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  • A incrível quantidade de dinheiro que os milionários dizem precisar para serem felizes

Não se pode afirmar que dinheiro ‘compre’ felicidade, mas é provável que ajude - em parte - a melhorar certas coisas na vida. O problema é que, aparentemente, o dinheiro nunca é suficiente e quanto mais se tem, mais se quer. Valerie Nascimento comenta.

  • Data :05/02/2018
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Quem não gostaria de ter o salário aumentado ou de receber uma herança?

Não se pode afirmar que isso “compre” felicidade, mas é provável que ajude - em parte - a melhorar certas coisas na vida.

O problema é que, aparentemente, o dinheiro nunca é suficiente e quanto mais se tem, mais se quer.

Uma pesquisa da Escola de Negócios de Harvard - da qual participaram 4 mil milionários de vários países - chegou à conclusão de que a maior parte dos ricos acredita que com mais dinheiro será mais feliz, considerando a felicidade como um nível mais elevado de satisfação em sua vida.

O que surpreende no estudo é que um quarto dos milionários entrevistados diz que, para ser “feliz”, precisaria que sua riqueza aumentasse em 1.000%.

Outro um quarto deles respondeu que precisaria de um aumento de 500% de sua fortuna para sentir-se completamente bem.

O pesquisador responsável pelo estudo, Grant Donelly, disse à BBC Mundo que, segundo os resultados, uma grande riqueza gera felicidade, mas há certos detalhes.

Por exemplo, há um limite que marca um ponto de mudança entre os entrevistados.

“Os que têm um patrimônio superior a US$ 8 milhões (R$ 26,48 milhões) são significativamente mais felizes que os que têm US$ 1 milhão (R$ 3,31 milhões)”.

Basicamente, isso não varia muito para cima dessa linha ou para baixo dela.

A pesquisa pediu a milionários do Brasil, Hong Kong, India, Irlanda, Mônaco, Catar, Arábia Saudita, Singapura, África do Sul, Espanha, Suíça, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Estados Unidos que avaliassem seu nível de felicidade em uma escala de 1 a 10.

Para fazer parte do estudo, as pessoas precisavam ter um nível mínimo de riqueza de US$ 1 milhão.

Qual é o limite?

Donelly diz que não se pode estimar uma cifra exata de dinheiro para que uma pessoa se sinta feliz, mas que há certos parâmetros.

“Os ganhadores do prêmio Nobel de Economia, Daniel Kahneman e Angus Deaton, sugerem que uma renda anual de US$75.000 (o equivalente a R$ 248,2 mil) é ideal. Nossos resultados sugerem que a felicidade aumenta quando a riqueza cresce, incluídos nessa lista os mais ricos”, observa o pesquisador.

“Na medida em que as pessoas têm um trabalho que consideram significativo e que incrementa sua riqueza, podem experimentar mais felicidade”.

Um elemento que surpreendeu ao pesquisador foi que quando questionados em quanto teriam que aumentar seus patrimônios para serem um ponto mais felizes - na escala de 1 a 10 - os entrevistados responderam mais de 100%.

Ou seja, a ambição de ter mais poder econômico parece não dar trégua a qualquer escala.

Os herdeiros não são tão felizes

Aqueles que viraram milionários quando receberam uma herança ou porque casaram com uma pessoa rica expressaram sentir-se menos felizes que os que contruíram seus patrimônios a partir do trabalho.

Outra conclusão do estudo é que apenas 13% dos ricos declararam que podem ser felizes com o dinheiro que têm.

O mistério que ainda não tem resposta é porque a partir dos US$ 8 milhões as pessoas se sentem significativamente mais felizes do que os ricos com um patrimônio inferior a essa cifra.

O que fará essa diferença? Os pesquisadores não têm a resposta. Hipoteticamente, no entanto, eles dizem ser possível que, a partir desse nível de riqueza, as pessoas sintam uma vantagem em relação aos seus pares e, portanto, tenham uma maior auto-estima.

