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  • Roberto Cabrini conversa com mãe afegã que precisou vender a própria filha em troca de comida

Durante o quadro A Grande Reportagem, o jornalista foi a um lixão no Afeganistão e encontrou famílias afegãs que vivem do lixo. Uma das pessoas é uma mulher que, em um ato de desespero, vendeu a própria filha de apenas um ano por US$ para alimentar seus outros filhos famintos e doentes. Cabrini ainda registra o drama de quem quer fugir do país e sente isso na pele ao viver momentos de tensão na fronteira e passar horas sob a guarda dos soldados do Talibã. Elaine Bayma comenta.

  • Data :18/12/2022
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Neste fim de semana (08 de outubro), o Domingo Espetacular exibe uma nova reportagem especial de Roberto Cabrini no Afeganistão e uma entrevista exclusiva com Elba Ramalho sobre sua campanha pelo Outubro Rosa.

Durante o quadro A Grande Reportagem, o jornalista foi a um lixão no Afeganistão e encontrou famílias afegãs que vivem do lixo. Uma das pessoas é uma mulher que, em um ato de desespero, vendeu a própria filha de apenas um ano por US$ para alimentar seus outros filhos famintos e doentes.

Cabrini ainda registra o drama de quem quer fugir do país e sente isso na pele ao viver momentos de tensão na fronteira e passar horas sob a guarda dos soldados do Talibã.*

  • Veja o vídeo no link abaixo

Notícia publicada no R7 , em 08 de outubro de 2022

Elaine Bayma de Moraes** comenta

Ao ler essa triste notícia, muitos de nós podem se sentir chocados e até mesmo ficar “zangados com Deus” ao pensar por que o Criador permite tanta miséria…Será que há explicação para isso? Certamente que sim pela ótica espírita. Afinal, desde que Jesus veio à Terra já entendemos Deus de outra maneira, não mais aquele Deus punitivo ou impiedoso da época de Moisés. O Mestre nos apresentou um Pai diferente, nos dizendo que alcançaremos o seu Reino desde que fizéssemos a sua vontade.

Já o Espiritismo nos mostrou um Deus soberanamente bom e justo, sinônimo de amor. Mas que amor é esse pelo ser humano que deixa uma mãe viver em extrema penúria, a ponto de ter de vender a própria filha em troca de comida? A reflexão é mais complexa e certamente não iremos esgotar aqui o tema das desigualdades sociais, apenas levantar alguns pontos relevantes.

Começamos com a indagação de Kardec se é lei da natureza as desigualdades sociais ( “Livro dos Espíritos”, Allan Kardec, pergunta 806). A resposta — Não; é obra do homem e não de Deus — já começa a esclarecer a pergunta anterior. Então se o mundo nos parece extremamente injusto, a origem desse estado de coisas está nas ações do ser humano que convive com essas desigualdades “mais ou menos bem”, com aquela ideia de que “o mundo é assim mesmo”, sem se dar conta de que a miséria ou extrema pobreza poderia não ter lugar se os homens não agissem com tanta indiferença ou tivessem outro tipo de atitude, já que os espíritos dizem a Kardec que as desigualdades das condições sociais desaparecerá quando o egoísmo e o orgulho deixarem de predominar nas sociedades.

Sabemos que somos espíritos da terceira ordem, imperfeitos, por isso vivemos num mundo de provas e expiações. No entanto, ao olhar para o globo terrestre vemos uma imensa diversidade de povos e raças, todos espíritos encarnados numa variada gama de estágios evolutivos, alguns em regiões muito atrasadas, outros em países de nível civilizatório bem avançado, mas todos iguais perante Deus, ainda que muitos não se percebam assim.

Os que ainda duvidam dessa igualdade diante do Criador podem encontrar no “Livro dos Espíritos”1 a explicação de que como cada espírito vive há mais ou menos tempo tem feito mais ou menos aquisições, uns se aperfeiçoam mais rapidamente do que outros, o que lhes dá aptidões diversas e necessárias. Essa diversidade das aptidões explica também a desigualdade das riquezas, como está no “Evangelho segundo o Espiritismo”: “Por que não são igualmente ricos todos os homens? Não o são por uma razão muito simples, por não serem igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem sóbrios e previdentes para conservar.” A obra diz ainda que está matematicamente demonstrado que a riqueza igualmente repartida daria a cada um uma parcela mínima e insuficiente e logo o equilíbrio estaria desfeito, pela “diversidade dos caracteres e aptidões.2

Notemos que a matéria publicada no site R7 se refere a famílias afegãs que vivem do lixo, ou seja, não apenas uma. Do ponto de vista espírita, poderíamos entender que são espíritos em provas coletivas. No entendimento de Emmanuel, nesse tipo de provação “verifica-se a convocação de espíritos encarnados, participantes do mesmo débito, com referência ao passado delituoso e obscuro. O mecanismo da justiça funciona então espontaneamente, através dos prepostos do Cristo, que convocam os comparsas na dívida do pretérito para os resgates em comum”.3

O “Evangelho segundo o Espiritismo” ainda esclarece que há ricos e pobres porque se estamos falando de um Deus justo, ora o espírito deve ser experimentado pela miséria, ora pela riqueza; a pobreza vai testar a paciência e a resignação, a riqueza, a caridade. Ambas são duras provas necessárias ao crescimento moral da criatura. Essa mãe afegã, que num ato de desespero resolveu vender a própria filha, talvez nasça em berço de ouro numa próxima existência, ou já tenha nascido.

Mas se, apesar da reflexão proposta, ainda nos sentimos chocados com a realidade dessa mãe, só nos resta reiterar que tudo o que Deus faz tem um fim útil. Lembremos que o julgamento divino se dará no mundo espiritual, como na parábola do mau rico, em que Lázaro, o miserável, o qual estimaria muito comer as migalhas do rico, ao desencarnar foi levado pelos anjos ao seio de Abraão para viver em ventura.4 Imaginemos que a sofrida mãe afegã haverá de ter destino semelhante…

Referências

  1. “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec, capítulo IX, parte 3, Da Lei de Igualdade, pergunta 804.

  2. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Allan Kardec, capítulo XVI, Não se pode servir a Deus e a Mamon, item 8.

  3. “ O Consolador”, espírito Emmanuel, psicografia de Chico Xavier.

  4. Parábola do mau rico. Lucas, capítulo XVI, vv.19 a 31.

** Elaine Bayma de Moraes, carioca, bacharel em Comunicação/Jornalismo (UFRJ) espírita, trabalhadora da Congregação Espírita Francisco de Paula e colaboradora do site Espiritismo.net no Atendimento Fraterno off line.