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  • Ex-premiê da Holanda e esposa morrem por eutanásia dupla de mãos dadas

O casal morreu de mãos dadas em um hospital de Nijmegen, no leste do país, segundo informou no fim de semana a The Rights Forum, uma fundação pró-Palestina fundada por van Agt. O ex-premiê, que governou a Holanda entre 1977 e 1982, tinha sequelas de uma hemorragia cerebral que teve em 2019, e sua esposa optou por não viver sem o marido, ainda de acordo com a fundação. Suely Marchesi comenta

  • Data :28/02/2024
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Ex-premiê da Holanda e esposa morrem por eutanásia dupla de mãos dadas

O ex-premiê possuía sequelas de uma hemorragia cerebral ocorrida em 2019, e sua esposa optou por não viver com a ausência do marido. O país permite eutanásias de casais que decidam pelo procedimento. Segundo a legislação holandesa, a eutanásia é legalizada desde 2002, mas só pode ser aplicada quando a pessoa esteja em sofrimento, sem perspectiva de alívio e com o desejo de morrer, tudo certificado por dois médicos, pelo menos. Na Europa, além da Holanda, países como Bélgica, Luxemburgo, Espanha e Portugal permitem o procedimento.

A íntegra da matéria pode ser acessada em:
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2024/02/12/ex-premie-da-holanda-e-esposa-morrem-por-eutanasia-dupla-e-de-maos-dadas.ghtml

O comentário a seguir é de Suely Marchesi

Assim como outros temas difíceis, a exemplo do aborto, o suicídio e a eutanásia trazem à tona o delicado equilíbrio emocional que temos a respeito dessas questões. A eutanásia para quem está sofrendo parece ser a solução mais humana e caridosa: para quem está em fase terminal de alguma enfermidade e sem esperança de melhora/cura, especialmente nesse caso em que o cônjuge já está de partida e se acrescentará a dor do luto às dores físicas.

Suicídio assistido: mais do mesmo, apenas desonera a equipe médica, já que o paciente é que aciona o equipamento. Sem dúvida parece ser a solução lógica e mais caritativa. Será? Para quem só vê o mundo material, penso que sim. Mas e a vida espiritual? Deus existe? Ele nos ama? Se interessa pelo que passamos, seja o que for?
A Doutrina dos Espíritos veio a público com a missão de esclarecer sobre o ‘outro lado da Vida’, de modo que o conhecimento venha a consolar os corações dos dois lados, minimizando o sofrimento e dando coragem e resiliência às pessoas que precisam passar por qualquer tipo de sofrimento (leia-se: todos nós).

A vida física é repleta de experiências de todo tipo. Algumas são ruins. Outras são boas. A Doutrina nos ensina que são necessárias. Todas elas, até as medianas e, aparentemente, sem graça. E que, em alguns casos a dor é uma prova dura, mas necessária, porque em outras experiências de vida fugimos dela, não a enfrentamos, e ela venceu.

Por mais que a ideia da eutanásia pareça caridosa, pois são pessoas já na reta final da existência terrena, questiono: será que isso estar acontecendo assim não é ação da misericórdia divina, que diz – ‘ok, você precisa dessa experiência de dor; mas deixemos para o final, para que dure só um pouco, e em breve te libertaremos dela’. Será que não estamos privando a pessoa, que tantas coisas passou na vida, da coroa de vitória no momento mais crucial de todos?

A Doutrina nos explica que há um outro lado, um além, que não é vazio, mas sim, repleto de Vida. Explica que há um Pai criador, que nos ama profundamente. E que nossas vidas não são aleatórias, mas resultado de cuidadoso planejamento para que aprendamos o máximo possível com o mínimo de sofrimento (é sério, tá lá…), pois sempre poderia ficar pior: podemos não enfrentar, fugir, nos atormentar moralmente além do que é a realidade, sem nada de dourado.

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo” há uma seção sobre o bem e o mal sofrer - que são consequências de nossas escolhas. Coisinha chata esse livre-arbítrio. Para viver, e bem viver, seja de que lado da Vida for, a fé faz toda a diferença. Fé raciocinada, fé embasada no que vamos estudando e aprendendo. Ela faz com que todas as nossas experiências, mesmo as piores, possam ser enfrentadas com, no mínimo, dignidade, e, quem sabe, em paz com o que estiver acontecendo.

Eu sei que parece duro, sem caridade e nem piedade. Novamente, os Espíritos amigos nos relatam histórias tristes de pessoas que sofreram muito, apenas para chegar lá e sofrerem ainda mais por descobrirem que foi tudo em vão, já que não aprenderam o que precisavam da experiência. E os que as amam sofrendo junto, pois quem quer ver uma pessoa amada sofrer sem poder ajudar? Posso estar errada, claro. Mas me parece ainda mais duro.

Almas abençoadas se dedicam, todos os dias, ao que chamamos “cuidados paliativos”, que é fazer com que o paciente viva o melhor possível o que lhe resta de vida, com o mínimo de desconforto, cercado dos que o amam, para que a passagem seja menos traumática quanto possível.

Enfim, a legislação muda, dependendo da localidade, algumas permitem, outras não. A escolha moral é de cada um. Para o livre-arbítrio, é definitivamente um grande teste.

  • Suely Marchesi é Arquiteto Urbanista pelo Mackenzie, pós graduada em Pedagogia Espírita pela ABPE/Unisanta. É Artesã e Professora de desenho técnico e de computação gráfica. Estudante da Doutrina Espírita desde 1995, é colaboradora do Espiritismo.net