Ou, talvez, essa quantidade de riqueza faça com que os milionários sintam que seu patrimônio é seguro o suficiente para gastar livremente em coisas como doações ou dar grandes presentes.

Notícia publicada na BBC Brasil , em 1º de janeiro de 2018.

Valerie Nascimento* comenta

“Há ricos do dinheiro, tão ricos de usura, que se fazem mais pobres que os pobres pedintes da via pública que, muitas vezes, não dispõem sequer de um pão.” - Emmanuel, no livro “O Espírito de Verdade”, pela psicografia de Chico Xavier.

Partindo da advertência de Jesus de que a felicidade plena ainda não é deste mundo, nos questionamos por que muitos a procuram na fama, na fortuna, no prazer, na beleza e eterna juventude…

Nesse contexto, a riqueza é fundamental para o progresso e deve ser vista com uma concessão Divina. Quando já conseguimos compreender essa fabulosa ajuda de Deus, nos cabe a indagação do que estamos fazendo de bom e digno com as regalias obsequiadas por Ele.

Carregamos tendências que são inerentes ao Espírito, visto que são mais morais que físicas. Assim, por exemplo, não é o dinheiro em si que estimula o desejo de possuir cada vez mais para sustentar uma felicidade que nunca se alcança de fato. É o Espírito que dá a ele, ao dinheiro, o uso correspondente aos seus instintos.

A doutrina espírita esclarece que com a inteligência e o senso moral nascem a noção do bem e do mal, do justo e injusto. Partindo desse princípio, quando mais esclarecido o Espírito, mais responsável será pelos próprios atos. Dessa forma, “A felicidade perfeita é inerente à perfeição, quer dizer, à purificação completa do Espírito. Toda imperfeição é ao mesmo tempo uma causa de sofrimento e de privação de ventura, da mesma maneira que toda qualidade adquirida é uma causa de ventura e de atenuação dos sofrimentos,” - Allan Kardec, em “O Céu e Inferno”, no capítulo que trata das Penas Futuras.

E dentre as várias provas que podemos solicitar ao planejarmos uma futura reencarnação, a riqueza e a miséria são aquelas em que mais falhamos ao realizá-las. A primeira por provocar lamentações e reclamações contra a divina Providência; a segunda por induzir aos excessos e ao egoísmo.

Façamos uma viagem no tempo e retornemos ao tempo de Jesus. O Mestre nasceu em Nazaré, vilarejo formado por um pequeno povoado de mais ou menos 20 casas. Nazaré fazia parte da Galileia, onde Jesus passou a maior parte da Sua vida. Por ser longe de Jerusalém, a principal cidade da Judeia, o povo galileu era conhecido por sua rudeza e vida simplíssima. Imaginamos que seria como o povo sofrido do nosso sertão nordestino em relação aos moradores de grandes metrópoles, cujas possibilidades de melhor qualidade de vida são maiores.

Era uma cidade pobre, barulhenta, insegura, de higiene precária e com construções que dividiam paredes. Pode-se imaginar que os ricos viviam em locais diferentes e em prédios dotados de certo luxo. A terra da Galileia era bastante propícia à agricultura, por isso, as família viviam do que plantavam. Junto com a pesca, o plantio constituía a renda do povoado. Ainda existiam pessoas que retiravam seu sustento a partir de trabalhos manuais, como José que era carpinteiro. Sendo assim, observemos que ali não notamos indivíduos com posse, riquezas ou ofícios de alto escalão.

Agora, vejamos as condições atuais do nosso planeta Terra: Por todo o Globo seguem existindo misérias, guerras, doenças, má distribuição de riqueza e mal uso do dinheiro público; luta pela conquista, manutenção e aumento de fortunas, algumas já incalculáveis, ao passo que há privação do básico para sobrevivência de outros companheiros. Observemos que não existe muita diferença entre nosso passado histórico e hoje, em consequência do egoísmo que ainda trazemos em nós.

