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  • Menina ajuda passageiro surdo e cego em avião e relato emociona a internet

Tim embarcou em um avião, mas ninguém na tripulação conseguia se comunicar com ele para oferecer-lhe comida, guiá-lo ao banheiro ou até mesmo dar-lhe informações sobre pouso e decolagem. Elton Rodrigues comenta.

  • Data :06 Dec, 2018
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Da Universa

Tim, um homem surdocego — ou seja, que não ouve e não enxerga — embarcou em um avião da Alaska Airlines rumo a Los Angeles, mas ninguém na tripulação conseguia se comunicar com ele para oferecer-lhe comida, guiá-lo ao banheiro ou até mesmo dar-lhe informações sobre pouso e decolagem.

Ele estava visivelmente nervoso, mas a situação foi resolvida quando uma adolescente de 15 anos, Clara Daly, entrou em cena.

Diante do impasse, os tripulantes perguntaram aos passageiros, via alto-falante, se um deles conhecia a língua tátil de sinais – uma forma de comunicação que se dá pelo toque, já que o homem não identificaria visualmente o uso da linguagem de sinais padrão nos EUA, a ASL (American Sign Language, ou Língua Americana de Sinais).

Para a surpresa de todos, Clara se levantou, foi até Tim e começou a se comunicar com ele, que se acalmou na hora.

“Conversei com Tim três vezes: uma para lhe dar água, outra para dizer as horas e durante a última hora do voo apenas para conversar com ele”, contou a menina, em entrevista à CNN.

A pergunta que não quer calar: como uma menina de 15 anos conhecia a língua tátil de sinais? Clara sofre de dislexia e, com muita vontade de aprender outra língua, escolheu essa, que julgou ser mais fácil de assimilar.

A história foi contada por Lynette Scribner, passageira que estava sentada próximo a Tim no avião e viu a cena de perto.

“Espero que isso ajude as pessoas a verem que é a função de cada um ajudar os outros. Nessa época de maldade, ainda há pessoas boas dispostas a olhar umas pelas outras”, escreveu.

Notícia publicada na Universa , em 27 de junho de 2018.

Elton Rodrigues* comenta

Em diversos momentos de nossas vidas, nos questionamos a respeito das lutas que travamos conosco. E não só isso, quase sempre nos deparamos com a dor e o sofrimento alheio. Nesses enfrentamentos, diretos ou não, por algumas vezes podemos questionar se algo não está errado por vontade de Deus. E se é por vontade de Deus, como lutar para modificar a situação?

Esse é um caminho que pode se tornar perigoso, visto que é passível de promover uma estagnação individual ou coletiva. Quando olhamos uma pessoa em situação de rua e imaginamos que ele, ou ela, está naquela circunstância para expiar ou provar, e que por isso não se pode interferir nos desígnios de Deus, já estamos visualizando o mundo a partir de uma interpretação equivocada do que seja justiça divina e do nosso verdadeiro papel, enquanto encarnados, em um planeta de provas e expiações. De maneira idêntica, quando um grupo se dedica a trabalhos caritativos com a melhor das intenções, mas não compreende atividades de promoção social partindo do Estado, acreditando que todos devem lutar sozinhos para se levantar, algo está muito errado.

Todos nós encarnados necessitamos de reajustes e aprendizados. E só conseguiremos reverter o nosso passado equivocado exercitando o amor ao próximo. Não adianta teorizar sem praticar o amor para com todos. Também, é um equívoco imaginarmos que não conseguiremos auxiliar ninguém, porque temos dificuldades de entender e equacionar os nossos próprios sentimentos. Deus não espera trabalhadores com asas para agirem no mundo. Deus espera trabalhadores animados, com vontade e que represente o verdadeiro “sal da terra”.

A Lei de Sociedade, tão bem explicada em O Livro dos Espíritos, nos indica que aqui estamos, em sociedade – e uma sociedade heterogênea, veja bem – para aprendermos uns com os outros. É nessa troca de experiências, nesses inúmeros exercícios de aprendizado-ensino que caminharemos. E o nosso aprendizado, ou experiência, pode vir a partir de aprendizados ou experiências do outro, ainda mais com as atuais tecnologias de comunicação.

O grande exemplo dado por Clara Daly é um desses casos que impulsiona as nossas reflexões e leva os nossos sentimentos para novas paragens. Clara, mesmo com suas dificuldades, se dedicou a aprender uma nova língua – e não uma das mais fáceis e mais populares. Aprendeu a língua tátil de sinais satisfatoriamente e pôs em prática, não só o aprendizado, mas o mais importante: a sua empatia.

Clara poderia ter utilizado o seu conhecimento apenas como uma satisfação pessoal, mas preferiu colocá-lo em prática, visando o conforto e a tranquilidade de um desconhecido. Quando Clara toma esse impulso, é quase certo que seus problemas ficam, pelo menos temporariamente, esquecidos. O foco é o outro. Suas dificuldades são secundárias nesse momento. Não apenas Clara, mas os dois, Clara e Tim saíram desse episódio mais confiantes em dias melhores. Na verdade, pensemos nas pessoas que acompanharam essa cena e nas que tiveram contato com a notícia, assim como nós. Esses casos não nos dão mais motivos para acreditar que os dias serão melhores?

Irmãos e irmãs, utilizemos os nossos cérebros, nossa vontade, nossos sentimentos para o bem. Saiamos da teoria e partamos para a prática!

Quem faz o mundo somos nós mesmos.

  • Elton Rodrigues é espírita há mais de 10 anos e participa de trabalhos em torno da divulgação da doutrina espírita. Em 2017 fundou a Associação de Física e Espiritismo da Cidade do Rio de Janeiro (AFE-RIO) e a revista O Fóton.