Carregando...

  • Início
  • Mãe põe filha na dieta aos 2 anos: “Não queria uma criança gorda”

Aly Gilardoni decidiu impedir que sua filha ficasse acima do peso. Estabeleceu uma dieta e, mesmo quando ela precisava comer 1700 calorias diárias para se desenvolver, limitava sua alimentação a apenas 700. Marcia Leal Jek comenta.

  • Data :14 Nov, 2010
  • Categoria :

Mãe põe filha na dieta aos 2 anos: “Não queria uma criança gorda”

Com 107 quilos, a britânica Aly Gilardoni decidiu impedir a todo custo que sua filha, Corleigh, ficasse acima do peso. Estabeleceu uma dieta desde que a criança tinha 2 anos de idade e, mesmo quando ela precisava comer 1700 calorias diárias para se desenvolver, limitava sua alimentação a apenas 700. “Estar acima do peso dominou a minha vida. Não quero que Corleigh seja como eu”, teria dito Aly, segundo reportagem do tabloide britânico Daily Mail .

A mãe está sendo acusada de descontar seus problemas na filha, que hoje tem 8 anos, e submetê-la a uma dieta de fome. Aly defende-se dizendo que fez o que fez para proteger a filha. “Não quero uma criança gorda. Sou obcecada por sua aparência. Quero que ela seja bonita e popular, algo que ela não seria se estivesse acima do peso”, afirma.

Corleigh já aderiu à obsessão da mãe: está sempre olhando para o espelho. Aly Gilardoni até se sente culpada pelo que faz com a filha, mas coloca a aparência acima de tudo.

O psiquiatra Christian Jessen alertou para o perigo de Corleigh ter deficiências nutricionais e problemas como osteoporose. Ela também corre o risco de desenvolver anorexia.

Aly demonstra não ter ideia do risco a que está expondo sua filha: “Você pode superar um transtorno alimentar com terapia. Mas, se você é gordo, vai ser gordo a vida toda”, disse.

É fato que a obesidade apresenta riscos para a saúde por aumentar as chances de desenvolver doenças cardíacas e diabetes, entre outras. Mas a anorexia é um problema gravíssimo: 20% dos pacientes morrem por complicações da doença. E seu tratamento não é nada simples, como Harriet Brown, cuja filha teve anorexia, contou ao Mulher 7×7 .

Mas antes de tachar Aly de louca ou desnaturada por se preocupar tanto com a dieta da filha talvez valha a pena perguntar: que pai ou mãe nunca se preocupou que o filho/filha anda comendo demais e pode ficar obeso?

O tempo em que criança “fofinha” era criança “saudável” realmente ficou para trás e agora os pais lutam para encontrar um equilíbrio entre incentivar os filhos a se alimentar bem – e evitar a anorexia e a desnutrição – e incentivar os filhos a controlar o apetite – e evitar a obesidade e os problemas dela decorrentes. Comecei a pensar sobre o assunto depois de ler o comentário de Cátia, uma leitora do 7×7. Ela conta o seguinte:

“Estou acima do peso há sete anos. Após um acidente de carro fiquei na cama por muito tempo e ganhei muito peso. Não quero que minha filha passe por isso e às vezes a proíbo de comer. Não comida, claro, mas pão, essas coisas, principalmente à noite. Digo para ela não comer porque, senão, vai ficar enorme. Mas tenho medo que, diante disso, ela pare de comer. Preciso de ajuda.”

Cátia, espero que este post a ajude. Criar os filhos dentro de uma dieta restritiva, como fez a britânica, realmente não é uma boa saída. Tampouco ajuda ensiná-los a contar calorias ou ficar se olhando no espelho. Isso pode aumentar a preocupação das crianças com relação à aparência – o que pode gerar problemas, a anorexia entre eles.

Talvez a estratégia mais eficiente seja incentivar os filhos a ter uma vida ativa, cheia de brincadeiras que gastam energia de forma divertida, e ensiná-los a gostar de alimentos saudáveis, como frutas, verduras e legumes. Imagino que será mais fácil fazê-los brincar do que comer brócolis, mas buscar um estilo de vida saudável parece ser a melhor forma de deixar de lado o medo da obesidade sem cair numa obsessão pela aparência. Brincar com as crianças e incentivá-las a praticar esportes é mais divertido e tem menos riscos do que ensiná-las a se preocupar com qualquer coisa que se assemelhe com um pneuzinho ou com as calorias que estão ingerindo.

