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Embora inevitável, e a despeito do número de idosos em franco crescimento, a morte é negada, escondida e silenciada. Há muito esforço para melhorar a qualidade de vida, mas e a qualidade da morte? Por que os governos ignoram a demanda social por uma boa morte? Luiz Gustavo C. Assis comenta.

  • Data :09/11/2012
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9 de novembro de 2012

A (falta de) educação para a morte

Morre-se de medo de falar da morte - um paradoxo. Embora inevitável, e a despeito do número de idosos em franco crescimento, a morte é negada, escondida e silenciada. Há muito esforço para melhorar a qualidade de vida, mas e a qualidade da morte? Por que os governos ignoram a demanda social por uma boa morte?

Por Inês Castilho

Um estudo recente da revista inglesa The Economist revela que se morre mal no mundo e muito pior no Brasil. A partir de um Índice de Qualidade da Morte, que exclui mortes violentas e acidentais, foram pesquisados 40 países, 30 da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico e outros dez com dados disponíveis.

O Brasil ficou em 38º lugar, à frente apenas de Uganda e da Índia. A Inglaterra - pioneira nos movimentos pela morte consciente, desde os anos 60 - ficou em primeiro. Embora não seja computado como tal, o grau de cuidado com a morte também poderia compor o índice de desenvolvimento humano.

“Com tanta tecnologia, acaba todo mundo na UTI, entubado e reanimado três vezes, um despropósito. A pessoa tem câncer, derrame, diabetes, tem 80 anos e está na UTI. Mas só se deveria mandar para ela quem tem condições de sair com alta”, afirma Valdir Reginato, médico de família e professor de Bioética e Medicina e Espiritualidade na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Prolongar a vida enquanto for possível alimenta indústrias e corporações, médicos, cientistas, hospitais e tecnólogos.

“O momento da morte requer não uma medicina de intervenção, mas de cuidado com a dor, com a alimentação, com a higiene, com a pele sensível e com a locomoção”, diz a professora Júlia Kovacs, coordenadora do Laboratório de Estudos sobre a Morte, da Faculdade de Psicologia da USP, e autora de Educação para a Morte - Temas e Reflexões . Entretanto, os tempos mudaram. “O idoso depende do cuidado familiar, mas as famílias são cada vez menores.”

“Não tendo educação para a morte, a gente dá um jeitinho. O brasileiro acha que vai ser malandro o suficiente para driblar a morte”, diz, sorrindo, a médica Ana Cláudia Arantes, especialista em Cuidados Paliativos e uma das fundadoras da Casa do Cuidar, que trabalha com assistência a pacientes e formação de profissionais.

Ana Cláudia ressalta que, ao cursar medicina na USP, não teve nem meia hora de aula sobre tanatologia, o estudo da morte. “Fui aprender com o Livro Tibetano do Viver e do Morrer , que ensina os sinais da morte.” Não há espaço para o sofrimento em uma sociedade que preza somente a beleza, a juventude, a felicidade.

Cuidados paliativos

Reconhecido em 2011 como subespecialidade da oncologia, da geriatria e da pediatria, Cuidados Paliativos é o campo da medicina que trata dos cuidados no fim da vida. Contempla a prevenção e o controle do sofrimento nas dimensões biológica, familiar, emocional, social e espiritual.

“O alicerce é o controle do físico, da dor, da falta de ar, dos problemas intestinais e da fadiga, para permitir à pessoa a expressão de outras dores: solidão, culpa, medo, raiva, ansiedade, tristeza. Trabalhamos em cima da autonomia do paciente e da intermediação com a família em seu benefício”, explica Ana Cláudia.

O conceito de assistência paliativa pressupõe cuidados familiares, atendimento domiciliar e programas hospitalares. “O importante é o não prolongamento arbitrário da vida, para a pessoa poder morrer em paz. Não tem UTI nem ressuscitação, mas também não se vai dar uma injeção para a pessoa morrer”, diz Júlia Kovacs. “Se ela já professa uma fé, é preciso escutar as questões que surgem nessa hora. Não dogmatizar, mas conversar, escutar.”

Para a psicóloga, além de formar profissionais e informar o público, é preciso melhorar a política de distribuição de opiáceos no país. “Morfina, hoje, só na fase terminal”, diz ela.

