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Uma pesquisa da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, sugere que os americanos ficam mais felizes à medida que ficam mais velhos. Claudia Cardamone comenta.

  • Data :06/06/2008
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Americanos ficam mais felizes com a idade, diz pesquisa

Uma pesquisa da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, sugere que os americanos ficam mais felizes à medida que ficam mais velhos.

O estudo também aponta que a geração nascida entre 1946 e 1964 é menos feliz do que as outras, afro-americanos são menos felizes do que os americanos brancos, homens são menos felizes do que as mulheres e o nível de felicidade pode aumentar ou diminuir entre gerações.

“O entendimento da felicidade é importante para compreender a qualidade de vida”, afirma Yang Yang, professora-assistente de Sociologia da Universidade de Chicago e autora do artigo. “A medida da felicidade é um guia que mostra como a sociedade está lidando com as necessidades das pessoas.”

Os dados para a Pesquisa Social Geral, do Centro Nacional de Pesquisa de Opinião dos Estados Unidos, começaram a ser compilados em 1972, e o estudo durou até 2004.

Os pesquisadores fizeram a pergunta: “Levando tudo em conta, como você diria que está atualmente: muito feliz, feliz ou não está feliz?”

A pergunta foi feita em entrevistas conduzidas pessoalmente em amostras de população que variavam entre 1,5 mil e 3 mil pessoas.

Grupos raciais e idade

Yang organizou os dados em grupos raciais e de idade e observou que, na faixa etária dos 18 anos, as mulheres brancas são as mais felizes (33% de probabilidade de serem muito felizes). Em seguida, aparecem os homens brancos (28%), mulheres negras (18%) e homens negros (15%).

As diferenças desaparecem com o passar do tempo, e o nível de felicidade aumenta.

Homens e mulheres negros têm mais de 50% de chances de serem muito felizes depois de completar 80 anos. Homens e mulheres brancos ficam logo atrás.

Segundo a professora, o aumento no nível de felicidade com a idade é compatível “com a hipótese da idade como fator de maturidade”.

Com a idade, chegam também alguns traços psicossociais, como integração e auto-estima. Estes sinais de maturidade podem contribuir com um melhor senso geral de bem-estar, de acordo com a pesquisadora.

Para Yang, outro fator a ser levado em conta, segundo a pesquisa, é que a diferenças entre os grupos nos níveis de felicidade diminuem devido à equiparação dos recursos que contribuem para a felicidade, como o acesso à saúde ou à perda de apoio social devido à morte de marido ou esposa, ou à morte de amigos.

Expectativas

A pesquisa também indica que, entre as faixas etárias estudadas, a geração de americanos nascida entre 1946 e 1964 é a menos feliz.

“Provavelmente, isso acontece devido ao fato de que a geração como um grupo é tão grande, e suas expectativas eram tão altas, que nem todos neste grupo puderam conseguir o que queriam, devido à competição”, afirma Yang. “Isso pode levar à decepção e prejudicar a felicidade.”

A professora da Universidade de Chicago também observou que a felicidade nos Estados Unidos não é estática.

Ao analisar o período de 33 anos, durante o qual a pesquisa foi realizada, Yang notou pequenos aumentos nos níveis de felicidade quando a economia do país progredia.

Como exemplo, a professora cita o ano de 1995 como um ano muito bom na escala de felicidade nos Estados Unidos.

Notícia publicada na BBC Brasil , em 17 de abril de 2008.

Claudia Cardamone comenta*

Esta notícia mostra claramente como conceituamos a felicidade: “A medida da felicidade é um guia que mostra como a sociedade está lidando com as necessidades das pessoas.” ou " …e suas expectativas eram tão altas, que nem todos neste grupo puderam conseguir o que queriam, devido à competição…" Somos felizes ao saciar nossas necessidades terrenas, sou feliz porque tenho um grande amor, tenho uma casa, tenho um bom emprego… “O homem carnal, mais ligado à vida corpórea do que à vida espiritual, tem na Terra as suas penas e os seus prazeres materiais. Sua felicidade está na satisfação fugitiva de todos os seus desejos. Sua alma, constantemente preocupada e afetada pelas vicissitudes da vida, permanece numa ansiedade e numa tortura perpétuas. A morte o amedronta, porque ele duvida do futuro e porque acredita deixar na Terra todas as suas afeições e todas as suas esperanças”. (O Livro dos Espíritos, livro 4, capítulo I, item 941, nota de Kardec)

Fénelon, em “O Evangelho segundo o Espiritismo” (Capítulo V, item 23), nos mostra claramente a forma equivocada de buscar a felicidade: “O homem está incessantemente à procura da felicidade, que lhe escapa a todo instante, porque a felicidade sem mescla não existe na Terra. Entretanto, apesar das vicissitudes que formam o inevitável cortejo da vida, ele poderia pelo menos gozar de uma felicidade relativa. Mas ele a procura nas coisas perecíveis, sujeitas às mesmas vicissitudes, ou seja, nos gozos materiais, em vez de buscá-la nos gozos da alma, que constituem uma antecipação das imperecíveis alegrias celestes. Em vez de buscar a paz do coração, única felicidade verdadeira neste mundo, ele procura com avidez tudo o que pode agitá-lo e perturbá-lo. E, coisa curiosa, parece criar de propósito os tormentos, que só a ele cabia evitar”.

A pesquisa sugere que somos mais felizes na medida em que ficamos mais velhos, e esta afirmação possui uma clara coerência. Quando somos jovens, “temos” que buscar um bom emprego, com boa remuneração e que nos satisfaça, um bom casamento, que dê lindos filhos, saudáveis e inteligentes, nos ensinam a todo instante que a tecnologia nos facilita a vida e nos garante tempo para curtir as coisas boas da vida. Acreditamos no modelo de família perfeita e nos contos onde os heróis vivem felizes para sempre. E é nesta crença que habita nossa infelicidade. E porque ao alcançarmos a terceira idade podemos ficar mais felizes? Porque não precisamos mais lutar para provar a veracidade desta crença, estamos aposentados e isto nos liberta de todas as pressões sociais, não precisamos provar mais nada, não precisamos alcançar mais nada, podemos ser enfim, aquilo que queremos ser. Passamos a priorizar as relações sociais, buscamos uma maior interação com o outro, nossas necessidades diminuem e podemos sacia-las mais facilmente.

Isto não quer dizer que não somos felizes na juventude, mas buscamos a felicidade como quem busca comida para saciar a fome, esta saciedade desaparece deixando uma sensação de bem estar passageira, pois algum tempo depois estaremos com fome novamente. “Tendes razão, entretanto, ao afirmar que a felicidade está reservada ao homem neste mundo, se a procurardes antes na prática do bem do que nos prazeres materiais.” (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XI, item 13)

“Todos os indivíduos aspiram pela felicidade, embora a maioria não saiba como deve ser buscada e menos como vivenciá-la. Enganados por muito tempo, crêem-na como sendo o prazer célere que necessita de renovação a cada momento ou como condição de posse desvairada que leva à ostentação e ao medo, aos desequilíbrios e à presunção. A pouco e pouco, porém, ante o despertar angustiante, todos passam a identificá-la como realmente é: paz de espírito, consciência tranqüila, bem-estar moral.” (Joanna de Ângelis, em Luzes do Alvorecer)

  • Claudia Cardamone nasceu em 31 de outubro de 1969, na cidade de São Paulo/SP. Formada em Psicologia, no ano de 1996, pelas FMU em São Paulo. Reside atualmente em Santa Catarina, onde trabalha como artesã. É espírita e trabalhadora da Associação Espírita Seareiros do Bem, em Palhoça/SC.