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Maior freqüência a cultos parece exercer um efeito inibidor do uso e da dependência de álcool, segundo estudo realizado na UNICAMP. Breno Henrique de Sousa comenta.

  • Data :10/08/2008
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Maior religiosidade pode inibir abuso de bebidas alcoólicas

Fernanda Marques

Maior religiosidade, maior freqüência a cultos e pertencimento a uma igreja evangélica parecem exercer um efeito inibidor do uso e da dependência de álcool. A conclusão é de um estudo desenvolvido na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Publicada no periódico científico Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, a pesquisa teve como objetivo identificar se a prevalência de transtornos mentais é diferente em pacientes com ou sem religião e com distintos níveis de religiosidade.

O trabalho envolveu cerca de 250 pacientes internados nas enfermarias cirúrgicas e clínicas, exceto a de psiquiatria, do Hospital das Clínicas da Unicamp. Os indivíduos tinham, em média, 47 anos de idade e 6 anos de escolaridade. Em 60% deles, foi diagnosticado pelo menos um problema de saúde mental, como transtornos depressivo, bipolar e de ansiedade, risco de suicídio e dependência de álcool. Nas entrevistas, 47,2% disseram ser religiosos e 41,6% se consideravam muito religiosos, contra 10% e 1,2% que afirmaram ser pouco ou não religiosos, respectivamente. Havia 62,8% de católicos, 23% de evangélicos, 5,9% de espíritas e 7,9% sem religião. Quanto à freqüência à igreja, os entrevistados iam, em média, 4,5 vezes ao mês.

De acordo com o artigo, pessoas pouco religiosas ou sem religião tiveram sete vezes mais chance de receber diagnóstico de abuso ou dependência de álcool, se comparadas a indivíduos muito religiosos, e seis vezes mais chance de apresentar transtorno bipolar, se comparadas a indivíduos religiosos. Contudo, em relação a pessoas moderadamente religiosas, as muito religiosas tiveram três vezes mais chance de receber diagnóstico de transtorno bipolar. Os resultados, portanto, sugerem que os extremos do envolvimento religioso podem estar associados a uma maior prevalência de problemas de saúde mental.

“Tais resultados provavelmente relacionam-se ao fato de as religiões, de modo geral, e as igrejas evangélicas, de forma particularmente marcante, considerarem o uso excessivo de bebidas alcoólicas um comportamento condenável”, dizem o psiquiatra Paulo Dalgalarrondo e co-autores no artigo. “É possível que pessoas sem religião sejam também aquelas com uma pior rede de apoio social ou que, por seu transtorno, se afastaram da vida religiosa”, completam. No entanto, os pesquisadores destacam que seus resultados ainda não são conclusivos e não devem ser generalizados para a população geral.

Notícia publicada na Agência Fiocruz de Notícias .

Breno Henrique de Sousa comenta*

Os Vícios

A notícia em destaque vem anunciar, por parte dos cientistas, o que o senso comum já sabe. Este benefício oferecido pelas religiões, por si só, já justificaria a presença necessária das mesmas no mundo, mesmo quando elas ainda estão eivadas de contradições próprias do ser humano imperfeito e mesmo quando os materialistas proclamam o discurso de que elas são mais nocivas que benéficas ao mundo.

Maléfico mesmo é o materialismo! Este sim esvazia de sentido a vida e faz as pessoas se refugiarem nos vícios ou degenerarem, abrindo espaço para patologias psíquicas.

Digam o que for, mas o otimismo e a esperança são os mais poderosos medicamentos, capazes de libertar o homem da sequidão inócua que avassala a humanidade e que muito se deve ao materialismo. Foi Bezerra de Menezes quem desafiou um dos seus opositores a apresentar uma só pessoa que tivesse sido consolada pelo materialismo, que tivesse encontrado nele um raio de esperança no porvir ou consolo para as suas dores d’alma. O desafio continua de pé.

Quando estive na Europa há alguns anos atrás, observei admirado o avanço civilizatório e a riqueza material daquelas nações, ao mesmo tempo em que pude comprovar o quão somos ricos de valores espiritualistas, de alternativas e diferentes seguimentos religiosos. Quando comparada com a nossa, aquela é uma sociedade empobrecida de valores espirituais e de esperanças. Os vícios de todos os tipos tem degradado aquelas sociedades e as relações humanas têm-se empobrecido de maneira que lá há um número muito maior de pessoas que vivem sós e não formam família, de ateus, de viciados, de incidências de patologias psíquicas (doenças mentais como a depressão) e de suicídios.

O que todas estas coisas têm em comum? É curioso o fato delas estarem presentes de maneira paralela em algumas sociedades. Tanto o ateísmo, os vícios, o individualismo, a depressão e o suicídio têm como raiz a perda da esperança no futuro, a ausência de um significado transcendente para a vida e a perda na capacidade de relacionar-se com o outro.

Não é preciso uma análise muito profunda para observar como as sociedades baseadas nos valores consumistas alimentam estes males e como encontramos no Espiritismo a solução para os mesmos. Porém, a Doutrina Espírita nos revela princípios que não oprimem nem ameaçam com o fogo do inferno aquele que tomar um copo de cerveja. De outra forma, o Espiritismo trabalha a consciência do indivíduo para que ele opte, por si mesmo, por hábitos mais saudáveis, ensinando-nos que, quando temos nossa alma preenchida de propósitos e esperança, não precisamos buscar a fuga na bebida ou em qualquer outra droga.

  • Breno Henrique de Sousa é paraibano de João Pessoa, graduado em Ciências Agrárias e mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal da Paraíba. Ambientalista e militante do movimento espírita paraibano há mais de 10 anos, sendo articulista e expositor.