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  • Cientistas brasileiros criam programa para diagnosticar esquizofrenia e transtorno bipolar através do relato de sonhos

Pesquisadores brasileiros demonstraram que os relatos sobre os sonhos - e não eles propriamente ditos - podem ser uma forma mais precisa de diagnosticar doenças mentais, como esquizofrenia e transtorno bipolar. Telma Simões Cerqueira comenta.

  • Data :07 Oct, 2018
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Evanildo da Silveira

De São Paulo para a BBC News Brasil

Em sua obra clássica A Intepretação dos Sonhos , publicada em 1899, o pai da psicanálise, Sigmund Freud (1856-1939), disse, com outras palavras, que os sonhos são o caminho para o inconsciente, ou seja, para as regiões mais profundas da mente. Agora, mais de um século depois, pesquisadores brasileiros demonstraram que os relatos sobre eles - e não eles propriamente ditos - podem ser uma forma mais precisa de diagnosticar doenças mentais, como esquizofrenia e transtorno bipolar. Eles até desenvolveram um programa de computador para isso.

O grupo conta com o neurocientista Sidarta Ribeiro, a psiquiatra Natália Mota, ambos do Instituto de Cérebro da Universidades Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e o físico Mauro Copelli, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “Os sonhos revelam a estrutura mental da pessoa”, diz Ribeiro, que, junto com Copelli, lidera a equipe. “A partir deles é possível identificar transtornos psicóticos em alguém.”

Para diagnosticar doenças mentais, os psiquiatras utilizam hoje uma série de questionários e contam com sua experiência para interpretar as respostas de quem estão examinando. É diferente da medicina, que pode se valer, por exemplo, de exames de sangue para detectar infecções ou diabete e do raio-X para verificar a existência de alguma fratura.

Ribeiro explica que o psiquiatra, que treinou muitos anos para isso, identifica no comportamento e na história do paciente os sinais e sintomas de sofrimento mental. “De acordo com a combinação deles, em um determinado intervalo de tempo, ele pode fechar o diagnóstico, seguindo diretrizes estabelecidas por sociedades da área”, diz.

“Mesmo assim, essa forma de exame ainda é muito dependente da avaliação subjetiva do profissional, que pode não ter acesso a todos os dados necessários, precisando muitas vezes de um longo período de observação e contato.”

Para criar um método para auxiliar o psiquiatra a fazer um diagnóstico menos subjetivo e mais preciso, os pesquisadores desenvolveram formas de medir computacionalmente certos sintomas, que tradicionalmente são detectados de modo pouco quantitativo em um exame do estado mental. “Transformamos a sequência de palavras do discurso na representação matemática denominada grafo”, explica Ribeiro.

Grafos são diagramas em que cada palavra é representada por um nó e a sucessão temporal delas por arestas (conexões entre os nós). É uma espécie de representação gráfica do discurso, ou seja, da fala de alguém.

Tecnicamente falando eles mostram ainda o grau total médio (média do total de arestas que entram e saem de um nó); maior componente conectado (total de nós no maior subgrafo em que todos eles sejam conectados entre si); e maior componente fortemente conectado (LSC - de largest strongly connected component -, total de nós no maior subgrafo em que todos eles sejam mutuamente conectados entre si).

“Essa representação permite medir diversos sintomas, como logorreia (verborragia ou profusão de frases sem sentido), alogia (dito absurdo), fuga de ideias e salada de palavras”, diz Ribeiro.

Para testar o método, os pesquisadores gravaram os relatos consentidos, feitos a Natália, do dia (estado de vigília) e dos sonhos de 60 pacientes voluntários, atendidos no ambulatório de psiquiatria de um hospital público em Natal (RN). Eles foram divididos em três grupos, um com pessoas com diagnóstico de esquizofrenia, outro, de bipolaridade, e o terceiro, sem doença, que serviu de controle.

Os discursos dos pacientes foram transcritos e inseridos no programa de computador, que os transformou em grafos. Os relatos do dia dos três grupos não foram muito diferentes uns dos outros. Quando eles contam seus sonhos, no entanto, as diferenças apareceram. Elas ficaram bem evidentes entre os esquizofrênicos e bipolares.

