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Traços de falta de empatia em crianças podem ser um sinal de comportamentos antissociais e violentos no futuro, segundo dados da Associação Americana para o Avanço da Ciência, em Washington. Sergio Rodrigues comenta.

  • Data :15 Jun, 2011
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Escâner e avaliações em crianças podem apontar ‘tendência de comportamento violento’

Traços de falta de empatia em crianças podem ser um sinal de futuros comportamentos antissociais e violentos, apontam dados apresentados nesta semana na conferência anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência, em Washington.

Segundo pesquisadores, o escaneamento do cérebro e avaliações precoces podem ajudar a identificar e tratar esses traços e a prever problemas de conduta.

Para Nathalie Fontaine, professora assistente de justiça criminal da Universidade de Indiana, “crianças com altos níveis de traços de falta de empatia (callous-unemotional ) e problemas de conduta entre 7 e 12 anos tendem a desenvolver hiperatividade e a viver em um ambiente caótico”. Isso, diz ela, é um risco potencial para a psicopatia em adultos.

“Se identificarmos essas crianças cedo, podemos ajudar a elas e a suas famílias” a prevenir comportamentos severamente antissociais, declarou Fontaine na conferência, segundo apresentação obtida pela BBC Brasil.

O jornal The Daily Telegraph cita estudos do professor e criminoligista britânico Adrian Raine que apontam que criminosos e psicopatas têm áreas do cérebro – como a amídala e o córtex pré-frontal – reduzidas.

Essas áreas controlam nossos impulsos, nossa cooperação social e nossas noções de moral.

Raine disse na conferência em Washington, segundo o Telegraph , que a ausência do medo da punição, que pode ser medida em bebês, também seria um indicativo de futuros comportamentos antissociais, e defende a importância de medições que identifiquem isso.

Riscos e ética

Fontaine, no entanto, enfatizou que suas descobertas não significam que algumas crianças com falta de empatia necessariamente se tornarão delinquentes, mas que a identificação precoce desses traços pode ajudá-las a lidar com o risco de comportamento antissocial.

Para ela, punições podem não ser eficazes para lidar com o problema. Uma possível solução é reforçar o comportamento positivo dessas crianças, em vez de castigar o negativo.

A pesquisadora examinou dados de mais de 9 mil gêmeos nascidos na Grã-Bretanha entre 1994 e 96, e cerca de um quarto deles apresentou níveis altos ou oscilantes de empatia.

De acordo com a apresentação de Fontaine, níveis ascendentes de falta de empatia estão associados a mais problemas comportamentais ao longo do crescimento.

Os dados analisados por ela indicam que os traços de falta de empatia derivam, na maioria das vezes, de influências genéticas, principalmente em meninos. Mas, no caso das meninas, fatores ambientais parecem exercer influência significativa.

Por isso, ela faz a ressalva de que suas conclusões se beneficiariam de avaliações desses fatores ambientais ou de risco, como negligência ou abuso infantil.

Segundo o Telegraph , a conferência abordou também as implicações éticas de se tratar crianças antes que elas tenham de fato feito algo errado, mas, para Raine, as causas biológicas do comportamento não podem ser ignoradas.

“Temos que buscar as causas do crime tanto nos níveis biológicos e genéticos como nos sociais”, disse o especialista.

Notícia publicada na BBC Brasil , em 24 de fevereiro de 2011.

Sergio Rodrigues comenta*

É claro que a pesquisa em questão, com suas conclusões, tem o seu valor. Contudo, é preciso reconhecer que diz a verdade pela metade, incompleta, pois não parte do ser integral (corpo físico, perispírito e espírito), limitando-se ao campo material, o que, aliás, é característico da ciência terrena. Certamente, os cientistas que a ela se dedicaram ignoram a realidade do espírito imortal e que os valores morais, como o comportamento social, são atributos do espírito e não resultado unicamente da conformação do organismo físico. É certo, também - o Espiritismo reconhece esta circunstância - que o organismo físico transitório exerce forte influência no modo como o espírito se comporta numa encarnação. Como a execução de um trabalho depende da ferramenta apropriada, o espírito necessita de uma organização física em condições de lhe propiciar a exteriorização de suas conquistas. O corpo físico é o instrumento de manifestação das faculdades espirituais e da exteriorização da sua personalidade, personalidade esta que vem sendo construída ao longo de suas existências. Do mesmo modo, o meio em que vive influencia o comportamento do homem, contribuindo, por vezes de modo decisivo, nas escolhas que venha a fazer durante a vida física.

Dessa realidade, contudo, não se pode concluir que certas faculdades morais e intelectuais tenham a sua fonte no desenvolvimento do cérebro, entendimento que somente pode encontrar amparo na doutrina materialista. É a negação do princípio inteligente estranho à matéria, fazendo do homem, por consequência, uma máquina sem livre-arbítrio. Não teria ele mérito por suas virtudes nem culpa por seus atos equivocados, uma vez que a responsabilidade de seu proceder seria atribuída à sua organização física. Injusto seria puni-lo por faltas que não dependeu dele cometer e que resultaram da imperfeição dos órgãos físicos.

Sobre esse tema, Kardec nos deixou um texto bastante elucidativo, que pode ser encontrado na Revista Espírita, de julho de 1860, intitulado “A frenologia e a fisiognomonia”, cuja leitura recomendamos, para um melhor entendimento do assunto.

  • Sergio Rodrigues é espírita e colaborador do Espiritismo.Net.