A médica Ana Cláudia confirma: “O consumo de morfina no Brasil é muito abaixo da média. Na Inglaterra é de 6,6 mg per capita, aqui é de 2,2 mg. Precisamos de mais formação e menos preconceito de que vicia ou acelera a morte. Diante da dor e da falta de ar, o opiáceo forte é a única alternativa”, afirma.

“O médico tem medo de aumentar a dose do analgésico porque está sob a pressão do direito, tem medo de ser processado”, admite Valdir Reginato.

Continuidade e separação

Na natureza não há fim sem começo: tudo é continuidade, não separação. “A matéria circula de forma contínua através da teia da vida”, ensina Fritjof Capra em Vida Sustentável . Por que, então, seria a morte o fim de tudo, a aniquilação, como é percebida em nossa cultura?

O filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860) ironizou a aflição humana num texto famoso, Metafísica da Morte , observando: “O não-ser após a morte não pode ser diferente daquele anterior ao nascimento, mas a infinidade que fluiu quando ainda não éramos não nos aflige de modo algum”.

O budismo também reconhece a natureza cíclica e contínua da existência de todos os fenômenos e “nos inspira a incluir a morte na vida”, ressalta Bel César, psicóloga que cuida de pacientes terminais. “Chegamos a esse ponto de não cuidar do futuro do planeta porque perdemos a noção de continuidade. Estamos viciados na relação com o exterior, nos falta contato interno.”

Rito de passagem

Como a morte é um dado da vida, é importante que os filhos vejam seus pais falecerem em paz, de modo a assimilar e a poder confiar nessa continuidade.

“Quem está morrendo ensina para quem assiste como é o processo. Este deixa de ser rabo para virar cabeça, é o próximo da fila. Trabalho com consciência de que aquela morte vai influenciar toda uma linhagem familiar”, diz Bel. Para ela, autora de Morrer Não se Improvisa , a boa morte é aquela sem arrependimento: é preciso se preparar para a morte.

Ana Cláudia concorda. “Mamãe tem seis meses de vida? Pois não se trata só de colocar um batom e dar uma ajeitadinha no cabelo. Há gestos de amor e reconciliações que podem ser feitos na hora da saída”, diz ela, com senso de humor peculiar.

“Às vezes o paciente está sem pulso, sem pressão, inconsciente, e não morre”, ressalta a médica. “O que está pendente? É hora de dizer ‘vai tranquilo, eu cuido para você, no seu lugar’. Em alguns pacientes a gente percebe que a morte não foi legal. Em outros, a gente vê a família inteira de olho vermelho, mas sorrindo. Se teve amor, tem dor…”

Bel gosta de recordar o ensinamento do lama Gelek Rimpoche, um dos mestres atuais do budismo tibetano. “Podemos nos preparar para a morte como para uma viagem: se nos prepararmos com antecedência, teremos chance de lembrar tudo que queremos levar. O que você quer levar?”

Quando eu for, não quero ir com raiva, insatisfação ou arrependimento, nem apego. Quero ir como um pássaro que levanta voo do topo da montanha, sem ninguém segurando meus pés, nenhuma carga nas costas. Quero ir como um espírito livre."

Direito de decidir

Os profissionais de Cuidados Paliativos diferenciam seu trabalho da eutanásia (quando o médico atua para dar fim à vida de um paciente, a pedido deste) e do suicídio assistido (quando médicos ou outros proveem os meios para pacientes terminarem a própria vida). A palavra eutanásia, de origem grega, significa literalmente “boa morte” e é vista por muitos como o direito de pacientes terminais a uma morte digna.

O debate, tão polêmico quanto o da interrupção da gravidez, ganhou um novo capítulo em janeiro passado, quando a Comissão Britânica para Suicídio Assistido defendeu que médicos possam ajudar doentes terminais a morrer. Ativistas em “defesa da vida” rejeitam uma mudança na legislação inglesa, que prevê penas de até 14 anos pela prática de eutanásia.

Mas a Justiça da Inglaterra sabe evitar esses processos: nenhum dos mais de 30 casos entendidos como suicídio assistido, desde 2009, foi a julgamento. Na maior parte do mundo, inclusive no Brasil, a interrupção da vida acaba acontecendo de modo sigiloso, quando os médicos não veem alternativa.