Os relatos dos primeiros, representados por grafos, apresentam menos ligações do que os demais. Eles costumam falar de forma lacônica e com pouca digressão (desvio de assunto), o que explica por que a conectividade e a quantidade de arestas dos seus grafos são menores em comparação às dos bipolares, que, por sua vez, tendem a apresentar um sintoma oposto, a logorreia.

Ribeiro conta que o grupo testou diversas formas de relatos de memórias e verificou que a de sonhos efetivamente é o tipo que mais diferencia os sujeitos. “As pessoas falam de assuntos cotidianos relacionados a eventos da vigília de uma maneira bastante ’linear’, seguindo uma trajetória de palavras simples e previsível”, explica.

“Mas ao contar sonhos, se elas não têm danos cognitivos, falam de uma maneira mais complexa, fazendo trajetórias de palavras mais ricas, conectando melhor todas elas do início ao fim.”

De acordo com ele, relatos de sonho são mais difíceis de serem elaborados no momento que é preciso contá-los a alguém. “Existe mais incerteza e a necessidade de evocar memórias mais profundas”, diz. “Por serem mais complexos, eles são mais úteis ao diagnóstico psiquiátrico, pois pessoas com danos cognitivos, como, por exemplo portadores de esquizofrenia, os contam de maneira muito simplificada, pouco conectada.”

O trabalho dos pesquisadores da UFRN e UFPE rendeu vários artigos científicos, como um publicado este ano, que foi o primeiro a demonstrar que a estrutura da linguagem medida por grafos em pessoas com psicose está correlacionada com aspectos neurais medidos por ressonância magnética anatômica e funcional.

Além disso, mostrou que é a estrutura da linguagem que liga os sintomas de disfunções sociais apresentados pelos pacientes a seus substratos neurais. “O artigo foi escrito com dados coletados na Inglaterra”, conta Ribeiro. “Ou seja, além da novidade de ligar os efeitos da fala a alterações cerebrais, replicamos em outra língua os achados que detectamos em português desde 2012.”

Em 2017, o grupo havia publicado um artigo que teve grande repercussão, porque possibilitou prever com seis meses de antecedência o diagnóstico de esquizofrenia, por meio de uma comparação do relato verbal do paciente com outros aleatórios usando as mesmas palavras. “Mostramos que 64% dos pacientes esquizofrênicos produzem relatos parecidos ao aleatório, se assemelhando, portanto, ao sintoma clínico de ‘salada de palavras’.”

Mesmo com os bons resultados, Ribeiro diz que a técnica que criaram não substitui o trabalho tradicional dos psiquiatras. “Nosso método é uma ferramenta quantitativa complementar ao diagnóstico clínico psiquiátrico, assim como o raio-X e o hemograma auxiliam na ortopedia e na infectologia, respectivamente”, explica.

“Ele possibilita a predição de riscos e a orientação terapêutica de maneira mais assertiva e precoce, protegendo contra danos cognitivos irreparáveis.”

Notícia publicada na BBC Brasil , em 10 de agosto de 2018.

Telma Simões Cerqueira* comenta

“As distonias mentais são autenticas doenças da alma ou do Espírito, em severas respostas cármicas, quase sempre demarcando toda a jornada carnal… Os sintomas, por não terem o devido esgotamento no campo do exaustor físico (personalidade) perduram e refletem-se em outra reencarnação.” (Dr. Jorge Andrea)

De acordo com a Doutrina Espírita, as doenças são consequências da desarmonia com as Leis da Natureza, portanto, o doente mental, sob a ótica espírita, é seguramente um transgressor dos códigos das Leis Divinas que regem todo o Universo.

Assim, torna-se impossível separar os fatores espirituais ou cármicos dos fatores psíquicos, pois ambos procedem de uma mesma fonte, qual seja, o espírito imortal.

