“As razões para o Brasil liderar ranking de países onde mais se acredita em Deus”

Pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos indicou que, no Brasil, 89% dos entrevistados acreditam em Deus ou em um poder superior. A vídeo matéria produzida e publicada pela plataforma BBC News Brasil busca responder a questão: “quais são os motivos para essa relação historicamente muito próxima entre o brasileiro e a fé?”

A íntegra da matéria pode ser acessada em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-66187889#:~:text=O%20Brasil%20est%C3%A1%2C%20ao%20lado,%2C%20que%20foi%20de%2061%25

O comentário a seguir é de Jussara Macabu

Acreditar em Deus ou em uma força superior é uma coleção de sentimentos que se manifestam na forma de fé; independentemente de se ter ou não uma religião.

Fé

Fé é um sentimento inerente a todos os seres humanos, ela pode ser cega ou racional, ¹ além de divina ou humana. É cega quando aceitamos o que nos foi informado sem sabermos realmente se é certo ou não, se é verdadeiro ou falso. Ou quando não nos é permitido questionar e aceitamos o que nos foi imposto. Quando esta fé cega é levada ao extremo ela produz o Fanatismo. Já a fé raciocinada, nos leva a mais do que simplesmente crer, ela nos leva a compreender, sendo apoiada nos fatos e na lógica, não importando a época em que nos encontramos. Como diz Kardec: “não há fé inabalável senão aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da Humanidade.” ²
Contudo, como sabemos que nada existe por acaso, a fé cega foi necessária dentro da nossa evolução, conforme nos afirma Kardec: “A fé cega podia ter sua razão de ser, direi mesmo, sua necessidade, num certo período da Humanidade.” ³ Quando não entendíamos, ainda, o ser supremo, foi ela que nos guiou através do instinto a termos fé. Com o passar dos tempos ela foi sendo mistificada até que o nosso Pai enviou Jesus para nos ensinar o caminho da fé raciocinada, e hoje “compreender para crer se tornou uma necessidade para a inteligência” ⁴, como disse Kardec em sua viagem em 1862. E o Espiritismo, tão brilhantemente, nos deu à luz desse entendimento.
A fé humana se dá quando acreditamos que somos capazes de realizar um empreendimento; é a confiança em nós, é a certeza de que somos competentes. A fé humana também é aquela que confia em algo que não depende somente de nós, mas que temos a certeza que triunfaremos.
Já a fé divina é aquela que nos ampara quando necessitamos. É a centelha divina que trazemos no coração. Ela pode até adormecer, mas não a perdemos, ela estará sempre dentro de nossos corações.

A palavra Deus para os brasileiros

Para o brasileiro, Deus faz parte da cultura. A própria palavra Deus faz parte de nosso cotidiano, como: “Vai com Deus”, “Se Deus quiser”, “Deus que me perdoe”, entre outros, como a própria reportagem destaca.
Ricardo Mariano, sociólogo da Religião e professor da Universidade de São Paulo afirma que “No cotidiano brasileiro, as pessoas falam em Deus o tempo todo, é algo comum e normal, e é estranho se alguém reage de forma negativa a isso”. ⁵
O ato de crer requer sentimento e raciocínio, pois como disse Emmanuel: “Acreditar é uma expressão de crença, dentro da qual os legítimos valores da fé se encontram embrionários.” ⁶. Para que estes valores se desenvolvam é necessário que tenhamos a vontade ativa de semear o Evangelho do Cristo em nossos corações. Caso contrário, seremos como as pessoas que creem e descreem, dependendo sempre, da situação em que nos encontremos.
Portanto “Não basta dizer — Senhor! Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus” (Mt,7:21) ⁷, como nos alerta Emmanuel que devemos agir, porque a fé não satisfaz por ela própria. Mas ainda arranjamos desculpas para executar o nosso propósito. Estamos sempre procrastinando.
Nosso Irmão Jesus veio ao nosso orbe para nos mostrar o caminho que devemos seguir, veio nos mostrar o quanto devemos nos modificar, para podermos entrar no reino dos céus. Devemos desenvolver nossas duas asas; a da razão, sabedoria e a do sentimento, que é o amor, para que possamos “superar as dificuldades e os empeços de nossos próprios limites”⁸.
Não adianta dizer “vai com Deus!”, falando da boca para fora; devemos dizer com o coração puro, querendo realmente passar a mensagem com todo amor. Não bastará nos escondermos na certeza da Bondade Divina, acreditando que Ele nos ajudará nas obrigações que nos cabem, sem nenhum esforço nosso. Cada um renasce na carne com um plano de ação para ser executado por si.
“Compreendamos que se Jesus admitisse a fé inoperante como penhor de vitória na vida, não teria descido da Glória Celestial para sofrer o convívio humano, testemunhando no próprio sacrifício as suas grandes lições!…”⁹
Mas sabemos que chegará a época que todos aprenderão a lei da fraternidade universal. E neste Brasil, onde foi plantada a árvore do Evangelho do Cristo de amor e piedade, sob a luz misericordiosa do cruzeiro do sul onde é localizado o coração do mundo; onde confraternizam-se com vários povos da terra. É deste Brasil que sairão os apóstolos de Jesus a evangelizar aos irmãos que desejarem.
Como citei no início: Acreditar em Deus ou em uma força superior é uma coleção de sentimentos que se manifestam na forma de fé; independentemente de ter ou não uma religião. Pois nascemos já com as diretrizes para seguirmos o caminho do bem. Só depende de nós, levantarmos e resolvermos nos movimentar para seguirmos o Evangelho de Jesus.
Humberto de Campos em sua obra “Brasil, coração do mundo, Pátria do Evangelho” ¹⁰ nos apresenta o planejamento de Jesus quanto a ter uma terra ligada ao seu coração, e esta era o Brasil. Como sabemos, Ele não veio para os sãos e sim para os doentes, Ele veio para auxiliar-nos, com seu Evangelho. Por isso o Brasil é a Pátria do Evangelho, é aonde purificaremos nossas almas.
A missão do Brasil já está sendo cumprida há mais de 600 ou 700 anos. Mas e nós? Será que estamos fazendo nosso trabalho para cumprir com o que nos foi planejado?

• Jussara Macabu é trabalhadora e palestrante da Seara Espírita Campo da Paz – Araruama – RJ e trabalhadora do Espiritismo.net - Rio de Janeiro - RJ

Referências Bibliográficas