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Uma pesquisa liderada por cientistas finlandeses e divulgada na publicação científica American Journal of Epidemiology sugere que excesso de trabalho pode aumentar o risco de declínio mental e de demência. Claudia Cardamone comenta.

  • Data :20 May, 2009
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Trabalhar demais ‘aumenta risco de demência’, diz estudo

Uma pesquisa liderada por cientistas finlandeses sugere que excesso de trabalho pode aumentar o risco de declínio mental e, possivelmente, de demência.

Demência é um termo genérico que descreve a deterioração de funções como memória, linguagem, orientação e julgamento. Existem vários tipos de demência, mas o mal de Alzheimer, com dois terços dos casos, é a forma mais comum.

O estudo analisou 2.214 funcionários públicos britânicos de meia idade e descobriu que aqueles que trabalhavam mais de 55 horas por semana tinham menos habilidades mentais do que os que faziam o horário normal.

A pesquisa, divulgada na publicação científica American Journal of Epidemiology , descobriu que os que trabalhavam demais tinham problemas com a memória de curto prazo e lembrança de palavras.

Ainda não se sabe a razão de o excesso de trabalho causar estes efeitos no cérebro.

Mas os pesquisadores afirmam que os fatores mais importantes podem incluir o aumento de problemas do sono, depressão, estilo de vida prejudicial à saúde e o aumento do risco de doenças cardiovasculares, possivelmente ligados ao estresse.

“As desvantagens das horas extras devem ser levadas a sério”, afirmou a pesquisadora que liderou a pesquisa Marianna Virtanen, do Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional.

Efeito cumulativo

Os funcionários públicos que participaram do estudo fizeram cinco testes diferentes para avaliar a função mental, uma vez entre 1997 e 1999 e novamente entre 2002 e 2004.

Os que faziam mais horas extras tiveram pontuações menores em dois dos cinco testes, que avaliavam raciocínio e vocabulário.

Os efeitos eram cumulativos, quanto mais longa a semana de trabalho, piores eram os resultados nos testes.

Os empregados que trabalhavam em excesso tinham menos horas de sono, relatavam mais sintomas de depressão e consumiam mais bebidas alcoólicas do que os que trabalhavam apenas no horário normal.

O professor Mika Kivimäki, que também trabalhou na pesquisa afirmou que os cientistas vão continuar com o estudo.

“É particularmente importante examinar se os efeitos são duradouros e se o excesso de trabalho pode levar a problemas mais graves como demência”.

Cary Cooper, especialista em estresse no local de trabalho na Universidade de Lancaster, Grã-Bretanha, afirmou que já se sabe há algum tempo que trabalhar em excesso de forma regular pode prejudicar a saúde em geral, e agora este estudo sugere que também pode haver danos ao funcionamento mental.

“Isto deve enviar uma mensagem aos empregadores de que insistir que as pessoas trabalhem em excesso na verdade não é bom para os negócios”, disse.

“Mas a minha preocupação é que em uma recessão as pessoas trabalhem mais. (…) As pessoas irão para o trabalho mesmo se estiverem doentes, pois querem mostrar comprometimento e garantir que não sejam os próximos funcionários demitidos”, acrescentou.

Notícia publicada na BBC Brasil , em 25 de fevereiro de 2009.

Claudia Cardamone comenta*

Em O Livro dos Espíritos , de Allan Kardec, encontramos as seguintes perguntas:

“674. A necessidade do trabalho é uma lei da Natureza?

  • O trabalho é uma lei da Natureza e, por isso mesmo, é uma necessidade. A civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque aumenta as suas necessidades e os seus prazeres.”

“682. Sendo o repouso uma necessidade após o trabalho, não é uma lei da Natureza?

  • Sem dúvida; o repouso serve para reparar as forças do corpo. É também necessário para deixar um pouco mais de liberdade à inteligência que deve elevar-se acima da matéria.”

“683. Qual é o limite do trabalho?

  • O limite das forças; não obstante, Deus dá liberdade ao homem.”

Assim como o trabalho é uma lei natural, uma necessidade do homem, o repouso também é. O mundo criou um movimento tão rápido de crescimento e transformação que parar para repousar um pouco nos dá a sensação de estar perdendo tempo e depois nos arrependemos pois imaginamos o tanto que poderíamos ter feito naquele momento de repouso. E então criamos o celular, o notebook, e tantas outras ferramentas que nos mantém “trabalhando” o tempo todo.

Assim como o corpo precisa repousar para se recuperar, a mente também necessita de um repouso, não exatamente como o do corpo, assim nos explicam os Espíritos na questão 254 de O Livro dos Espíritos :

“Os Espíritos sentem fadiga e necessidade de repouso?

  • Não podem sentir a fadiga como a entendeis, e portanto não necessitam do repouso corporal, pois não possuem órgãos em que as forças tenham de ser restauradas. Mas o espírito repousa, no sentido de não permanecer numa atividade constante. Ele não age de maneira material, porque a sua ação é toda intelectual e o seu repouso é todo moral. Há momentos em que seu pensamento diminui de atividade e não se dirige a um objeto determinado; este é o verdadeiro repouso, mas não se pode compará-lo ao do corpo. A espécie de fadiga que os Espíritos podem provar está na razão da sua inferioridade, pois quanto mais se elevam de menos repouso necessitam.”

O grande objetivo da vida é o mais difícil de se conquistar, que é o equilíbrio. O trabalho não é ruim, bem como também não é o repouso, mas o que fazemos, de que forma trabalhamos ou repousamos é que pode ser bom ou ruim.

  • Claudia Cardamone nasceu em 31 de outubro de 1969, na cidade de São Paulo/SP. Formada em Psicologia, no ano de 1996, pelas FMU em São Paulo. Reside atualmente em Santa Catarina, onde trabalha como artesã. É espírita e trabalhadora da Associação Espírita Seareiros do Bem, em Palhoça/SC.