A tendência encontra eco nos Estados Unidos, onde o cinema popularizou a história do médico Jack Kevorkian, conhecido como Dr. Morte por ter ajudado 130 doentes terminais a morrer. Condenado por homicídio em 1999, Kevorkian cumpriu oito anos de prisão até obter liberdade condicional, em 2007. Morreu em 2011, não sem antes ver sua imagem recuperada nos filmes You Don’t Know Jack (Você Não Conhece Jack), com Al Pacino, e o documentário Kevorkian , ambos do HBO.

A eutanásia é legal em três países da Europa: em 2002, a Holanda aprovou lei que permite a pessoas sofrendo insuportavelmente requerer a eutanásia e protege os médicos que fazem os procedimentos, desde que sigam um protocolo rígido. A Bélgica adotou o sistema no mesmo ano e Luxemburgo o fez em 2009.

Na Suíça, o suicídio assistido - não a eutanásia - é legal desde 1941. Holanda e Luxemburgo também permitem o suicídio assistido. Os Estados de Oregon e Washington, nos EUA, permitem a adultos residentes se administrarem drogas letais prescritas por médico. No discreto Uruguai o “homicídio piedoso” é legal desde 1930.

A eutanásia não existe no Brasil. Já o suicídio assistido é tipificado no artigo 122 do Código Penal como a prática de “induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça”, e prevê de um a seis anos de prisão.

Contrária à eutanásia, a Igreja Católica deu à Campanha da Fraternidade de 2008 o tema “Escolhe, pois, a vida”, contra o aborto e a eutanásia. De dentro dela, porém, se levantaram vozes para defender práticas piedosas. A ONG Católicas pelo Direito de Decidir, integrada por feministas cristãs, respondeu com um manifesto em que questiona a “defesa da vida”. “Por que uma pessoa deve ser obrigada a sofrer, condenando-se o acesso livre e consentido a uma morte digna pelo recurso à eutanásia?”, pergunta o manifesto.

História de Nilce

Nilce Helena Carvalho é médica e música. Radiologista, dedica-se a doenças vasculares congênitas. Pianista, integra, com os dois filhos, o conjunto de música instrumental Baião de Cinco. A história da morte de sua mãe, a cearense Maria Nilce Carvalho, é exemplo do equívoco da obstinação terapêutica sem possibilidade de retorno.

“Um ano depois de morrer, encontramos escritos antigos dela se despedindo”, conta Nilce Helena. “Mamãe morreu no dia que escolheu. Vivia falando ‘relaxos’, os ditados populares do Ceará: ‘Comigo dá tudo certo’ e ‘Sou nova ainda, eu aprendo’. A gente dizia que ela era um anjo. ‘Mas anjo de uma asa só, que só voa abraçado ao outro’, respondia.”

Dois anos antes, Maria Nilce se desfez de tudo o que tinha, conta a filha. “Aos 81 anos levou um tombo e quebrou a coluna, a bacia e o braço direito. Ficou quase um ano sendo cuidada, ela que sempre cuidou. Tornou-se mais introspectiva. Então, sentiu o intestino e descobriram um câncer grande. Foi operada no dia seguinte. Era junho de 2010. Faleceu em outubro. Em quatro meses sofreu quatro cirurgias”.

“Minha mãe era evoluída, tinha preparo interno. Superou muitas dores emocionais. Mas dizia sempre: ‘Não me deixem sentir dor’. A sedação era limitada para preservar o fígado e o rim. Os médicos não conseguiam ver o ser, a pessoa. ‘Meu filho, deixa eu explicar, estou cansada. Não me faça mais nenhuma cirurgia. Meu corpo está se desintegrando. Está na hora, quero morrer’, falava”.

“Os médicos, o hospital e o aparato tecnológico só faziam perturbar seu encaminhamento”, afirma Nilce Helena. “Estava com obstrução intestinal e eles diziam ‘vamos investir, vamos investir’. Eu estava desesperada, tinha entrado em atrito com os amigos que escolhi a dedo para cuidar dela. Pedi pelo amor de Deus para sedarem minha mãe. ‘Sabe o que significa essa sedação?’, perguntou um deles. ‘Eutanásia. Dá prisão.’”