Um ponto importante para fazer o plano dar certo é dar o exemplo. Não é fácil, é verdade. Aly, por exemplo, confessou ao jornal inglês que, enquanto dava saladinhas para a filha, comia o que tinha vontade. Mas servir de exemplo, mesmo que derrapando lá e aqui, é bem mais honesto – com você e com seu filho – do que esperar as crianças dormirem para atacar aquele hambúrguer com milkshake.

E você, como conversa com seu filho sobre alimentação e aparência? Você tem alguma dica para ajudar a nossa leitora Cátia?

Matéria publicada na Revista Época , em 22 de outubro de 2010.

Marcia Leal Jek comenta*

Essa notícia mexeu com a opinião de muitas pessoas. Temos os que são favoráveis e outros desfavoráveis à atitude desta mãe. Mas por que Aly pensa desta forma: “Não quero que Corleigh seja como eu. Não quero uma criança gorda. Sou obcecada por sua aparência. Quero que ela seja bonita e popular, algo que ela não seria se estivesse acima do peso”?

Será excesso de amor maternal? Ela precisa ter um corpo bonito para ser feliz? A aparência é acima de qualquer coisa?

O amor é ação, não apenas um sentimento que se nutre por alguém. Ele dá sentido às nossas vidas. É o combustível que nos anima. O Amor é a verdadeira fonte de inspiração do ser humano.

Não há laço mais forte que o amor existente entre mãe e filho, mas precisamos tomar cuidado com este amor para não ir muito além.

A questão do embelezamento corporal, conforme mencionada na matéria, revela o cárcere emocional que milhões de pessoas estão vivenciando na sociedades modernas, e um desses cárceres está ligado a auto imagem.

Não devemos somente valorizar o corpo físico, mas saber como viver com ele.

A reencarnação(1) é a oportunidade que Deus concede aos seus filhos para que possam reparar seus erros, próprios da imperfeição humana, e o corpo material é instrumento de manifestação do Espírito encarnado.

Com isso, é uma obrigação do espírito encarnado zelar pela conservação de sua organização física.

Mas o mais importante é buscarmos, dentro de nós mesmos, uma convicção pessoal a respeito. Somente o progresso moral pode assegurar aos homens a felicidade na Terra.

Aly deve sim se preocupar com o corpo de sua filha, mas não colocar como exclusividade, deve colocar em primeiro lugar a educação moral.

Sobre a responsabilidade dos pais, afirma Kardec(2) “… quando produzis um corpo, a alma que nele se encarna vem do espaço para progredir; sabei vossos deveres e colocai todo vosso amor em aproximar essa alma de Deus: é a missão que vos está confiada”.(3)

Devemos combater às ervas daninhas das imperfeições, plantando as boas sementes das virtudes no coração dos filhos, para que elas germinem no futuro e não cultivem a vaidade e a dependência ao corpo físico.

A ausência de valores morais leva o espírito a buscar caminhos ásperos e dolorosos traçados pela ignorância. O egoísmo, a vaidade, a ambição são monstros devoradores das oportunidades de elevação e progresso espiritual.

Fontes:

(1) A palavra réincarnation, em Francês, foi criada por Allan Kardec na segunda metade do Século XIX, e traduzida por sábios da época por reincarnation, em Inglês, e, para o Português, reencarnação, cujo significado etimológico em todas essas línguas é ação de novo na carne, isto é, retorno do espírito a um novo corpo;

(2) Hyppolyte Leon Denizard Rivail (Allan Kardec), nasceu em 3 de outubro de 1804, em Lion, França;

(3) Terceira das cinco obras que constituem a base da Codificação Espírita, O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. XIV, item 9 – A ingratidão dos filhos e os laços de família.

  • Marcia Leal Jek estuda o Espiritismo há mais de 25 anos e é trabalhadora do Centro Espírita Francisco de Assis, em Jacaraipe, Serra, ES.