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O vale dos suicidas

EM DEFESA DA VIDA

O VALE DOS SUICIDAS

Mas na caverna onde padeci o martírio que me surpreendeu além do túmulo, nada disso havia!

Aqui, era a dor que nada consola, a desgraça que nenhum favor ameniza, a tragédia que idéia alguma tranquilizadora vem orvalhar de esperança! Não há céu, não há luz, não há sol, não há perfume, não há tréguas!

O que há é o choro convulso e inconsolável dos condenados que nunca se harmonizam! O assombroso “ranger de dentes” da advertência prudente e sábia do Mestre de Nazaré! A blasfêmia acintosa do réprobo a se acusar a cada novo rebate da mente flagelada pelas recordações penosas! A loucura inalterável de consciências contundidas pelo vergastar infame dos remorsos! O que há é a raiva envenenada daquele que já não pode chorar, porque ficou exausto sob o excesso das lágrimas! O que há é o desaponto, a surpresa aterradora daquele que se sente vivo a despeito de se haver arrojado na morte! É a revolta, a praga, o insulto, o ulular de corações que o percutir monstruoso da expiação transformou em feras! O que há é a consciência conflagrada, a alma ofendida pela imprudência das ações cometidas, a mente revolucionada, as faculdades espirituais envolvidas nas trevas oriundas de si mesma! O que há é o “ranger de dentes nas trevas exteriores” de um presídio criado pelo crime, votado ao martírio e consagrado à emenda! É o inferno, na mais hedionda e dramática exposição, porque, além do mais, existem cenas repulsivas de animalidade, práticas abjetas dos mais sórdidos instintos, as quais eu me pejaria de revelar aos meus irmãos, os homens!

(Do livro “Memórias de um Suicida”, de Yvonne A. Pereira, ed. FEB)



Yvonne do Amaral Pereira (1900-1984), médium psicógrafa e autora de diversos livros espíritas, apresenta em “Memórias de um Suicida” um mergulho nas profundezas da alma humana, explorando temas tanto da vida encarnada como da vida do espírito, conduzindo-nos a uma jornada íntima e reflexiva através das memórias de seu protagonista.

A obra incita reflexões sobre o significado da vida, a natureza da dor e do sofrimento, bem como a busca incessante pela redenção e pela paz interior. Não se limita apenas a explorar os aspectos sombrios e dolorosos da experiência humana, mas também oferece uma perspectiva de esperança e renovação, do encontro com o perdão e a transformação.

O trecho selecionado acima nos faz ponderar sobre as consequências de nossos atos e a continuidade da vida. A noção de que a morte não é o fim, mas sim uma transição para um estado diferente, onde continuamos com os pensamentos e sentimentos inalterados. Oferece também o entendimento sobre o plano espiritual e como nós o influenciamos a partir de nosso estado mental e emocional, proporcionando uma importante e profunda reflexão sobre a Vida.

Lembremo-nos sempre de que a dor e as dificuldades que enfrentamos fazem parte do nosso crescimento, mas é a nossa perseverança em superar os desafios que nos faz evoluir. Tudo nesta vida é passageiro… e os maiores desafios também terão seu fim.

Se você precisa de ajuda ou conhece alguém que neste momento precisa de uma palavra amiga, não desista, persista! Saiba que você não está sozinho em sua luta. Há sempre apoio, nunca estamos sozinhos e Deus não nos desampara, seja através de amigos, familiares ou mesmo de profissionais de saúde mental. Não tenha medo de buscar ajuda e compartilhar suas dores. Procure o CVV - Centro de Valorização da Vida -, ligando para o 188 de qualquer lugar do Brasil, ou acesse o chat abaixo e converse com nossa equipe de Atendimento Fraterno.