Autor: 
Juana de Jesús

Diante do imenso Universo no qual vivemos, questionamo-nos se realmente existe Deus e, se Ele existe, será que nos criou imortais? Temos alma? Somos almas? A vida é única ou realmente existem várias reencarnações? Por qual motivo eu estou aqui? Qual é o objetivo da minha vida? Por que existe tanto sofrimento se Deus é suprema bondade?  

Frequentemente nos questionamos sobre esses grandes problemas[2] da vida. Outras várias vezes tentamos frustradamente encontrar respostas com sábios da ciência do mundo. Esquecemo-nos, porém, de que para entender assuntos superiores, faz-se necessário o auxílio do Mestre de todos nós, Aquele que é um só com O Maior Sábio. 

É possível, sim, enxergar Deus ao nosso redor, “Pois cada árvore é conhecida a partir do próprio fruto [...]” (Lucas 6:44[3]). Com base nesta abordagem, Léon Denis nos faz o seguinte convite: “Se estudarmos as Leis da Natureza, se procurarmos o princípio das verdades morais que a consciência nos revela, se pesquisarmos a beleza ideal em que se inspiram todas as artes, em toda parte e sempre, acima e no fundo de tudo, encontramos a ideia de um ser superior [...][4]

Segundo o autor, existem, portanto, dois livros abertos nos quais podemos encontrar esta revelação: 1) o livro do Universo e 2) o livro da consciência. “A mesma força que, sob o nome de atração, retém os mundos em suas órbitas, [...] agrupa as moléculas [...][5]”, harmoniza o todo e “todos os fins coordenam-se, formam um conjunto, evoluem para um mesmo alvo. E esse alvo é Deus, [...], fim derradeiro de todo o pensamento de todo o amor[6]”.

Assim sendo, os acontecimentos que julgamos catástrofes apresentam um fundo Sábio que nos traz lições, “são coisas propícias à nossa educação e ao nosso adiantamento[7]”. Conscientes de que o mal não existe, sendo antes um contraste como a sombra o é para a luz, para fazer com que ele desapareça, basta realizar o bem.

Agir no bem não é ação cabível à matéria, pois que necessita de inteligência. “Todas as potências intelectuais e morais grupam-se em uma unidade central que as abraça, liga e esclarece, e esta unidade é a consciência, a personalidade, o eu, ou, por outra, a alma[8]”. E a diversidade de caracteres, habilidades, competências e atitudes não pode ser explicada sem a pluralidade das existências. Em um Universo harmônico, as desigualdades precisam dos aspectos da reencarnação para esclarecê-las.

A intuição da Justiça que tudo rege nos faz compreender que não devemos viver e sofrer sem um objetivo. “Uma cadeia ascendente e contínua liga todas as criações, o mineral ao vegetal, o vegetal ao animal e este ao ente humano. Liga-os duplamente, ao material e ao espiritual[9]” e tudo evolui, do átomo ao arcanjo, a começar ele mesmo pelo átomo[10].

Já sabemos, então, o que somos e para onde vamos, qual o alvo da vida.“[...] não devemos mais procurar satisfações materiais, porém trabalhar com o ardor pelo nosso adiantamento[11]”. As provas dolorosas, sejam físicas, sejam morais, nos levam ao desenvolvimento, compelindo-nos a dominar os nossos desejos inferiores, as nossas paixões. “[...] injustiça da sorte não é senão a reparação[12]”, e a necessidade da reparação é necessidade do bem, é a vivência do amor para consigo mesmo, para com o próximo e, acima de tudo, a Deus.

 “Feliz da alma que, em sua marcha, é sustentada por um nobre entusiasmo: amor da verdade e da justiça, amor [...] da Humanidade! Sua ascensão será rápida, sua passagem por este mundo deixará traços profundos, sulcos de onde colherá uma messe bendita[13]”.

 

REFERÊNCIAS

DENIS, Léon. Depois da Morte: exposição da Doutrina dos Espíritos: solução científica e racional dos problemas da vida e da morte: natureza e destino do ser humano; as vidas sucessivas. 28. ed. – 7 imp. Brasília: FEB, 2019.

DIAS, Haroldo Dutra (Trad.). O Novo Testamento. 1.ed. – 11 imp. – Brasília: FEB, 2020.

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos filosofia espiritualista / recebidos e coordenados por Allan Kardec; [tradução de Guillon Ribeiro]. – 93. ed. 1. imp. (Edição Histórica) –Brasília: FEB, 2013.

 

 

[1] Este é o segundo artigo de uma série de cinco com o objetivo de abordar a obra Depois da Morte, de Léon Denis, todos concedidos pela autora para serem publicados por Espiritismo.net. A revisão é de Alberto Ribeiro Vallim, por quem gostaríamos de expressar a nossa imensa gratidão. Rogamos ao Nosso Senhor Jesus que abençoe todas as almas envolvidas neste belo trabalho de amor.

[2] Léon Denis aborda esses grandes problemas na segunda parte da obra: Depois da morte, nos seguintes capítulos: IX) O Universo e Deus, X) A vida imortal, XI) A pluralidade das existências, XII) O alvo da vida, XIII) As provas e a morte, XIV) Objeções.

[3] DIAS, 2020, p.283

[4] DENIS, 2019, p.93

[5] DENIS, 2019, p.96

[6] DENIS, 2019, p.98

[7] DENIS, 2019, p.99

[8] DENIS, 2019, p.107-108

[9] DENIS, 2019, p.111

[10] KARDEC, 2013, p.263-264, q. 540

[11] DENIS, 2019, p.115

[12] DENIS, 2019, p.116

[13] DENIS, 2019, p.109

 

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