“Deu tudo errado, até que chamamos a pessoa de Cuidados Paliativos. Sou médica, eu via que não tinha mais solução. Ela estava preparada, lúcida, devia ser dona da própria vontade. Queriam suspender a música que ela adorava: ‘Sou caipira, Pirapora, Nossa Senhora de Aparecida’. ‘Quero ir descansar, mamãe, mamãe’, chorava. Foi horrível ver uma mulher forte, espiritualizada, destruída desse jeito.”

“Estava cercada pela família. Ela teve o que muitos não têm. Um dia os netos foram tocar no hospital. Começou a falar que queria morrer no dia de Nossa Senhora Aparecida. Quando a médica de Cuidados Paliativos entrou e sedou-a, ela relaxou, dormiu. Sem medicação, não se alimentava mais, respirava só com cateter de oxigênio. Mas não morria. Passei a noite de 11 para 12 de outubro ao lado dela. Botei música e dizia ‘pode ir, está tudo bem’. De manhã chegaram meus irmãos e fui descansar. Morreu com os filhos e netos em volta, todo mundo se abraçando, orando. Só eu não estava. Dormia, sonhando com ela.”

Matéria publicada na Revista Planeta , em fevereiro de 2012.

Luiz Gustavo C. Assis comenta*

A matéria acima destacada nos traz uma questão antiga e, ao mesmo tempo, muito atual: a preparação para a morte. É claro que este tema deveria ser uma preocupação de todos, pois como nos dizem os ditados populares: “Para morrer só basta estar vivo” ou “A única certeza da vida é a morte”. Contudo, conforme percebemos, este não é um tema muito discutido em nossa sociedade, mas vem sendo trazido, constantemente, à discussão por causa dos debates éticos e dos problemas de várias famílias que passam por situações delicadas e sérias.

Destacamos, a princípio, que não nos aprofundaremos aqui sobre a eutanásia e sobre a ortotanásia, temas citados na reportagem, mas na Educação para a Morte. Aos leitores que quiserem se aprofundar nos temas Eutanásia e Ortotanásia, recomendamos alguns textos publicados em nosso site e que tratam dos assuntos à luz do Espiritismo, entre eles:

- Juiz libera suspensão de tratamento de doente terminal no Brasil

- Professora argentina apela por ‘morte digna’ da filha de dois anos

- Suicídio reacende debate sobre eutanásia na França

- Câmeras acompanham os últimos quatro dias de vida de um paciente que se submeteu à eutanásia

Assim, a questão que nos surge, primeiramente, quando lemos o texto da reportagem é: sendo a morte uma certeza, por que não nos preparamos para ela?

A própria reportagem nos traz a resposta, quando cita a médica Ana Cláudia Arantes dizendo que não há espaço para o sofrimento numa sociedade que preza somente a beleza, a juventude e a felicidade. A questão é que ainda vivemos muito presos ao hoje, ao agora e às ilusões do mundo material. Vivemos como se não houvesse amanhã e não nos preparamos para a “grande viagem”. Dessa forma, na maior parte das vezes não estamos preparados nem para o momento da passagem para o mundo espiritual e nem para o que vamos encontrar lá.

Além disso, falar de morte em nossa sociedade é algo tétrico, pesado e ruim, quando deveria ser o contrário. Falar da morte deve ser falar de algo natural, já que é algo que irá acontecer com todos. Afinal, quando uma criança vai nascer, é costume preparar a sua chegada comprando um bercinho, arrumando o quarto do bebê, entre outras coisas. Por que não nos prepararmos, também, para a morte do corpo físico, que é a outra face do viver?

Portanto, estimados leitores, devemos nos preparar para a morte, sim, sendo salutar debater os limites éticos de algumas práticas da medicina e discutir até que ponto é válido reanimar um corpo, apenas para tê-lo preso a uma UTI, vivendo, muitas vezes, vegetativamente. Devemos discutir, inclusive no nosso meio espírita, questões sobre os limites da ortotanásia, e se é válido ficarmos fazendo sofrer uma pessoa, reanimando-a indefinidamente, quando o corpo físico já não possui condições de viver. Nós, espíritas, somos completamente contra a Eutanásia e nem devemos cogitar essa saída, de forma nenhuma, isso é indiscutível, mas devemos saber aceitar e respeitar a hora da desencarnação quando ela chega. Devemos nos educar para morrer.

