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Yuri, filho de Tati Quebra Barraco, foi morto durante um patrulhamento da polícia na favela Cidade de Deus, na zona oeste do Rio de Janeiro. A cantora carioca foi chamada de ‘cretina’ e o jovem de ‘vagabundo’ e ’lixo’. Fabiana Shcaira Zoboli comenta.

  • Data :05 Jan, 2017
  • Categoria :

5 de janeiro de 2017

Tati Quebra Barraco é alvo de mensagens de ódio após morte do filho

A cantora carioca foi chamada de “cretina” e o jovem de “vagabundo” e “lixo” As redes sociais da cantora carioca Tati Quebra Barraco foram alvo de mensagens de ódio neste domingo (11/12), após a morte do seu filho Yuri Lourenço da Silva, de 19 anos. O jovem foi morto durante um patrulhamento da polícia na madrugada deste domingo na favela Cidade de Deus, na zona oeste do Rio de Janeiro. Tati Quebra Barraco foi chamada de “cretina” e o jovem de “vagabundo” e “lixo”. Diante da ofensiva contra a cantora, outro grupo se mobilizou e reagiu, enviando mensagens de solidariedade em resposta. “Vamos respeitar a dor de uma mãe, gente?”, propôs um internauta. Os perfis oficiais da cantora nas redes sociais foram bombardeadas por mensagens de parabéns à Polícia Militar e de comemoração à morte do jovem: “É muita felicidade pra sociedade. Menos um”. Alguns disseram que “bandido bom é bandido morto” e que Yuri “já morreu tarde”. “Parabéns à PM…bandido tem que acabar preso ou com a boca cheia de formiga”, afirmou outro. Houve ainda quem questionasse a educação dada pela cantora ao filho. “Se fosse boa mãe,e se tivesse introduzido bons princípios em casa, nem o filho usava drogas, muito menos seria um traficante armado. Parabéns à PM”, escreveu um usuário. “Lamento pela dor dela como mãe, mas onde estava o filho dela quando morreu? Na igreja? Na escola? Não, né? Estava de madrugada na rua, desfrutando da vidinha louca que só as favelas cariocas podem desfrutar. Aliás, por aquilo que ela faz e chama de ‘música’, já dá pra ter uma ideia da educação que ela deu pro filho”, comentou outro. Parte dos usuários reagiu às mensagens de ódio: “Eu fico boba de ver como existe pessoas ruins nesse mundo. Uma mãe perde um filho, precisa de muito carinho nesse momento de dor e vem gente na página dela pra falar mal do filho que ela perdeu”, escreveu um internauta. Outros pediram respeito: “Muito triste! Cada um com a sua dor! Só acho que respeitar é o mínimo que se faz nessas horas!”.

Polícia Militar Neste domingo, Tati disse em sua conta no Twitter que a PM foi responsável pela morte do seu filho. “A PM tirou um pedaço de mim que jamais será preenchido”. “A PM matou meu filho. Essa dor nunca irá cicatrizar”, escreveu Tati. Em sua conta no Facebook, a funkeira disse que estava em Belo Horizonte na noite de sábado, 10, onde fazia um show. Tati contou que foi informada da morte do filho no meio da apresentação. “Como deve ser pra você receber uma mensagem, ligação em meio ao show dizendo que seu filho está morto?”, questionou a cantora no relato. “Eu não pude parar o que dei início. Tinha fãs, públicos, o fotógrafo da casa, tinha um contrato assinado. Então, tive que terminar o show da boate Eleganza com um sorriso no rosto, sem que ninguém percebesse. Mas não fui forte o tempo todo, desabei!”, continuou Tati.

