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Estudo neozelandês, da Universidade de Otago, publicado na revista Child Development, investigou a capacidade linguística de 48 crianças com 5 anos e meio de idade - 23 delas tinham amigos ‘invisíveis’. Sonia Maria Ferreira da Rocha comenta.

  • Data :09/09/2009
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Amigos imaginários melhoram linguagem da criança, diz estudo

da Reuters , em Wellington (Nova Zelândia)

Pais, não se preocupem: os amigos imaginários são bons para a capacidade linguística de seus filhos, podendo inclusive melhorar seu rendimento escolar, segundo um estudo neozelandês.

Gabriel Trionfi e Elaine Reese, da Universidade de Otago, investigaram a capacidade linguística de 48 meninos e meninas com cinco anos e meio de idade - 23 deles tinham amigos “invisíveis”.

Os pesquisadores concluíram que as crianças que brincavam com esses amigos imaginários tinham habilidades narrativas mais avançadas do que as crianças que não mantinham esse tipo de atividade.

“Como a capacidade das crianças para contar histórias é um forte indicador da sua futura capacidade de leitura, essas diferenças podem ter mesmo repercussões positivas para o desempenho acadêmico das crianças”, disse Reese em nota divulgada no site da universidade.

A habilidade linguística das crianças foi avaliada com base no seu vocabulário e na sua capacidade de recontar uma história ficcional a um boneco, e então uma história realista baseada em um passeio ou evento familiar.

Embora não houvesse diferenças significativas em termos de vocabulário, as crianças com amigos imaginários contavam com mais qualidade as histórias fictícias e reais.

“O mais importante é que as crianças com amigos imaginários adequavam suas histórias à tarefa. Para as histórias ficcionais, elas incluíam mais diálogos. Para as histórias realistas, elas forneciam mais informações sobre hora e lugar, em comparação com as crianças sem amigos imaginários”, explicou Reese.

“Acreditamos que as crianças com amigos imaginários podem estar obtendo uma prática adicional no ato de contar histórias. Primeiro, podem estar criando histórias com seus amigos imaginários. Segundo, como seus amigos são invisíveis, as crianças podem relatar suas aventuras a adultos interessados”, acrescentou.

O estudo foi publicado na mais recente edição da revista Child Development.

Notícia publicada na Folha Online , em 12 de agosto de 2009.

Sonia Maria Ferreira da Rocha comenta*

Esse tema tem sido bastante explorado nos romances televisivos e até mesmo no cinema, como o filme O Amigo Oculto , estrelado por Robert De Niro, e também na literatura espírita.

Um jornal americano publicou uma matéria que aponta que as crianças de até 7 anos de idade evoluem com ajuda de seus amigos e que alguns dos companheiros mais úteis podem ser os imaginários.

A psicologia do desenvolvimento explica que até essa faixa etária as crianças se encontram na fase mágica, da fantasia, é há procedimentos terapêuticos de algumas linhas psicológicas que se utilizam dessa fase para auxiliar a criança a controlar os esfíncteres, a vencer medos, a ganhar auto-estima e a sentir-se cada vez mais segura e confiante.

O percentual dos casos apurados em todo o mundo revela que o fato é mais comum do que se imagina, ou seja, seu número é muito grande. Principalmente, se a criança não dispõe da companhia de outra criança, dentro de casa, que possa trocar com ela sua realidade.

A dúvida que existe em relação a esse assunto é: os amigos, supostamente imaginários, são frutos da imaginação infantil ou seres reais que os adultos não veem, mas que as crianças veem e que com elas conversam como fazem com os amiguinhos encarnados?

À luz do Espiritismo, temos essa realidade vista pelo lado espiritual. A Doutrina Espírita, segundo os ensinamentos de Kardec, vem nos informar sobre esse processo de intercâmbio da vida espiritual para a vida corpórea mediante a faculdade mediúnica, entre outras, a da vidência.

Em O Livro dos Médiuns , Allan Kardec, nos itens 100 e 190, detalha sobre a vidência mediúnica, que é assunto pacífico no campo da fenomenologia espírita. A existência da mediunidade de vidência, informam os Espíritos, foi a primeira de todas as faculdades dadas ao homem para se corresponder com o mundo invisível. Em todos os tempos e em todos os povos, as crenças religiosas se estabeleceram sobre revelações de visionários ou médiuns videntes.

Essa faculdade permite que alguns espíritos, desencarnados, se permitam ver em estado de vigília, logicamente, com a permissão da espiritualidade superior. Assim, alguns se deixam ver e outros não, o que não significa que eles não estejam entre nós; ou seja, desencarnados habitualmente estão entre nós.