Segundo Dr. Bezerra de Menezes, a dor e o sofrimento resultam dos acidentes comportamentais, quando o homem exorbita do livre-arbítrio e faz-se verdugo de si mesmo, visto que, agindo erradamente, impõe-se a ele a necessidade da reparação e da reconquista do tempo malbaratado no erro. (Loucura e Obsessão , cap. 4, pp. 46 a 48.) Ainda nos informa que a esquizofrenia é uma enfermidade muito complexa nos estudos da saúde mental. As pesquisas psiquiátricas, psicanalíticas e neurológicas têm projetado grande luz às terapêuticas de melhores resultados nas vítimas dessa terrível alienação. No entanto, há ainda muito campo a desbravar, em razão de suas origens profundas se encontrarem ínsitas no Espírito que delinque. A consciência individual, representando, de algum modo, a Cósmica, não se poupa, quando se descobre em delito, após a liberação da forma física, engendrando mecanismos de autorreparação ou que lhe são impostos pelos sofrimentos advindos da estância do além-túmulo. (Loucura e Obsessão , cap. 4, pp. 48 e 49.)

O esquizofrênico não tem destruídos nem a afetividade, nem os sentimentos; tem dificuldade em expressá-los, em razão dos profundos conflitos conscienciais, que são resíduos das culpas passadas. E porque o Espírito se sente devedor, não se esforça pela recuperação, ou teme-a a fim de enfrentar os desafetos, o que lhe parece a pior maneira de sofrer do que aquela em que se encontram, nos diz o benfeitor na obra citada.

A Psiquiatria científica atual ainda renega as informações sobre a alma e sua existência após a morte e assim lida apenas com o cérebro e os desequilíbrios dos neurotransmissores, numa atitude característica de utilizar medicamentos químicos para órgãos isolados, atuando como paliativo, mas não em nível curativo.

Nos desequilíbrios mentais, deparamos com a lembrança de outras existências que se encontram preservadas e arquivadas no psiquismo do ser humano e ganham, assim, uma enorme expansão nos seus diagnósticos, análises e tratamentos.

Todos estamos sintonizados em situações traumáticas do nosso passado transpessoal, mas os “piores momentos" são que mais nos influenciam.

Situações de vidas passadas podem estar “adormecidas” em nosso inconsciente e despertarem mediante um estímulo específico, como um trauma psíquico, um filme, um livro, uma viagem, o nascimento de um filho, etc. E aí, passamos a lembrar “flashes, cenas” de outra encarnação concomitantemente a essa, a atual, e surgem então, as ideias estranhas, crenças difíceis de entender, as fobias, o pânico, os medos inexplicáveis, os rituais, pesadelos, visões, audições, e se a pessoa for consultar um psicólogo ou um psiquiatra que não entende sobre a Reencarnação, receberá um diagnóstico, baseado nos seus sintomas, dentro dos critérios do DSM (Diagnóstico de Saúde Mental).

A Doutrina Espírita nos leva a constatar que não existem doenças, existem doentes, porque as doenças estão alojadas na alma de cada Ser. Questões emocionais desta e de outras vidas entram em jogo. “O transtorno mental é um resquício do passado”, define o presidente da Associação Mineira dos Médicos Espíritas, Andrei Moreira, apontando aí as vidas passadas como ponto de partida para um entendimento de que a percentagem quase total das enfermidades humanas tem origem no psiquismo.

As tendências patológicas agem como um alarme, fazendo o espírito automodelar-se nas tendências e paixões. É a própria Lei de Causa e Efeito a serviço da educação moral, finalidade maior de sua existência no grande plano pedagógico de Deus.

Assim, podemos melhor compreender que os processos dos transtornos mentais como um todo servem de recursos retificadores dos trânsfugas espirituais que, mais cedo ou mais tarde, se reabilitarão com a Lei, corrigindo em si mesmos os desvios das paixões alucinantes, do suicídio direto e indireto, dos abusos da inteligência e de outras formas de viciação e alienação do espírito.

Embora a própria enfermidade seja em si mesma uma forma de cura da causa original do problema, a providência divina concedeu à medicina humana a descoberta de recursos, meios paliativos e mesmo efetivos de controlar, digamos, o descontrole.