Morte Outro homem que estava com Yuri, Jean Rodrigues de Jesus, de 22 anos, também morreu no confronto. A cantora usou as redes sociais para acusar a PM pela morte. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, Yuri chegou morto, com um tiro no rosto, no Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, também na zona oeste. Jean chegou a dar entrada no centro cirúrgico, mas não resistiu. O comando da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Cidade de Deus informou que policiais patrulhavam uma localidade conhecida como Quintanilha, no início da madrugada deste domingo, quando foram recebidos a tiros por criminosos. “Dois homens foram baleados e socorridos para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. Uma pistola, dois rádios transmissores e drogas foram apreendidos no local do confronto”, disse, em nota, a Coordenação das UPPs. A Delegacia de Homicídios da Capital da Polícia Civil informou que instaurou procedimento para apurar as mortes de Yuri e Jean. “Investigação minuciosa está sendo realizada para apurar as circunstâncias do ocorrido”, diz uma nota divulgada pela assessoria de imprensa da Polícia Civil. Yuri tinha passagens pela polícia. Em setembro, ele foi condenado por furto qualificado, ocorrido em novembro de 2015. Yuri e um adolescente foram pegos em flagrante após furtar um fone de ouvido, avaliado em R$ 400, da loja Fnac no BarraShopping, na zona oeste do Rio. Conforme a sentença, os jovens foram abordados por seguranças da loja. Yuri foi condenado a dois anos de serviços comunitários. A sentença também autorizou que o jovem recorresse em liberdade. A reportagem, apurou que o jovem tinha outras passagens, sempre por furto ou roubo, quando era adolescente. Notícia publicada no Correio Braziliense , em 12 de dezembro de 2016.

Fabiana Shcaira Zoboli* comenta Definitivamente, 2016 foi um ano marcado por situações desafiadoras que atingiram muitos de nós, tanto coletiva, como individualmente. E, como vivemos uma época onde tudo se torna notícia sujeita à opinião de todos, não foram poucas as vezes em que nos vimos emitindo a nossa opinião sobre esse ou aquele fato. Se, de um lado, poderíamos buscar nessas notícias o nosso aprendizado e, com a nossa opinião, construir a elevação do leitor, por outro lado, é forçoso reconhecer que, na verdade, nossas opiniões não passam de julgamentos, muitas vezes, permeados de ira, de indignação e até de crueldade, a qual nos permitimos diante da proteção que o mundo digital parece nos conferir. O desencarne violento desse jovem é um exemplo de fatos tristes que se repetem sempre: crimes e barbáries que mobilizam a opinião pública em juízos de valor, onde cada qual defende seus pontos de vista, julgando os atores do drama, absolvendo-os ou condenando-os, em uma verdadeira guerra de ideias. Triste realidade, ainda mais quando lembramos o que Drummond já dizia: “Lutar com palavras é a luta mais vã (…) são muitas, eu pouco.”(1) Somos efetivamente pouco frente a realidade dos fatos. Não conhecemos as peculiaridades dos dramas que julgamos, e mal conhecemos suas personagens, seus traumas, suas lutas internas, seus sofrimentos… Não conhecemos o passado ou mesmo o envolvimento espiritual sobra a situação. Somos pouco demais para julgar. E permanecemos pouco quando nos recusamos, apenas, a aprender. E, assim, esquecidos da lição evangélica, onde Jesus mostra que nenhum de nós está livre de pecados para poder se arvorar em juiz do próximo, seguimos ignorantes de nós mesmos, emitindo ondas mentais perturbadoras que prejudicam o campo energético do planeta, e nos envolvendo no psiquismo de pessoas que mal conhecemos, criando para nossa realidade tristeza e dor desnecessárias. Queremos um 2017 diferente. Queremos um mundo diferente. Repete-se, nessas mesmas redes sociais, a palavra “Paz”. Mas, será que estamos, cada um de nós, ajudando a construir um ano, um presente, uma Vida, um Mundo de Paz? Parece pouco começarmos com palavras, mas, se as palavras forem de consolo, de amor, de fraternidade, de otimismo, de alegria, pouco a pouco, com certeza, construiremos, pelo menos em nós, essa Paz que tanto almejamos.

Referência: (1) Poema “O Lutador”, Carlos Drummond de Andrade.

  • Fabiana Shcaira Zoboli é espírita e colaboradora do Espiritismo.net.