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  • Sentir raiva e ódio pode nos deixar felizes, aponta estudo

As pessoas são mais felizes quando são capazes de se expressar emocionalmente, mesmo que sejam sentimentos desagradáveis, como raiva e ódio, aponta um novo estudo. Sergio Rodrigues comenta.

  • Data :06 Oct, 2017
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Katie Silver

Repórter de Saúde da BBC News

As pessoas são mais felizes quando são capazes de se expressar emocionalmente, mesmo que sejam sentimentos desagradáveis, como raiva e ódio, aponta um novo estudo.

A pesquisa foi realizada com 2,3 mil estudantes universitários de Brasil, Estados Unidos, China, Alemanha, Gana, Polônia, Israel e Cingapura.

Os cientistas questionaram os participantes sobre quais emoções eles almejavam sentir e o que de fato sentiam. Depois, compararam isso com a forma como avaliavam seus níveis de felicidade e satisfação com a vida.

Os resultados indicam que a felicidade “é mais do que simplesmente sentir prazer ou evitar dor”.

Os pesquisadores descobriram que, quanto mais as pessoas têm os sentimentos que esperam, maior é sua satisfação, “mesmo que sejam emoções negativas”, esclarece a líder do estudo, Maya Tamir, da Universidade Hebraica de Jerusalém, em Israel.

Felicidade em xeque

Surpreendentemente, a pesquisa aponta que 11% dos estudantes querem sentir menos emoções positivas, como amor e empatia, enquanto 10% desejam ter sentimentos negativos, como ódio e raiva.

“Se uma pessoa não sente raiva quanto lê sobre um caso de abuso infantil, ela pensa que deveria estar sentindo isso naquele momento e deseja experimentar essa emoção em ocasiões assim”, explica Tamir.

A cientista também dá como exemplo uma mulher que quer deixar um parceiro abusivo e não se sente capaz de fazer isso. Ela pode considerar que seria mais feliz se o amasse menos.

Anna Alexandrova, do Instituto de Bem-estar da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, diz que a pesquisa coloca em xeque nosso conceito tradicional de felicidade como um equilíbrio entre emoções positivas e negativas.

Limitação

Mas a pesquisa tem a limitação de só incluir ódio e raiva entre os sentimentos ruins, destaca a pesquisadora.

“Ódio e raiva podem ser compatíveis com a felicidade, mas não há indícios de que outras emoções desagradáveis, como medo, culpa, tristeza e ansiedade, são”, diz Alexandrova.

Tamir afirma que os resultados do estudo não se aplicam a quem tem um diagnóstico de depressão: “Pessoas assim querem se sentir mais tristes e menos felizes do que as outras”.

Ela explica que a pesquisa lança uma luz sobre os aspectos negativos de se ter uma constante expectativa de ser feliz.

“Pessoas querem ser felizes o tempo todo nas culturas ocidentais. Mesmo que elas se sintam bem quase sempre, elas podem pensar que deveriam se sentir ainda melhor, o que pode torná-las menos felizes.”

Notícia publicada na BBC Brasil , em 15 de agosto de 2017.

Sergio Rodrigues* comenta

A conclusão do estudo a que se refere a presente matéria pode ser considerada surpreendente. É difícil imaginar que sentimentos tão inferiores como a raiva e o ódio possam proporcionar felicidade a alguém. Somente com o auxílio que o Espiritismo nos traz acerca da imortalidade do espírito e da sua evolução constante podemos encontrar alguma explicação, ainda que sem a pretensão de justificar essa circunstância.

Ensina-nos a Doutrina que os espíritos não são iguais em qualidades morais nem intelectuais, embora o sejam na sua origem, pois Deus os cria em igualdade de condições. Através do tempo e das escolhas que fazem vão moldando sua personalidade. Enquanto não atingem a condição de espíritos plenamente depurados, são de diferentes categorias, conforme o grau de aperfeiçoamento que tenham alcançado, desde os mais atrasados até os mais adiantados em evolução. Enquanto a caminho da perfeição a que estão destinados, povoam mundos de diferentes condições, conforme seu grau de adiantamento.

A Terra é um planeta destinado a provas e expiações dos espíritos que a habitam, que trazem vícios e mostram grande imperfeição moral. São espíritos que ainda não se despojaram desses vícios e imperfeições que vêm acumulando ao longo da sua trajetória evolutiva, com paixões inferiores a nortearem suas escolhas. Ainda têm imenso progresso a realizar, pois, embora não mais primitivos, estão distantes da perfeição moral para a qual foram criados. Têm propensão para o mal e são dominados por paixões e sentimentos inferiores, com os quais se identificam.

Todas essas características levam a uma dificuldade sempre presente em suas existências, que são os dois sentimentos inferiores apontados no estudo: a raiva e o ódio. O orgulho, também fortemente presente na personalidade desses espíritos, os induz a se julgarem acima dos demais, sempre certos e, em consequência, com dificuldades em conviverem com a contrariedade. Assim, quando algo os contraria, dirigem aos que não concordam com suas ideias a raiva e o ódio, assemelhando-se aos brutos. Como são ainda muito inferiores, nutrem esses sentimentos por algum tempo e, com isso, sentem-se “aliviados” ou, como diz o estudo, “felizes”.

Essa é uma explicação que, como dissemos, não justifica que se alimente aqueles sentimentos, mas é bastante coerente, se considerarmos o processo de evolução ensinado pelo Espiritismo. Mas o importante é que também ensina a Doutrina que esta é uma circunstância temporária, passageira, que será vencida com o progresso inexorável a que estamos todos destinados.

*Sergio Rodrigues é espírita e colaborador do Espiritismo.Net.