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Após receber enxurrada de cartas de pessoas seriamente preocupadas com teorias que preveem o fim do mundo no dia 21 de dezembro de 2012, a agência espacial americana (Nasa) resolveu ‘desmentir’ esses rumores na internet. Breno Henrique de Sousa comenta.

  • Data :19 Dec, 2012
  • Categoria :

17 de dezembro de 2012

Nasa desmente ‘fim do mundo’ e alerta sobre suicídios

Após receber uma enxurrada de cartas de pessoas seriamente preocupadas com teorias que preveem o fim do mundo no dia 21 de dezembro de 2012, a agência espacial americana (Nasa) resolveu “desmentir” esses rumores na internet.

Nesta quarta-feira (dia 28), a Nasa fez uma conferência online com a participação de diversos cientistas. Além disso, também criou uma seção em seu website para desmentir que haja indícios de que um fim do mundo esteja próximo.

Segundo o astrobiologista David Morrison, do Centro de Pesquisa Ames, da Nasa, muitas das cartas expondo preocupações com as teorias apocalípticas são enviadas por jovens e crianças.

Alguns dizem até pensar em suicídio, de acordo com o cientista, que também mencionou um caso, reportado por um professor, de um casal que teria manifestado intenção de matar os filhos para que eles não presenciassem o apocalipse.

“Estamos fazendo isso porque muitas pessoas escrevem para a Nasa pedindo uma resposta (sobre as teorias do fim do mundo). Em particular, estou preocupado com crianças que me escrevem dizendo que estão com medo, que não conseguem dormir, não conseguem comer. Algumas dizem que estão até pensando em suicídio”, afirmou Morrison.

“Há um caso de um professor que disse que pais de seus alunos estariam planejando matar seus filhos para escapar desse apocalipse. O que é uma piada para muitos e um mistério para outros está preocupando de verdade algumas pessoas e por isso é importante que a Nasa responda a essas perguntas enviadas para nós.”

Calendário maia

Um desses rumores difundidos pela internet justifica a crença de que o mundo acabará no dia 21 dizendo que essa seria a última data do calendário da civilização maia.

Outros rumores são inspirados em textos do escritor Zecharia Sitchi, dos anos 70. Segundo tais rumores, documentos da civilização Suméria, que povoou a Mesopotâmia, preveriam que um planeta se chocaria com a Terra. Alguns chamam esse planeta de Nibiru. Outros de Planeta X.

“A data para esse suposto choque estava inicialmente prevista para maio de 2003, mas como nada aconteceu, o dia foi mudado para dezembro de 2012, para coincidir com o fim de um ciclo no antigo calendário maia”, diz o site da Nasa.

Sobre o fim do calendário maia, a Nasa esclarece que, da mesma forma que o tempo não para quando os “calendários de cozinha” chegam ao fim, no dia 31 de dezembro, não há motivo para pensar que com o calendário maia seria diferente – 21 de dezembro de 2012 também seria apenas o fim de um ciclo.

A agência espacial americana enfatiza que não há evidências de que os planetas do sistema solar “estejam se alinhando”, como dizem algumas teorias, e diz que, mesmo que se isso ocorresse, os efeitos sobre a Terra seriam irrelevantes. Também esclarece que não há indícios de que uma tempestade solar possa ocorrer no final de 2012 e muito menos de que haja um planeta em rota de colisão com a Terra.

“Não há base para essas afirmações”, diz. “Se Nibiru ou o Planeta X fossem reais e estivessem se deslocando em direção à Terra para colidir com o planeta em 2012, astrônomos já estariam conseguindo observá-lo há pelo menos uma década e agora ele já estaria visível a olho nu”, diz o site da Nasa.

Notícia publicada na BBC Brasil , em 30 de novembro de 2012.

Breno Henrique de Sousa comenta*

Será o fim do mundo?

De fato, este é um tema muito polêmico e com a proximidade do 21 de dezembro de 2012, aumenta a expectativa sobre o assunto e, por isso, é preciso também aumentar a cautela porque existem pessoas oportunistas que se aproveitam destas grandes comoções para tirar proveito pessoal. No mercado editorial temos uma chuva de livros sobre o assunto, além de uma enxurrada de páginas na Internet que tratam do assunto.