O codificador reconheceu que a mediunidade de crianças era muito comum e que não deixava de ser um cuidado da Providencia Divina:

“Ao sair da vida espiritual - explicou Kardec -, os guias da criança acabam de a conduzir ao porto de desembarque para o mundo terreno, como vêm buscá-la em seu retorno. A elas se mostram nos primeiros tempos, para que não haja transição muito brusca; depois se apagam pouco a pouco, à medida que a criança cresce e pode agir em virtude de seu livre-arbítrio.” (Cf. Revista Espírita de 1866, pp. 286 e 287.)

Vejamos o que Allan Kardec escreveu em A Revista Espírita , em setembro de 1866, sob o título de MEDIUNIDADE VIDENTE NAS CRIANÇAS :

“Um de nossos correspondentes nos escreveu de Caen:

“Eu estava recentemente no hotel Saint-Pierre, em Caen; peguei um copo de cerveja, lendo um jornal. A jovenzinha da casa, creio, com mais ou menos quatro anos, estava sentada numa escada e comia cerejas. Não percebeu que eu a via e parecia voltada para uma conversação com seres invisíveis aos quais oferecia cerejas; tudo o indicava; sua fisionomia, seus gestos, as inflexões de sua voz. Ora ela se virava bruscamente dizendo: Tu, não as terás; não és gentil. - Eis para ti, dizia ela a uma outra. - O que é que tu me jogas, pois? dizia a uma terceira. Dir-se-ia cercada de outras crianças; ora ela se levantava, estendia as mãos oferecendo o que tinha; ora seus olhos seguiam objetos invisíveis para mim, que a entristeciam ou a faziam gargalhar. Essa pequena cena durou mais de meia hora, e a conversa não cessou senão quando a criança percebeu que eu a observava. Sei que, frequentemente, as crianças se divertem com apartes desse gênero, mas aqui era tudo diferente; o rosto e as maneiras refletiam impressões reais que não eram a de um jogo jogado. Pensei que era, sem dúvida, um médium vidente ainda não maduro, e me dizia que se todas as mães de família fossem iniciadas nas leis do Espiritismo, elas nele hauririam numerosos casos de observação, e se explicariam muitos fatos que passam desapercebidos, e cujo conhecimento lhes seria útil para a direção de seus filhos.”

O que quer que isso seja, muitos outros fatos provam que a mediunidade vidente é muito comum, se mesmo não é geral nas crianças, e isto é providencial; ao sair da vida espiritual, os guias da criança vêm conduzi-la ao porto de embarque para o mundo terrestre, como vêm procurá-la em seu retorno. Mostram-se-lhes nos primeiros tempos, a fim de que não haja transição muito brusca; depois se apagam pouco a pouco, à medida que a criança crescendo pode agir em virtude de seu livre-arbítrio. Então a deixam às suas próprias forças, desaparecendo aos seus olhos, mas sem perdê-la de vista. A menina em questão, em lugar de ser, como pensa nosso correspondente, um médium vidente imaturo, poderia bem ser um deles em seu declínio, e não mais gozar dessa faculdade pelo resto de sua vida. (Ver Revista de fevereiro de 1865, página 42: Os Espíritos instrutores da infância. )”

Diante de situações em que não saibamos distinguir o que é fase mágica do que é mediunidade, o melhor a fazer é agir com naturalidade, sem levar a criança a um desenvolvimento precoce e nem supor que pelo fato de serem médiuns naturais terão no futuro missões grandiosas, mas, tão somente, tarefas abençoadas no campo da mediunidade com Jesus.

Vejamos o que nos diz O Livro dos Médiuns , cap. XVII, questão 221, item 6:

”Haverá inconveniente em desenvolver-se a mediunidade nas crianças?

Certamente e sustento mesmo que é muito perigoso, pois que esses organismos débeis e delicados sofreriam por essa forma grandes abalos, e as respectivas imaginações excessiva sobre excitação. Assim, os pais prudentes devem afastá-las dessas ideias, ou, quando nada, não lhes falar do assunto, senão do ponto de vista das consequências morais.”

Até os sete anos de idade, o Espírito da criança encontra-se em fase de adaptação para a nova existência e ainda não existe uma integração perfeita entre ele e a matéria orgânica, fato que lhe permite emancipar-se e, eventualmente, ver vultos desencarnados que lhe faz companhia, o que nos permite deduzir que os amigos imaginários das nossas crianças só o são na aparência. Eles não são imaginários, mas, tão somente, invisíveis.

Ninguém, pois, se assuste quando vir que seu filho anda a conversar com “amigos” que ele diz ver e que, no entanto, não vemos.

  • Sonia Maria Ferreira da Rocha reside em Angra dos Reis, RJ, estuda o Espiritismo há mais de 30 anos e é colaboradora regular do Espiritismo.net.