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Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Montreal sugere que crianças que são amamentadas quando bebês são mais inteligentes. Carlos Miguel Pereira comenta.

  • Data :20 Jun, 2008
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Crianças amamentadas são mais inteligentes, diz estudo

Um estudo realizado por pesquisadores canadenses sugere que crianças que são amamentadas quando bebês são mais inteligentes.

Os cientistas, da Universidade de Montreal, acompanharam 14 mil crianças nascidas em 31 maternidades de Belarus, do nascimento até os 6 anos e meio.

Ao atingirem essa idade, elas foram submetidas a testes de QI. Os exames revelaram que as que haviam sido alimentadas exclusivamente com o leite materno marcaram 7,5 pontos a mais nas provas de inteligência verbal e 5,9 pontos a mais na pontuação geral.

As crianças que receberam só o leite materno também tiveram melhor desempenho em leitura, escrita e capacidade para solucionar equações matemáticas do que as tomaram leite em pó, acrescentaram os especialistas.

“Nosso estudo fornece fortes evidências de que a amamentação exclusiva e prolongada torna as crianças mais inteligentes”, afirmou o autor da pesquisa, Michael Kramer.

Interação física

A pesquisa, publicada na revista especializada Archives of General Psychiatry , confirma estudos anteriores, mas levanta questionamentos sobre se o leite materno, por si só, aumenta a inteligência, ou se fatores associados, como a interação mãe-bebê, também influenciam.

“Ainda não está claro se os efeitos cognitivos observados se devem a algum composto do leito materno e estão relacionados às interações físicas e sociais inerentes ao ato de amamentar”, acrescentou Kramer.

O leite materno contém ácidos gordos de cadeia longa essenciais para a saúde e um composto químico similar à insulina que estimula o crescimento e, sozinho, poderia impulsionar a inteligência.

Notícia publicada na BBC Brasil , em 6 de maio de 2008.

Carlos Miguel Pereira comenta*

A pesquisa científica de diversas áreas, apesar dos esforços necessários, meritórios e dedicados que tem desenvolvido, ainda não desvendou o mistério da inteligência. Isto porque tem procurado no lugar errado, supondo que a inteligência é produto da matéria do corpo, se esconde nas potencialidades do cérebro, dos complexos nervosos e das redes neurais. Sem negar que estas características são fundamentais para a manifestação da inteligência nas nossas vidas, a Doutrina Espírita veio trazer uma nova abordagem e demonstrar, através da comprovação da imortalidade da alma, que a sede da inteligência se encontra no Espírito imortal.

Em “O Livro dos Espíritos”, como parte da questão 72 a, os Espíritos esclarecem: “A inteligência é uma faculdade própria de cada ser e constitui a sua individualidade moral. "

Todos nós já vivemos muitas vidas, em que desenvolvemos diversas capacidades e potencialidades, tornando-as conquistas aquisitivas do nosso Espírito. Ao renascermos em novo corpo, essas capacidades ficam num estado latente à espera de eclodirem e de se manifestarem. No decorrer dessa existência, um sem número de condicionantes poderão ter uma influência vital nesse despertar das capacidades, do seu aperfeiçoamento e do desenvolvimento de novas potencialidades: O corpo físico, o meio-ambiente, a envolvente social e a cultura são exemplos de influências poderosas sobre a nossa personalidade e provas a superar para que o nosso Espírito possa se adaptar e fazer despertar as suas capacidades, trabalhando no desenvolvimento de outras.

Uma leitura superficial a esta notícia, pode dar-nos a sensação de um nexo de causa e efeito direto entre a ingestão de leite materno e os níveis de inteligência medidos através dos testes de QI. A situação é muito mais complexa e exige bastante cuidado para que a informação não saia deturpada e possa induzir em erros as pessoas. Em primeiro lugar, é necessário esclarecer que o leite materno é a forma natural de uma mãe alimentar o seu filho, não existindo por isso melhor alimento para a criança, estando adaptado às suas necessidades específicas e ajudando à estimulação do sistema imunológico, protegendo a sua saúde como nenhum outro. A amamentação deve ser promovida e estimulada fortemente na população, como uma fonte de benefícios para a criança, para a mãe e para o reforço dos vínculos afetivos entre eles.

A amamentação por si só não torna as crianças mais inteligentes, mas este estudo e outros similares mostram-nos que existe uma tendência óbvia para que crianças amamentadas tenham um QI mais elevado. Por que será isso? Amamentar é um ato de amor, de dedicação e compromisso, não é a saída mais simples ou a mais fácil, mas sim a mais correta e a que mais beneficia a criança. Os vínculos afetivos e de cumplicidade que se formam entre uma mãe e o seu filho durante a amamentação são muito fortes, beneficiando especialmente a criança que sente uma crescente segurança, confiança e auto-estima. A atenção e o tempo dispensado são condições imediatas para a produção de uma realização pessoal, oferecendo à criança maiores possibilidades de desenvolvimento das suas características mentais para a descoberta da realidade que a envolve. Ao dedicarmos amor e tempo de qualidade às nossas crianças - e isso não é conseguido apenas através da amamentação, até porque existem inúmeros casos de crianças que não puderam ser amamentadas e que são profundamente inteligentes -, tornamo-las seres com maiores capacidades, motivações e condições para empreender novos desafios e desenvolver as suas potencialidades físicas, intelectuais, emocionais, morais e espirituais.

Lanço também uma mensagem de alerta aos pais, para que não fiquem demasiado presos a testes de inteligência do tipo QI, que têm o valor que têm, não podendo se lhe atribuir uma importância excessiva. Várias pesquisas têm mostrado que o desempenho mental ou a inteligência não é algo definitivo e imutável, mas sim um conjunto de características que podemos e devemos sistematicamente treinar e desenvolver. É aconselhável não comparar os nossos filhos com médias frias e impessoais, mas antes procurar analisar e compreender quais são as suas características específicas, para que possamos com amor, mas também de forma metódica, racional e personalizada, examinar e auxiliar na medida do possível a sua evolução intrínseca, não só a nível intelectual, mas também nos níveis físicos, verbais, emocionais e sociais, tendo-os como referências de si próprios e não de modelos forjados em idéias deturpadas que temos dos outros.

  • Carlos Miguel Pereira trabalha na área de informática e é morador da cidade do Porto, em Portugal. Na área espírita, é trabalhador do Centro Espírita Caridade por Amor (CECA), na cidade do Porto, e colaborador regular do Espiritismo.net.