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Analisando censos colhidos desde o século 19, o estudo identificou uma tendência de aumento no número de pessoas que afirma não ter religião na Austrália, Áustria, Canadá, República Checa, Irlanda, Finlândia, Holanda, Nova Zelândia e Suíça. Darlene Polimene Caires comenta.

  • Data :02 Jul, 2011
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Estudo indica que religião pode ser extinta em 9 países ricos

Uma pesquisa baseada em dados do censo e projeções de nove países ricos constatou que a religião poderá ser extinta nessas nações.

Analisando censos colhidos desde o século 19, o estudo identificou uma tendência de aumento no número de pessoas que afirma não ter religião na Austrália, Áustria, Canadá, República Checa, Finlândia, Irlanda, Holanda, Nova Zelândia e Suíça.

Através de um modelo de progressão matemática, o estudo, divulgada em um encontro da American Physical Society, na cidade americana de Dallas, indica que o número de pessoas com religião vai praticamente deixar de existir nestes países.

“Em muitas democracias seculares modernas, há uma crescente tendência de pessoas que se identificam como não tendo uma religião; na Holanda, o índice foi de 40%, e o mais elevado foi o registrado na República Checa, que chegou a 60%”, afirmou Richard Wiener, da Research Corporation for Science Advancement, do departamento de física da Universidade do Arizona.

O estudo projetou que na Holanda, por exemplo, até 2050, 70% dos holandeses não estarão seguindo religião alguma.

Modelo

A pesquisa seguiu um modelo de dinâmica não-linear que tenta levar em conta fatores sociais que influenciam uma pessoa a fazer parte de um grupo não-religioso.

A equipe constatou que esses parâmetros eram semelhantes nos vários países pesquisados, resultando na indicação era de que a religião neles está a caminho da extinção.

“É um resultado bastante sugestivo”, disse Wiener.

“É interessante que um modelo tão simples analise esses dados…e possa sugerir uma tendência”.

“É óbvio que cada indivíduo é bem mais complicado, mas talvez isso se ajuste naturalmente”, disse ele.

Notícia publicada na BBC Brasil , em 22 março de 2011.

Darlene Polimene Caires comenta*

Em busca de subsídios para meu comentário, deparei-me com uma infinidade de textos ateus, religiosos e filosóficos. A diversidade de ideias era tanta que em determinado momento vi-me diante de questões deveras inquietantes: Qual é o papel da religião? Há necessidade de religião?

O termo religião *“(do latim: religare, significando religação com o divino) é um conjunto de crenças sobre as causas, natureza e finalidade da vida e do universo, especialmente quando considerada como a criação de um agente sobrenatural, ou a relação dos seres humanos ao que eles consideram como santo, sagrado, espiritual ou divino.” * (fonte: Wikipedia)

Mesmo recuando aos tempos mais remotos da presença Humana neste orbe, encontramos uma grande necessidade de procura pelo sagrado, do divino, da existência de um ser superior. Quando o Homem começou a tratar a terra, existiam cultos aos fenômenos da natureza para celebrar e agradecer as colheitas fartas e também para prover as futuras.

Com o passar do tempo, a relação do Homem com esse ser superior também se foi modificando. À medida que a raça humana evoluía, o seu deus mudava de forma e utilidade. Entretanto, o homem ainda mantinha uma necessidade de adorar um ser superior a ele, até que em determinado momento ele começou a questionar-se: Quem sou? De onde venho? Para onde vou?

Com esses questionamentos, foram sendo construídos diversos tipos de pensamentos e filosofias, sempre tentando encontrar respostas para essas grandes incógnitas. Os sábios e os profetas encarregaram-se de respondê-las. Muitos deles assumiram o audaz papel de porta-vozes do além, e intuídos mediunicamente, falavam de outro mundo que não era este plano físico, da existência da vida após a morte do corpo e que o Homem havia sido criado por um ser superior. Cada povo deu um nome diferente a esse ser superior e em consequência disso vieram as religiões. Com elas começaram as divergências de como era esse mundo, como chegar até ele, o que acontecia após a morte. As crenças religiosas dependiam da cultura e dos costumes de cada povo. A maioria dos povos era politeísta, isto é, acreditava em vários deuses.

