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  • Depois da morte: O caminho reto

Para Léon Denis, a posse, a compreensão da lei moral é o que há de mais necessário e de mais precioso para a alma. Todos nós estamos a ela vinculados e, para alcançarmos equilíbrio e harmonia, devemos realizar a higiene da alma, limpando nossos atos e conservando nossas forças espirituais nessas direções. Cada um executa sua obra, sua parte, no grande concerto universal.

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A única certeza de que temos é a de que nosso corpo morrerá em algum momento. A alma, porém, sendo imortal, resplandecerá conforme foi tratada. Sendo assim, se adotou o caminho reto1 , progredindo em educação e amor, viverá abençoando e amando em qualquer tempo e espaço.

Para Léon Denis,* a posse, a compreensão da lei moral é o que há de mais necessário e de mais precioso para a alma* 2 . Todos nós estamos a ela vinculados e, para alcançarmos equilíbrio e harmonia, devemos realizar a higiene da alma, limpando nossos atos e conservando nossas forças espirituais nessas direções. Cada um executa sua obra, sua parte, no grande concerto universal 3 .

Aquele que realiza as boas obras é inspirado por um sopro do Alto e não se apega a desejos inferiores, como tentações da fortuna e da carne, pois somente busca o seu engrandecimento moral; e, porque cumpre os seus deveres a cada dia, é feliz, terminando seu dia dizendo: Fiz hoje obra útil, alcancei alguma vantagem sobre mim mesmo, assisti e consolei desgraçados, esclareci meus irmãos, trabalhei por torná-los melhores; tenho cumprido o meu dever! 4

A honestidade é a essência do homem moral 5 . Ele faz o bem pelo bem, usa suas posses com moderação, perdoa, é benévolo para com todos e vê um irmão em cada ser, sabendo realçar as qualidades deles, e, também, desculpar-lhes as faltas. Antes de tudo, o homem honesto busca o julgamento e o aplauso de sua própria consciência 6 .

O nosso dever depende da nossa condição e do nosso saber. Eles existem em relação a nós mesmos, à sociedade em que vivemos e a toda Humanidade, bem como para com O Criador. No entanto, é na imolação de si própria que a criatura encontra o mais seguro meio de se engrandecer e de se depurar 7 . Ninguém pode acabar com o mal sem antes conhecê-lo por si mesmo. É por meio da prática constante do dever que chegamos ao aperfeiçoamento. Só os primeiros esforços são penosos […] 8 . Todos os Espíritos superiores têm profundamente enraizado em si o sentimento do dever; é sem esforços que seguem a própria rota 9 .

Pela força da fé, da confiança na certeza de nosso destino, que é a felicidade e a Verdade, é que avançamos com esperança e esclarecimento pela infinitude. O espírita conhece e compreende a causa de seus males; sabe que todo sofrimento é legítimo e aceita-o sem murmurar 10 . Os insultos e humilhações pelos quais passa, são remédios eficazes para os males que o orgulho engendra 11 .

O orgulho é o mal mais temível. Dele derivam quase todos os males da Humanidade: ódios, ambições, guerras, intrigas, conflitos de todas as ordens, além de padecimentos à alma depois da morte do corpo físico. Já o egoísmo é o maior obstáculo ao melhoramento social 12 . Denis acredita que com um pouco de reflexão e sensatez evitaríamos esses males 13 : depois de Deus, é à sociedade que devemos todos os benefícios de nossa vida. Nos dizeres dele, não haverá paz entre os homens, não haverá segurança, felicidade social enquanto o egoísmo não for vencido, enquanto não desaparecerem os privilégios […]14 .

Necessitamos praticar o oposto: a caridade. Dela advém a salvação. A caridade material será praticada conforme a disponibilidade de nossas posses, a limitado número de pessoas. A caridade moral, porém, deve ser exercida com todos que cruzem o nosso caminhar evolutivo. Ela gera outras virtudes como a paciência, a doçura e a prudência. Há males sobre os quais uma amizade sincera, uma ardente simpatia ou uma afeição operam melhor que todas as riquezas 15 .

Lembremo-nos de que seremos julgados com a mesma medida de que nos servimos para com os nossos semelhantes. As opiniões que formamos sobre eles são quase sempre reflexo da nossa própria natureza 16 . A caridade, porém, sempre doce e benevolente, reanima os corações mais endurecidos e desarma os Espíritos mais perversos, inundando-os com o amor 17 .

Os sofrimentos pelos quais passamos nos tornam sensíveis aos males alheios, abrandando os nossos corações. A dor nos faz desprender do transitório, do perene, da matéria, assim como a partida de entes queridos, convidando-nos a concentrar na verdadeira Vida.

A Bondade Divina, porém, não nos deixou sem instrumentos de consolo para esses momentos. A prece é meditação sempre útil, fecunda, que traz calma e conforto. Ela nos faz elevar acima das coisas terrestres e nos impulsiona, tanto quanto mais sincero for o seu apelo, às inspirações do Alto. O pensamento, quando é atuado por grande força de impulsão, por uma vontade perseverante, vai impressionar as almas a distâncias incalculáveis 18 . Orar pelos aflitos e enfermos é dever de caridade. Conserva tua alma sem máculas, tua consciência sem remorsos. Todo pensamento, todo ato mau atrai as impurezas mundanas; todo impulso, todo esforço para o bem, centuplica as atua forças e far-te-á comunicar com as potências superiores 19 .

Despertai, ó vós todos que deixais dormitar as vossas faculdades e as vossas forças latentes20
.
Estudar é fonte de puros gozos; liberta-nos das preocupações inferiores e auxilia-nos a esquecer as tribulações. Amar é sentir-se viver em todos e por todos, é consagrar-se ao sacrifício, até a morte, em benefício de uma causa ou de um ser 21 . A vida é curta. Enquanto ela durar, esforça-te por adquirir o que vieste procurar neste mundo: o verdadeiro aperfeiçoamento22 .

REFERÊNCIAS

DENIS, Léon. Depois da Morte : exposição da Doutrina dos Espíritos: solução científica e racional dos problemas da vida e da morte: natureza e destino do ser humanos; as vidas sucessivas. 28. ed. – 7 imp. Brasília: FEB, 2019.

1 Léon Denis aborda *O caminho reto * na quinta parte da obra: Depois da morte , nos seguintes capítulos: XLII) A vida moral; XLIII) O dever; XLIV) Fé, esperança, consolações; XLV) Orgulho, riqueza e pobreza; XLVI) O egoísmo; XLVII) A caridade; XLVIII) Doçura, paciência, bondade; XLIX) O amor; L) Resignação na adversidade; LI) A prece; LII) Trabalho, sobriedade, continência; LIII) O estudo; LIV) A educação; LV) Questões sociais; e LVI) A lei moral.

2 DENIS, 2019, p.307.

3 DENIS, 2019, p.289.

4 DENIS, 2019, p.246.

5 DENIS, 2019, p.244.

6 DENIS, 2019, p.244.

7 DENIS, 2019, p.244.

8 DENIS, 2019, p.245.

9 DENIS, 2019, p.243.

10 DENIS, 2019, p.249.

11 DENIS, 2019, p.251.

12 DENIS, 2019, p.257.

13 DENIS, 2019, p.253.

14 DENIS, 2019, p.259.

15 DENIS, 2019, p.265.

16 DENIS, 2019, p.264.

17 DENIS, 2019, p.266.

18 DENIS, 2019, p.285.

19 DENIS, 2019, p.308.

20 DENIS, 2019, p.290.

21 DENIS, 2019, p.271.

22 DENIS, 2019, p.315.