Como sabemos, as especulações giram em torno do calendário Maia, uma civilização que detinha muitos conhecimentos astronômicos: “Os maias desenvolveram uma escrita hieroglífica, semelhante a usada no Egito. Na matemática possivelmente desenvolveram o conceito do “zero” séculos antes do Velho Mundo. Na astronomia mapearam as fases e cursos de diversos corpos celestes, especialmente da Lua e Vênus. O calendário Maia é considerado um dos mais precisos de todos os utilizados” . O fim do calendário Maia marca o fim de um ciclo de aproximadamente 5.126 anos. Não se sabe por que eles não continuaram o calendário a partir desta data, provavelmente não tiveram tempo, pois esta civilização entrou em colapso, alguns dizem que mesmo antes da chegada dos colonizadores, por causa de extensa seca que levou a fome e a guerra. Porém, esta interrupção gerou espaço para inúmeras especulações, dentre elas, a de que seria a data do fim do mundo. Afinal, são os próprios descendentes dos Maias quem esclarecem o assunto afirmando de que se trata de uma mudança de ciclo e não do fim do mundo.(1)

Previsões com datas precisas sobre o fim do mundo sempre falharam, neste link abaixo(2) você poderá ver 10 previsões falhas de fim de mundo. Neste link(3) a NASA desmente as especulações sobre o fim do mundo em 2012 e esclarece que muitas teorias sobre o planeta Nibiru, inversão dos pólos, alinhamento com o centro da galáxia, são burlas virtuais descabidas de sentido.

Um aspecto fundamental sobre este tema está na visão espírita sobre as predições e presciência do futuro. Esse aspecto é bem tratado no livro “A Gênese” de Allan Kardec (Cap. XVI – Teoria da Presciência). Esse é um tema fundamental para o Espiritismo porque se relaciona com a visão sobre fatalidade e livre-arbítrio que é um princípio basilar da doutrina. Sim! Somos capazes de prever acontecimentos futuros em circunstâncias especiais. Esta predição não significa que o futuro esteja pré-definido de maneira absoluta, mas, apenas, que alguns acontecimentos estão encadeados na ordem natural e que, em dadas condições, algumas pessoas podem prever espontaneamente estes fatos.

Porém, é muito improvável prever acontecimentos com detalhes específicos como data e hora. Determinados fatos estão propensos a acontecer, porém a forma particular e o momento em que se realizam estão sujeitos ao livre-arbítrio do homem:

“Pode, portanto, ser certo o resultado final de um acontecimento, por se achar este nos desígnios de Deus; como, porém, quase sempre, os pormenores e o modo de execução se encontram subordinados às circunstâncias e ao livre-arbítrio dos homens, podem ser eventuais as sendas e os meios. Está nas possibilidades dos Espíritos prevenir-nos do conjunto, se convier que sejamos avisados; mas, para determinarem lugar e data, fora mister conhecessem previamente a decisão que tomará este ou aquele indivíduo. Ora, se essa decisão ainda não lhe estiver em mente, poderá, tal venha ela a ser, apressar ou demorar a realização do fato, modificar os meios secundários de ação, embora o mesmo resultado chegue sempre a produzir-se. É assim, por exemplo, que pelo conjunto das circunstâncias, podem os Espíritos prever uma guerra que se acha mais ou menos próxima, que é inevitável, sem, contudo, poderem predizer o dia em que começará, nem os incidentes pormenorizados que possam ser modificados pela vontade dos homens”. (“A Gênese”, Cap. XVI, 13.)

Os Espíritos, na condição de erraticidade, podem mais facilmente prever os acontecimentos, interferir em nossas vidas, porém deve-se desconfiar daqueles que dão informações muito precisas:

Os Espíritos, que formam a população individual do nosso globo, onde eles já viveram e onde continuam a imiscuir-se na nossa vida, estão naturalmente identificados com os nossos hábitos, cuja lembrança conservam na erraticidade. Poderão, por conseguinte, com maior facilidade, determinar datas aos acontecimentos futuros, desde que os conheçam; mas, além de que isso nem sempre lhes é permitido, eles se veem impedidos pela razão de que, sempre que as circunstâncias de minúcias estão subordinadas ao livre-arbítrio e à decisão eventual do homem, nenhuma data precisa existe realmente, senão depois que o acontecimento se tenha dado. (“A Gênese”, Cap. XVI, 16.)

A respeito de acontecimentos catastróficos e possíveis cataclismos, é preciso ter consciência de que tais acontecimentos fazem parte de um ciclo natural geológico de um planeta. Catástrofes como o meteoro que caiu no golfo do México, levando à extinção dos dinossauros, são fenômenos comuns no relógio geológico. Novidade é a presença do homem na Terra, muito recente quando comparada com a idade da mesma. Estamos aqui há bem pouco tempo e assim mesmo já passamos por grandes cataclismos como tsunamis, terremotos, erupções vulcânicas, furacões e secas que levam a óbito milhares de vidas todos os anos.

