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  • Garoto de 5 anos pede desculpas à mãe pouco antes de morrer em seus braços

Amber Schofield criou uma página no Facebook, em 2016, para arrecadar dinheiro a fim de ajudar no tratamento do filho, contra um câncer raro no fígado. Na última foto publicada na rede social, Charlie aparece bem debilitado. Jorge Hessen comenta.

  • Data :02/12/2018
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Da Universa

Amber Schofield, de 24 anos, criou a página “Charlie’s Chapter” (Capítulo de Charlie) no Facebook, em 2016, para arrecadar dinheiro a fim de ajudar no tratamento do filho contra o hepatoblastoma, um câncer raro no fígado.

E foi por meio dessa mesma página, dois anos depois, que a britânica comunicou seus seguidores de que o garotinho, de 5 anos, morreu em seus braços após batalhar contra a doença, na última sexta-feira (9).

“Na noite passada, às 23h14, meu melhor amigo, meu mundo, Charlie, deu seu último suspiro. Ele adormeceu em paz, enrolado em meus braços com os braços do pai dele em volta de nós dois. Nossos corações dóem. O mundo perdeu um menininho incrível. Charlie, você me deu a chance de ser mãe. Você tem sido, não apenas nossa maior inspiração, mas uma inspiração para milhares de pessoas em todo o mundo. Você me mostrou o que o amor realmente significa, Charlie. Agora, é hora de voar. Eu estou muito, muito orgulhosa de você. Você lutou tanto. Meu bebê, dói tanto. Eu sentirei sua falta para sempre, querido. Que você tenha doces sonhos, meu bebê”, escreveu.

Amber contou ainda que ouviu um pedido de desculpas do filho poucos minutos antes de sua morta: “Mamãe, me desculpe por isso”.

Na última foto publicada na rede social, Charlie aparece bem debilitado e a mãe comentou sobre as mudanças e impactos do câncer no corpo e psicológico do herdeiro.

“Conforme os dias passam, ele se desgasta mais e mais. Ele não se parece mais com Charlie. Ele está tão magro, que eu consigo ver e sentir cada osso do seu pequeno corpo. Onde foi parar meu bebê gordinho? Fofinho desde que nasceu! Quero que todo mundo se lembre de Charlie como ele era, bochechudo, engraçado”, disse.

Por fim, Amber falou sobre as saudades que sente diariamente de Charlie, deixando uma mensagem sobre força e superação.

“Como posso sentir tanto sua falta quando ele está deitado ao meu lado? Mas eu sinto. Sinto a falta dele. Sinto falta de ter uma conversa, de abraçá-lo, sem causar dor. Sinto falta de apertá-lo e de beijá-lo por inteiro. Sinto falta de seu sorriso, sabendo que não verei esse sorriso de novo, a não ser nas fotos. Nunca vou ouvir a gargalhada de Charlie de novo. Por favor, rezem por um milagre. Abracem seus bebês, abracem e beijem muito. Vocês não percebem quanta sorte têm”, compartilhou.

Notícia publicada no BOL Notícias , em 13 de novembro de 2018.

Jorge Hessen* comenta

É dificílimo imaginar o tamanho da angústia pelo qual passou Amber Schofield. Só quem viveu situações iguais pode descrever. Imaginemos a aflição da mãe ao ouvir o pedido de “desculpas” do filho, por uma situação da qual ele não tinha controle algum, apenas por vê-la sofrer. Todavia, a dignidade que Schofield experimemntou, sem revolta e com humildade, demonstrou o quanto ela estava preparada para a situação.

Foi-se o corpo de Charles, não sua essência, o espírito imortal, que no corpo habitava. Há muitas pessoas que passam por experiência análoga, porém, revoltam-se e blasfemam.

No século XIX, Allan Kardec inquiriu aos espíritos sobre “qual a utilidade das mortes prematuras?” E os Benfeitores responderam: que “a maioria das vezes servem como provação para os pais”.(1) Todavia, alguns insistem em dizer que é uma terrível tragédia ver uma vida, tão cheia de esperanças, ser ceifada prematuramente.

Pacifiquemos a consciência em vez de nos infelicitarmos, quando for dos desígnios de Deus retirar um de nossos filhos deste planeta de provas e expiações. Concebemos que muitas situações chamadas de infelicidade, segundo apressadas interpretações, cessam com a vida física e encontram a sua compensação na vida além-túmulo.

Há casos de desencarnações precoces que não estão inseridos no processo de consequências naturais das escolhas do passado delinquente e configuram, sim, ações meritórias de Espíritos missionários que renascem para viverem poucos anos em contato com a carne em função de tarefas espirituais relevantes. Sobre isso, o Espirito André Luiz escreveu o seguinte: “Conhecemos grandes almas que renasceram na Terra por brevíssimo prazo, simplesmente com o objetivo de acordar corações queridos para a aquisição de valores morais, recobrando, logo após o serviço levado a efeito, a respectiva apresentação que lhes era costumeira."(2)

Emmanuel, com a nobre sensibilidade que lhe assinala o modo de ser, considera que “nenhum sofrimento, na Terra, será talvez comparável ao daquele coração que se debruça sobre outro coração regelado e querido que o ataúde transporta para o grande silêncio”. E acentua, convincente: “Digam aqueles que já estreitaram de encontro ao peito um filhinho transfigurado em anjo da agonia.”(3)

Porém, ante aqueles que demandam a Vida na Espiritualidade, o comportamento do espírita é algo diferente, ou, pelo menos, deve ser diferente, variando, contudo, de pessoa a pessoa, com prevalência, evidentemente, de fatores ligados à fé e à emotividade. Chora, discreto, mas se fortalece na oração. Na certeza da Imortalidade Gloriosa, reprime o pranto que desliza na fisionomia sofrida, porém busca na Esperança, uma das virtudes evangélicas, o bálsamo para a saudade justa.

O Espírita sincero jamais se confia ao desespero. “Não cede aos apelos da revolta, porque revolta é insubordinação ante a Vontade do Pai, que o espírita aprende a aceitar, paradoxal e estranhamente jubiloso, por dentro, vergado embora ao peso das mais agudas aflições.”(4)

Referências bibliográficas:

(1) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2001, questão n° 346 a 347;

(2) XAVIER, Francisco Cândido. Entre a Terra e o Céu, ditado pelo Espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed. FEB 1988;

(3) PARALVA, J. Martins. O Pensamento de Emmanuel, RJ: Ed. FEB, 1990;

(4) Idem.

  • Jorge Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal aposentado do INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (vinte e seis livros “eletrônicos” publicados). Jornalista e Articulista com vários artigos publicados.