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    • O Anjo da Compaixão: A trajetória de Albeiro Vargas, o Anjo do Norte

    A história de Albeiro Vargas, o “Anjo do Norte”, ressoa como um hino de amor e dedicação, uma verdadeira prova de que o espírito iluminado pelo nosso Mestre, pode guiar os passos mais maduros ou mais jovens para as mais nobres missões. Sua jornada, iniciada na tenra idade de oito anos em meio à pobreza e aos desafios sociais, é um testemunho vivo da compaixão e da força inabalável do amor. Jussara Macabu - comenta

    • Data :03/08/2025
    • Categoria :

    ‘Eu tinha 8 anos e meus amigos, 80’: a história do menino colombiano que cuidava de idosos e comoveu a França’

    O pequeno Albeiro, de apenas 8 anos, estava ensinando um idoso a ler e escrever quando o jornalista francês Tony Comitti o viu pela primeira vez em sua terra natal, Bucaramanga, no norte da Colômbia.

    A íntegra da matéria pode ser acessada em:
    https://www.bbc.com/portuguese/articles/cg69p1z5rx2o

    O comentário a seguir é de *Jussara Macabu:

    O anjo da compaixão: a trajetória de Albeiro Vargas, o “Anjo do Norte” 1

    “Procurai os verdadeiros cristãos e os reconhecereis pelas suas obras.” 2

    A história de Albeiro Vargas, o “Anjo do Norte”, ressoa como um hino de amor e dedicação, uma verdadeira prova de que o espírito iluminado pelo nosso Mestre pode guiar os passos mais maduros ou mais jovens para as mais nobres missões. Sua jornada, iniciada na tenra idade de oito anos, em meio à pobreza e aos desafios sociais, é um testemunho vivo da compaixão e da força inabalável do amor.

    Este relato é um convite à reflexão sobre os desígnios divinos e a capacidade inata do ser humano de transcender as dificuldades, seguindo a voz do coração. É um lembrete de que a verdadeira riqueza reside na capacidade de servir e amar incondicionalmente.

    Como afirma Emmanuel, no capítulo 2 da obra Confia Sempre: “Enfim, é a caridade, significando amor fraterno e espontâneo, tão necessária à nossa existência, quanto o pão que nos sustenta ou o ar que respiramos, porque, em verdade, tudo o que nos cerca na vida é a expressão permanente do amor de Deus.” 3

    Um solo sendo adubado em meio à fuga da violência

    A saga de Albeiro Vargas começa no campo, sob a sombra da violência que assolava a Colômbia no final dos anos 1980. Seus pais, forçados a deixar tudo para trás em busca de segurança para os filhos, encontraram refúgio em uma zona de invasão em Bucaramanga. Ali, em meio a montanhas de lixo e barracos improvisados de papelão, nascia um espírito que seria, anos mais tarde, um alento para centenas de almas esquecidas.

    A mãe de Albeiro, uma mulher de fibra e fé, tornou-se a provedora da família, vendendo arepas (prato de massa de pão feito com milho moído ou com farinha de milho pré-cozido, nas culinárias populares e tradicionais da Colômbia e da Venezuela4) e transformando sua experiência em curar animais doentes do campo em uma espécie de enfermagem empírica para a comunidade.

    Foi nesse ambiente de privação, mas de profundo amor e valores, passados pela mãe que Albeiro aprendeu as lições mais preciosas: a gratidão, a compaixão e que “O bem é luz que se expande, na medida do serviço de cada um ao bem de todos, com esquecimento de todo mal.5"

    A semente do amor plantada pelo avô no solo adubado pela mãe

    Aos seis anos, Albeiro teve seu primeiro contato direto com a velhice através do avô Josefito, que se mudou para a casa da família por motivos de saúde. A doença do avô, somada à dificuldade de acesso à saúde, despertou em Albeiro uma sensibilidade ímpar. Observando a dedicação e o amor com que sua mãe cuidava do sogro, ele compreendeu a importância de amparar os mais frágeis.

    Albeiro, com sua pureza infantil, tornou-se o “professor” do avô, ensinando-lhe números e vogais. Essa convivência diária, forjou um laço inquebrantável entre neto e avô. Na Doutrina Espírita, entendemos que esses encontros e experiências não são acaso (como consta na questão 259 de O Livro dos Espíritos 6), pois há uma causa ou uma razão de ser, trazendo oportunidades de crescimento e aprendizado mútuo, um reflexo do plano divino para o aprimoramento das almas.

    A morte do avô deixou em Albeiro um vazio, mas também a semente de um propósito maior: estender o amor e o cuidado que dedicara a Josefito a outros idosos.

    A arte de “brincar” e da responsabilidade: o despertar do anjo

    Movido pela intuição e pela lembrança do avô, Albeiro buscou novos “companheiros de brincadeiras” entre os idosos do bairro. A desconfiança inicial, fruto da difícil realidade social, foi superada pela ingenuidade e persistência de um menino que só queria ajudar. A ideia de “aprender a rezar o rosário” tornou-se a chave para abrir as portas dos lares e dos corações dos “velhinhos”.

    Como diz Emmanuel, na obra Pão Nosso, na lição Em Tudo: “não nos esqueçamos de que a gentileza, a boa vontade, a cooperação e a polidez são aspectos divinos da oração viva no apostolado do Cristo” 7.