Estas catástrofes têm sido ainda mais agravadas pela intervenção do homem na natureza, causando desequilíbrios que agravam e ampliam as catástrofes naturais. Não devemos ser apocalípticos e pregar uma extinção repentina da humanidade, mas também não devemos negligenciar as consequências de nossos desmandos sobre o meio ambiente. Civilizações já foram aniquiladas no passado por exaurirem os recursos naturais. Neste sentido, nos alertam sempre os espíritos sobre as graves consequências, que de certa forma já estão ocorrendo e que seguirão ampliando-se, desenrolando um panorama preocupante. Porém, é preciso enfatizar que não temos nenhuma ameaça de destruição em massa iminente, como alguma tempestade solar, apagões globais, queda de meteoros ou planeta Nibiru.

O mundo também passa por revoluções culturais; o mundo árabe clama por democracia, a informática mudou o perfil das comunicações e interatividade no planeta, trazendo a reboque um estrondoso desenvolvimento em todas as áreas do conhecimento humano. Podemos dizer que estamos passando por revoluções tão importantes como foi a descoberta do fogo e da imprensa para a humanidade. Basta que você faça pessoalmente uma retrospectiva de como era o mundo na sua infância e como ele se encontra hoje para vislumbrar a dimensão e importância deste período.

Há uma conjuntura de fatores sociais, culturais, ambientais, espirituais sem precedentes na história da humanidade e que deixa evidente uma fase importante de transição, que já está se estabelecendo e que foi prevista pelos espíritos em “A Gênese” (Cap. XVIII – São Chegados os Tempos.)

Isto nos leva a crer, pelos fatos que já se apresentam, que provavelmente o fim de um ciclo no calendário Maia pode representar um período de intensas mudanças que marca a inauguração de um novo mundo, algo que já estava também na Codificação Espírita, mas sem a necessidade de especificar datas pelos motivos já expostos. Neste sentido, muitos livros de autores espiritualistas têm concordado com o fato de que trata-se de uma transição, ética, cultural, espiritual, que passa por um período mais acentuado para estabelecer-se, mas que não representa um evento cataclísmico em uma data específica. A progressão dos mundos é um assunto tratado no Cap. III de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. Pela escala didática ali estabelecida, estamos em transição entre um mundo de “provas e expiações” para um mundo de “regeneração”. Esta transição, apesar de ser marcada por um período intenso de mudanças, não acontece do dia para a noite, e serão necessárias algumas gerações para que ela seja mais efetiva.

De duas maneiras se executa esse duplo progresso: uma, lenta, gradual e insensível; a outra, caracterizada por mudanças bruscas, a cada uma das quais corresponde um movimento ascensional mais rápido, que assinala, mediante impressões bem acentuadas, os períodos progressivos da Humanidade. Esses movimentos, subordinados, quanto às particularidades, ao livre-arbítrio dos homens, são, de certo modo, fatais em seu conjunto, porque estão sujeitos a leis, como os que se verificam na germinação, no crescimento e na maturidade das plantas. Por isso é que o movimento progressivo se efetua, às vezes, de modo parcial, isto é, limitado a uma raça ou a uma nação, doutras vezes, de modo geral.

O progresso da Humanidade se cumpre, pois, em virtude de uma lei. Ora, como todas as leis da Natureza são obra eterna da sabedoria e da presciência divinas, tudo o que é efeito dessas leis resulta da vontade de Deus, não de uma vontade acidental e caprichosa, mas de uma vontade imutável. Quando, por conseguinte, a Humanidade está madura para subir um degrau, pode dizer-se que são chegados os tempos marcados por Deus, como se pode dizer também que, em tal estação, eles chegam para a maturação dos frutos e sua colheita. (“A Gênese”, Cap. XVIII, Item 2.)

Assim, nos despreocupemos das datas precisas e de um extermínio apocalíptico. Mas não nos esqueçamos da importância deste momento de transição e das consequências dos desmandos do homem sobre a natureza. Catástrofes naturais fazem parte das revoluções naturais do planeta, cabe a nós não agravá-las e buscar os meios de atenuar os riscos e mortes decorrentes destes fenômenos.

Neste momento de transição é preciso manter o equilíbrio e trabalhar pela humanidade para evitar mais sofrimentos e angústias. O Espiritismo tem oferecido amplo subsídio de conhecimentos e consolações, munindo-nos de recursos para manter o equilíbrio e a serenidade.

(1) http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI5995786-EI238,00-Maias+explicam+confusao+no+calendario+mundo+nao+vai+acabar.html ;

(2) http://hypescience.com/fim-do-mundo-10-previsoes-fracassadas-do-apocalipse ;

(3) http://www.nasa.gov/topics/earth/features/2012.html .

  • Breno Henrique de Sousa é paraibano de João Pessoa, graduado em Ciências Agrárias e mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal da Paraíba. Ambientalista e militante do movimento espírita paraibano há mais de 10 anos, sendo articulista e expositor.