Os Hebreus, antigo nome dos Judeus, eram os únicos monoteístas e por isso assumiram-se como o “povo eleito de Deus”. Com o nascimento, vida e morte de Jesus Cristo, o Judaísmo deixou de ser a única religião monoteísta, surgindo o Cristianismo que professava o mesmo Deus dos Judeus, mas com uma reformulação nas Leis Mosaicas. Cerca de cinco séculos depois, nasceu em Meca Maomé e com ele o Islão, religião que reconhece Jesus como mais um profeta de Deus. Maomé ao escrever o Corão, livro Sagrado dos Muçulmanos, tornou-se o maior profeta do Islamismo.

A Igreja Católica, fundada no século I, deteve o poder do Cristianismo por mais de quinze séculos, até que Martin Lutero discordando de algumas práticas Católicas encabeçou um movimento que levou ao Protestantismo. A partir de então foram criadas uma infinidade de religiões, mas algumas se tornaram um comércio em nome de Deus e de Cristo com distorções dos ensinamentos contidos nos Evangelhos.

Se Jesus nos ensinou como bem viver para bem morrer e como poder usufruir de um mundo melhor depois da morte, como explicar certos rituais, dogmas e comercialização de dádivas em nome de Deus? Como por exemplo comprar terrenos no céu, trocar de anjo da guarda, barganhar com Deus através do dízimo, promessas, peregrinações? Como evocar espíritos que predizem o futuro e que nos prometem o amor perfeito, o emprego perfeito?

E então como é que tantas religiões tão diferentes entre si podem conviver e ajudar no progresso moral da nossa sociedade? O Professor Gilvan Hansen (ICHF-UFF), numa palestra sobre “Habermas e as Religiões”, nos diz: “Um equívoco é que se costuma pensar que consenso é sinônimo de uniformidade do pensamento. Só há possibilidade de consenso pelo dissenso. As religiões são fundamentais nesse dissenso. Cada uma dessas vozes na sociedade tem o seu espaço, tem o seu papel, desde que não queira se colocar como a verdade, como o bem, como uma absolutização”.

A religião nos ensina como viver em sociedade, ética e moralmente, desenvolvendo a solidariedade, o amor, o respeito, enfim a compaixão. “A verdadeira religião é aquela que nos prepara para enfrentar os problemas.” (André-Zech)

Para Pestalozzi, “a verdadeira religião, não é outra coisa senão a moralidade.”

De acordo com o dicionário Aurélio, Moral é o “conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, éticas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupos ou pessoa determinada” , ou seja, regras estabelecidas e aceitas pelas comunidades humanas durante determinados períodos de tempo. E Ética “busca fundamentar o bom modo de viver pelo pensamento humano.” (fonte: Wikipedia)

Provavelmente, a descrença que existe é devida aos dogmas ainda enraizados, ao inferno e céu eternos, ao pensamento retrógrado e conservador em detrimento de um pensamento lógico, racional, apoiado na ciência. A educação voltada ao materialismo que atualmente é feita, leva também as pessoas a desiludirem-se e a negar a religiosidade inerente a elas mesmas, delegando ao plano do irreal o que é natural.

“Para os espíritas a religião natural é a única que realmente satisfaz a razão, porque é uma inerência da alma humana, porque Deus está na Natureza em suas Leis perfeitas. A religiosidade espírita não depende de formalidades, mas sim, de moralidade.” (Bernardino da Silva Moreira)

E segundo Léon Denis: “O espiritismo não é a religião do futuro, mas o futuro das religiões” .

  • Darlene Polimene Caires é professora aposentada e participa das atividades do Centro Espírita Nosso Lar, em Londrina, no Paraná.