    Contudo, ao se deparar com a realidade de uma idosa que passava fome, Albeiro sentiu a impotência e a urgência de agir. Essa experiência marcou-o profundamente, revelando-lhe a fragilidade e a solidão que muitos idosos enfrentavam. Sua atitude, de retirar, de casa, o pão da própria mãe para alimentar a vizinha, é um exemplo tocante do impulso caridoso que brotava em sua alma. Esse é o óbolo da viúva, “Todo aquele que sinceramente deseja ser útil a seus irmãos, mil ocasiões encontrará de realizar o seu desejo”8.

    Com o apoio da mãe, que, ao invés de repreendê-lo, ofereceu uma garrafa térmica para que ele pudesse levar café aos idosos, Albeiro expandiu sua rede de “amigos”.

    Esses gestos, impulsionados pela compaixão genuína, são a doce lição “da fraternidade e do amor universal, renovando a fibra da sua fé a caminho da perfeita compreensão do Cristo” 9. A partir desse momento, o pequeno Albeiro não estava mais “brincando”, mas cumprindo uma missão de amor e socorro aos necessitados, tornando-se o “Anjo do Norte” em ação.

    A missão de um menino e o eco da compaixão

    “O aprendiz sincero não ignora que Jesus exerce o seu ministério de amor sem exaurir-se, desde o princípio da organização planetária” 10. E Albeiro, não se cansou e nem desanimou. Aos oito anos, ele já cuidava de cerca de vinte pessoas com idades entre 70 e 90 anos. Percebendo a grandiosidade da tarefa, o menino, com uma sabedoria incomum para sua idade, decidiu formar seu “primeiro conselho de administração”, recrutando outras crianças da escola para ajudá-lo.

    Essas crianças, com a seriedade de adultos, redigiam atas, organizavam cardápios e controlavam a contabilidade das pequenas doações, demonstrando uma organização e um senso de responsabilidade que impressionaram a todos.

    O homem (menino) de bem

    “O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza.” 11

    Albeiro, com sua intuição aguçada, identificou a necessidade dos idosos, agindo com compaixão e altruísmo.

    Sua jornada é um exemplo de como o amor ao próximo se manifesta em ações concretas de serviço.

    A resiliência de Albeiro reflete a força do espírito humano em superar adversidades e cumprir sua missão.

    A mobilização de crianças e a formação da fundação demonstram o poder da união para o bem comum.

    Hoje, a fundação abriga quase 500 idosos em situação de vulnerabilidade e treina cuidadores para mais de 5.500 idosos abandonados na região de Santander. A perseverança de Albeiro, em defender os direitos dos idosos, é um exemplo inspirador de como a fé e a ação conjunta podem transformar realidades.

    Conclusão

    A história de Albeiro Vargas nos lembra que somos todos instrumentos do amor divino. Cada um de nós tem a capacidade de impactar vidas e de “mudar o mundo”, um ato de caridade por vez. A Fundação Albeiro Vargas é o legado vivo de um menino que, desde cedo, compreendeu a importância de viver para o próximo, um ensinamento que ecoa as mais profundas verdades da Doutrina Espírita: “Fora da caridade não há salvação” 12, e do Evangelho de Jesus “Amar ao próximo como a si mesmo”13

    *Jussara Macabu é coordenadora do Evangelho Redivivo da CEERJ, tarefeira da Seara Espírita Campo da Paz e do Espiritismo.net.

    Referências bibliográficas

    1. https://www.bbc.com/portuguese/articles/cg69p1z5rx2o - Eu tinha 8 anos e meus amigos, 80’: a história do menino colombiano que cuidava de idosos e comoveu a França ↩︎

    2. Kardec, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap.XVIII, item 16. https://bibliadocaminho.com/ocaminho/TKP/Ev/Ev18.htm#It16  ↩︎

    3. Xavier, Francisco Cândido. Abençoa sempre, cap. 2. Pelo Espírito Emmanuel. https://bibliadocaminho.com/ocaminho/TX/Abs/Abs02.htm  ↩︎

    4. https://pt.wikipedia.org/wiki/Arepa  ↩︎

    5. ______________ Justiça Divina, cap. 54. Pelo Espírito Emmanuel. https://bibliadocaminho.com/ocaminho/TX/Jdn/Jdn54.htm  ↩︎

    6. Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. Cap.VI, questão 259. https://bibliadocaminho.com/ocaminho/TKP/Lde/LdeP2C06.htm#Q258a273  ↩︎

    7. Xavier, Francisco Cândido. Pão Nosso, Cap. 132. https://bibliadocaminho.com/ocaminho/TX/Pn/Pn132.htm  ↩︎

    8. Kardec, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. XIII, item 6. https://bibliadocaminho.com/ocaminho/TKP/Ev/Ev13.htm#It5e6  ↩︎

    9. Xavier, Francisco Cândido. A caminho da Luz, Cap. VIII. https://search.nepebrasil.org/book-part/?chapter=8&book=76&id=4631  ↩︎

    10. ____________ Pão Nosso, Cap. 11. https://bibliadocaminho.com/ocaminho/TX/Pn/Pn11.htm  ↩︎

    11. Kardec, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. XVII, item 3. https://bibliadocaminho.com/ocaminho/TKP/Ev/Ev17.htm#It3  ↩︎

    12. __________ O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. XV, item 10. https://bibliadocaminho.com/ocaminho/TKP/Ev/Ev15.htm#It10  ↩︎

    13. Bíblia de Jerusalém. Evangelho de Marcos, 12:33. https://search.nepebrasil.org/referencia-espirita?livro=41&chapter=12&verse=33&verse2=33  ↩︎