos mais lucrativos mercados da história. Larry Flynt, empresário e dono do império Hustler, retratado por Milos Forman e Oliver Stone no filme “O povo contra Larry Flynt”, Bob Guccione, da revista Penthouse, e Hugh Hefner, dono do Império Playboy, compõem alguns desses milionários da exploração da fantasia sexual. Obviamente, uma fatia gigantesca desse mercado é dominada pelo crime organizado.

Como se não bastasse toda essa degradação dos valores morais, atualmente nas telenovelas, igualmente a habilidade artística e o enredo abarcando os personagens deram lugar à exposição de corpos desnudos e relacionamentos impregnados de volúpia erótica, que dão a conotação de cenas de sexo explícito; até mesmo nos programas vespertinos, dedicados a um público entre infantil e adolescente as cenas são altamente apelativas.

A pornografia sugerida na mente é como o combustível junto à fogueira do desejo sexual primitivo, resultando em pensamentos e apelos instintivos desequilibrados. Tem um efeito crescente, qual uma droga; o viciado precisa de mais e mais para atender o indômito desejo. Sim, doentes e viciados, pois o mecanismo psíquico da pornografia é o mesmo do alcoolismo. Clínicas psiquiátricas e psicológicas, de atendimento desses problemas (sexomania), já estão sendo espalhadas pelo planeta. E terapeutas familiares têm travado um combate intenso nos lares.

Assim como um usuário de drogas é levado a consumir quantidades maiores e mais poderosas de entorpecentes, a pornografia arrasta o ser humano, levando-o a pesados vícios sexuais e desejos animalizados. Como se percebe, estamos diante de viciados do sexo que se expõem no tablado dos prazeres, na qualidade de servos ridículos em revistas de sexo explícito ou em filmes eróticos, desandando-se em ídolos da pornografia e da lubricidade hipocondríaca. O meretrício de crianças e adolescentes se avulta, em face da fadiga dos corrompidos que exigem “carnes novas para os apetites selvagens que os consomem. É compreensível que aumentem as estatísticas das enfermidades dilaceradoras como o câncer, a tuberculose, as cardiovasculares, a AIDS, outras sexualmente transmissíveis, as infecções hospitalares, dentre diversas, acompanhadas pelos transtornos psicológicos”.(4)

As buscas das imagens eróticas criam um tônus de frequência mental onde se sintonizam espíritos em estado de desequilíbrios sexuais. Os obsessores mantêm a imagem da lascívia na mente, repetindo ininterruptamente para estabelecer um circuito de luxúria e conduzir de volta o obsedado à pornografia.

Infelizmente, a maioria das pessoas desconhece a intervenção espiritual na vida física. Contudo, essas influências são constantes em nossas mentes em forma de pensamentos e, consequentemente, em ações. Grande parte dos vícios humanos é potencializada por influências obsessivas e até subjugações espirituais, ocasionando amplos transtornos para os viciados em fantasias pornográficas.

É uma perversão tão grave que tem destruído famílias e levado muitas pessoas a transtornos de complicada etiologia. A pornografia transforma os seres em objetos sexuais.

Um levantamento na União Europeia (UE), por exemplo, concluiu que 25% das pessoas, com idades entre 9 e 16 anos, já tinham visto imagens de cunho sexual. “E em 2010, uma pesquisa na Grã-Bretanha revelou que quase um terço dos jovens com idades entre 16 e 18 anos havia visto fotos de natureza sexual em celulares, na escola, mais de uma vez por mês. A National Association of Head Teachers (Associação Nacional de Diretores de Escolas) da Grã-Bretanha está fazendo uma campanha sobre o impacto da pornografia com o objetivo que crianças e adolescentes sejam educados de maneira apropriada à idade.”(5)

O tema proposto não é tão simples. Muitos pais entram em pânico quando encontram pornografia no computador dos filhos. Sabem que pode ser um campo minado e muitos não sabem o que fazer ou o que dizer. Cremos que escolas, instituições religiosas e os pais devem trabalhar juntos, a fim de conscientizar as crianças, os jovens e os adolescentes sobre perigos que envolvem o aviltamento da sexualidade.

Toda prudência se faz necessária quanto à conduta que temos diante dos filhos, pois facilmente criamos neles uma boa ou má impressão. Tudo, até o próprio tom com que lhes falamos, em certas circunstâncias, pode influenciá-las. Deve causar surpresa o fato de nelas se desenvolverem vícios dos quais se ignora a fonte? Uma criança pode aprender a doçura com pais que se deixam dominar pelas paixões? Pode adquirir sentimentos nobres com pais vulgares? Pode adquirir as virtudes sociais com pais que não as têm? Sem falar dos vícios mais palpáveis, está aí uma série de observações minuciosas que contribuem essencialmente para a formação do moral dos nossos filhos.

Experimentamos na sociedade os reflexos das escolhas íntimas. Ou modificamos as opções infelizes de comportamento, ou reencarnaremos sob débitos, em face da soma das perversidades cunhadas e mantidas pela invigilância. Não podemos nos omitir ante a onda de promiscuidades, pornografias e corrupção moral. Nada justifica ficarmos indiferentes e imóveis diante do acelerado aniquilamento dos valores cristãos. Resgataremos obrigatoriamente a indiferença e inércia diante desse cenário preocupante do envilecimento do sexo.

Existe um divino Código que há dois mil anos vigora na Terra; Código que pode transformar o planeta quando exercitado entre os homens. Trata-se do Evangelho de Jesus. Inspiremo-nos nele.

Referências:

(1) Refere-se ao período da pré-história, que vai de cerca de 2,5 milhões a.C., quando os antepassados do homem começaram a produzir os primeiros artefatos em pedra lascada, até cerca de 10000 a.C.;

(2) Disponível em http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/05/130513_pornografia_ beneficios_mv.shtml?s >, acessado em 25/06/2013;

(3) Disponível em http://tecnologia.terra.com.br/internet/pornografia-online-levara-homem-a-extincao-diz-professor,aafbfe32cdbda310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html](http://tecnologia.terra.com.br/internet/pornografia-online-levara-homem-a-extincao-diz-professor,aafbfe32cdbda310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html)> , acessado em 21/06/2013;

(4) Mensagem psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na manhã de 19 de Maio de 2009, na residência de Josef Jackulak, em Viena, Áustria. Disponível no site da Federação Espírita do Paraná, em http://www.feparana.com.br/cartao.php?msg=598&cat=3 >, acessado em 27/06/2013;

(5) Disponível em http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/11/121106_pornografia_ educacao_sexual_mv.shtml?print=1 >.

  • Jorge Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal lotado no INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (dois livros publicados), Jornalista e Articulista com vários artigos publicados.