O fato é que essas são questões extremamente relevantes porque surgiram com o advento da medicina moderna. Antigamente, quando uma pessoa estava próxima da morte era levada para casa, se despedia de todos, e morria naturalmente. Hoje, somos levados a uma UTI e ficamos sendo reanimados até, realmente, não restar mais o que fazer. Não há qualidade de morte, conforme nos informa a matéria.

Por isso, todos nós, espíritas-cristãos, devemos nos aprofundar no tema procurando, inclusive, conhecer mais as possibilidades dos tratamentos paliativos que devem ser dados aos pacientes terminais. Isto é caridade. Quantas pessoas sofrem em hospitais, podendo ter abrandados os seus sofrimentos com medidas simples? Estudemos, conscientizemo-nos da necessidade de ajudar os nossos moribundos, lembrando sempre a exortação de Bernardino, Espírito protetor, em “O Evangelho segundo o Espiritismo”: “Todos estais na Terra para expiar; mas, todos, sem exceção, deveis esforçar-vos por abrandar a expiação dos vossos semelhantes, de acordo com a lei de amor e caridade”.

Para nós, espíritas, frente a tudo isso, surge, ainda, uma confirmação: se as pessoas não estão se preparando nem para a hora da morte, que é uma certeza, imagine se preparar para a vida após a morte do corpo físico, em que nem todos creem. Entretanto, a educação para a morte deve passar por isso também, prepararmo-nos para retornar à vida verdadeira, a vida espiritual.

Assim, em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, o espírito Pascal, no texto “A verdadeira propriedade”, nos fala que devemos nos preparar para a desencarnação como nos preparamos para uma viagem, e que não levamos nessa viagem nada que é do corpo, apenas o que é do espírito: a inteligência, os conhecimentos e as qualidades morais. Além disso, informa-nos, também, que quando chegarmos à vida verdadeira seremos recebidos de acordo com as nossas “riquezas” espirituais. Vejamos, ipsis litteris, o que nos ensina este espírito:

“Ao viajante que chega a um albergue, bom alojamento é dado, se o pode pagar. A outro, de parcos recursos, toca um menos agradável. Quanto ao que nada tenha de seu, vai dormir numa enxerga. O mesmo sucede ao homem, à sua chegada no mundo dos Espíritos: depende dos seus haveres o lugar para onde vá. Não será, todavia, com o seu ouro que ele o pagará. Ninguém lhe perguntará: Quanto tinhas na Terra? Que posição ocupavas? Eras príncipe ou operário? Perguntar-lhe-ão: Que trazes contigo? Não se lhe avaliarão os bens, nem os títulos, mas a soma das virtudes que possua. Ora, sob esse aspecto, pode o operário ser mais rico do que o príncipe. Em vão alegará que antes de partir da Terra pagou a peso de ouro a sua entrada no outro mundo. Responder-lhe-ão: Os lugares aqui não se compram: conquistam-se por meio da prática do bem. Com a moeda terrestre, hás podido comprar campos, casas, palácios; aqui, tudo se paga com as qualidades da alma. És rico dessas qualidades? Sê bem-vindo e vai para um dos lugares da primeira categoria, onde te esperam todas as venturas. És pobre delas? Vai para um dos da última, onde serás tratado de acordo com os teus haveres”.

Dessa maneira, procuremos nos preparar tanto para a hora da morte do corpo físico quanto para a nossa chegada ao Mundo Espiritual. Busquemos praticar a caridade, amarmo-nos uns aos outros e adquirirmos as “moedas” que nos serão úteis na vida futura.

Sugerimos, aos nossos leitores, para terminar, e como medida útil a todos, para começarmos a nos preparar/educar para o período da transição que a morte significa, a leitura do Evangelho de Jesus e das obras básicas do espiritismo, escritas por Allan Kardec.

  • Luiz Gustavo C. Assis é psicólogo, trabalhador do Centro Espírita Maranhense, em São Luís do Maranhão, e da equipe do Espiritismo.net.