Sob o ponto de vista espiritual, a reforma íntima, a vigilância e a oração, o propósito no bem, as ações beneficentes constituem-se na melhor profilaxia e tratamento. Não raro, os portadores de TB trazem um séquito de cobradores do passado que podem vir a ser soezes obsessores, complicando um quadro já em si complexo e difícil. O transtorno bipolar do humor parece ser um facilitador da manifestação de faculdades mediúnicas, o que junto às afinidades espirituais do passado e os seus compromissos, vulnerabiliza o enfermo, que se torna assim presa fácil de múltiplos fatores alienantes. É desnecessário dizer que a utilização da terapêutica espírita é de grande valia, se acompanhado do devido esforço regenerativo por parte do doente. Cada ser humano é responsável pela busca do seu equilíbrio, da sua harmonia. A Doutrina Espírita auxilia no tratamento da consciência humana, lhe apresentando novos valores, apontando a Educação do Espírito como o primeiro passo para a Cura da alma.

Jesus não curou corpos, curou o Espirito imortal. Muitos daqueles que Ele curou voltaram a se enfermar, por isso a importância do esforço por parte do doente. “Vá e não tornes a pecar.” (Jesus)

Olhando por esse prisma a Ciência Espirita muito pode colaborar no tratamento e na cura dos desequilíbrios mentais. Allan Kardec, em A Gênese, ao tratar da aliança da ciência material com a ciência espírita, nos diz que ao distinguir as duas ciências, pois utilizam elas de meios materiais e métodos totalmente diferentes, não quis separá-las, mas vislumbrar a união dessas fontes de saber, que trariam ao homem não somente o conhecimento de si mesmo enquanto ser biológico, mas de suas origens, sua destinação final, seu real objetivo na Terra. O Codificador percebeu que a Ciência teria um limite, que não avançaria além das leis materiais, e a aliança com a Ciência Espírita, que trata do que está além da matéria, seria a instrumentação que propiciaria o conhecimento pleno e útil ao homem.

Mas a tão esperada aliança entre as ciências espírita e material ainda não ocorreu, porém, está caminhando para que isso aconteça, porque faz parte da lei de progresso a que todos estamos submetidos.

Inúmeros pesquisadores, como esses que vimos na reportagem, se dedicam a encontrar a cura ou o tratamento mais específico para as doenças que afligem uma grande parte da humanidade.

A doença é o caminho pelo qual o ser humano pode seguir rumo à cura.

Quanto maior for nossa compreensão, maior nosso aproveitamento das coisas que nos cercam.

E Deus, em seus desígnios, oferece ao homem de ciência essa possibilidade, utilizando-se da sua inteligência, como de todas as suas faculdades para fazer a Humanidade avançar na senda do progresso.

Como nos afirma o Dr. Paulo César Frutuoso, “aguardemos os tempos futuros, quando a ciência médica, absolutamente consciente dessas verdades, saberá como melhor atuar sobre as origens pregressas de inúmeras enfermidades que hoje são abordadas apenas nos aspectos físicos que promovem, ignoradas que ainda são suas causas espirituais”.

Bibliografia Consultada:

  • ANDREA, Jorge – Visão Espirita das Distonias Mentais;

  • KARDEC, Allan. A Gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. Brasília: FEB, 2013;

  • FRANCO, Divaldo. Loucura e Obsessão, Manoel Philomeno de Miranda – cap. 4, pp. 48 e 49.);

  • PEREIRA, Yvonne. “Memórias de um Suicida - ed. FEB;

  • FRUTUOSO, Paulo Cesar. A face oculta da medicina. 2ª ed. Rio de janeiro. Editora Lar de Frei Luiz. 2012.

  • Telma Simões Cerqueira é Bacharel em Nutrição pela Universidade Veiga de Almeida, artista plástica e expositora espírita. Nasceu em lar evangélico, porém se tornou espírita nos arroubos da juventude, conhecendo a Doutrina Espírita aos 23 anos. Sempre ativa no Movimento Espírita, participa das atividades do Centro Espírita Jorge Niemeyer, em Vila Isabel, Rio de Janeiro/RJ.