Continuemos nossa viagem pelo passado, mas agora relembrando de Zaqueu. Como supervisor dos coletores de impostos à época do Cristo, naturalmente era pessoa impopular entre judeus. Isso porque do pouco que tinham para o próprio sustento, eram obrigados a pagar além do justo às contas públicas. As cobranças abusivas enriqueciam os coletores, que repassavam ao governo o estipulado com base numa estimativa de rendas, ficando com o excedente para si.

Como os textos antigos nos mostram, Zaqueu era um homem que havia se corrompido pelo poder. Porém, assim que recebeu Jesus em sua casa, modificou prontamente seus hábitos, se arrependeu e corrigiu as injustiças praticadas e tornou-se um bom homem: “E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado.” (Lucas: 19,8-9.)

Vemos então que o problema nunca foi o dinheiro ou a falta dele. Na verdade, a dificuldade surge quando não fazemos a opção pelo bem, independente da posição em que a vida nos situe. Paulo de Tarso chega a dizer em Filipenses 4:12-13: “Sei passar falta, e sei também ter abundância; em toda maneira e em todas as coisas estou experimentado, tanto em ter fartura, como em passar fome; tanto em ter abundância, como em padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece.”

O orgulho e o egoísmo são grandes feridas que trazemos na alma e a cura passa pela vivência dos ensinos de Jesus. Em 21 séculos de era Cristã seguimos resistentes a aceitar que apenas nossa transformação moral para o bem pode nos proporcionar a felicidade plena. Nos comportamos como aquele que precisa caminhar sobre terreno muito íngreme e se recusa a calçar uma bota que proteja seus pés. A vida material é apenas uma etapa da caminhada do Espírito imortal, um meio para se chegar ao fim designado por Deus. Sem essa visão, valorizamos demais o aqui e agora e, consequentemente, seguimos ferindo nossos pés desprotegidos.

Eduardo Costa, famoso cantor sertanejo, em entrevista recente, falou do vazio que ainda sentia, embora o seu talento o tivesse tirado de uma vida de grandes privações materiais. Mesmo cercado de amigos, tendo boa vida familiar, sendo jovem e saudável, possuidor de considerável fortuna e estando no auge da fama. Com tudo o que se diz necessário para ser feliz, ele não o era. Segundo Eduardo, faltava algo que o dinheiro e reconhecimento não traziam, lhe faltava conectar-se com Deus.

É muito possível que uma prova de riqueza ou pobreza seja bem aproveitada. O dinheiro é necessário para alavancar o progresso da humanidade, melhorando condições de vida, empregabilidade, educação, saúde, segurança, entre outros. Por isso, de fato, seria impossível que a riqueza fosse distribuída igualitariamente entre nós. Em função das diferentes capacidades que cada um de nós possui, grandes somas precisam estar em mãos de pessoas que possam agir em prol do ser espiritual que todos somos e não para nos prender mais a tesouros que teremos que deixar no mundo, obrigatoriamente, com o fenômeno da morte.

A riqueza só é boa para nós quando ela nos torna bom para os outros. É essa atitude que preenche o vazio relatado pelo cantor sertanejo, é o Amor nos completando, preenchendo. “Lembra-te, pois, de que todos somos ricos de alguma coisa ante o Suprimento Divino da Divina Bondade, e, usando os talentos que a vida te confia na missão de fazer mais felizes aqueles que te rodeiam, chegará o momento em que te surpreenderás mais rico que todos os ricos da Terra, porquanto entesourarás no próprio coração a eterna felicidade que verte do amor de Deus.” - Emmanuel, no livro “O Espírito de Verdade”, pela psicografia de Chico Xavier.

Fontes:

  • “O Espírito de Verdade”, de Emmanuel, psicografado por Chico Xavier;

  • “O Céu e Inferno”, de Allan Kardec;

  • “Ações Corajosas para Viver em Paz”, de Benedita Maria, psicografado por Raul Teixeira.

  • Valerie Nascimento é espírita e colaboradora do Espiritismo.net.