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Falta de tempo deixou de ser desculpa. Um estudo conduzido por cientistas ambientais da Austrália e do Reino Unido sugere que a tal ‘dose de natureza’ necessária é mínima: pelo menos 30 minutos por semana. A pesquisa foi publicada na Nature Scientific Reports. Breno Henrique de Sousa comenta.

  • Data :11/09/2016
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11 de setembro de 2016

Quer mais saúde? ‘Tome’ 30 minutos de natureza por semana

Vanessa Barbosa, de EXAME.com

São Paulo - Com que frequência você tem a chance de curtir um momento com a natureza? Se o lugar onde você trabalha fica encravado no meio de um centro urbano, então provavelmente o contato com o verde e o ar puro não fazem parte da sua rotina.

Mas deveria. Os benefícios dessa prática para a saúde já são documentados há tempos pelos cientistas, mas agora eles estão começando a estabelecer exatamente quanto tempo precisamos passar em contato com o verde para obter esses benefícios.

Falta de tempo deixou de ser desculpa. Um estudo conduzido por cientistas ambientais da Austrália e do Reino Unido sugere que a tal “dose de natureza” necessária é mínima: pelo menos 30 minutos por semana. A pesquisa foi publicada na Nature Scientific Reports.

As pessoas que visitam parques e outras áreas verdes por esse período são muito menos propensas a ter pressão arterial elevada ou problemas de saúde mental do que aquelas que não o fazem, indica a pesquisa conduzida pela University of Queensland (UQ) e do ARC Centre of Excellence for Environmental Decisions (CEED).

De quebra, o contato com a natureza ajuda a reduzir os riscos de desenvolver estresse, ansiedade e depressão. Segundo o estudo, feito na Austrália, se todo mundo visitasse seus parques locais durante meia hora a cada semana haveria sete por cento menos casos de depressão e nove por cento menos casos de pressão arterial elevada.

“Dado que os custos sociais da depressão apenas na Austrália são estimados em US$ 12,6 bilhões por ano, a economia para os orçamentos de saúde pública poderia ser imensa com a adoção dessa prática simples”, diz a pesquisadora Danielle Shanahan, da University of Queensland.

Então, como incentivar as pessoas a passar mais tempo no verde? Segundo os cientistas, os governos locais precisam apoiar e incentivar  tividades comunitárias em espaços naturais. É simples, é fácil e pode trazer ótimos resultados, como um agradável passeio no parque.

Matéria publicada na Revista Exame , em 25 de junho de 2016.

Breno Henrique de Sousa* comenta

O contato com a Natureza

A espiritualidade humana surge em meio ao contato com a própria natureza. A nossa espécie há mais de duzentos mil anos viveu no meio natural e apenas a partir dos últimos dez mil anos passou a construir civilizações, cidades e tudo o que conhecemos sobre a história civilizatória da humanidade. O período chamado de pré-história, na verdade, corresponde a maior parte da nossa história sobre a Terra.

Quando o homem primitivo vivia em condições precárias na natureza, não muito diferente de como viviam os animais, com o desenvolvimento da sua inteligência, ele estabeleceu sistemas de crenças baseados em seu universo observável, sendo assim, surgiram as primeiras manifestações animistas onde elementos da natureza, como o sol, eram divinizados por esses grupos que fariam emergir as primeiras civilizações.

Foi o ambiente natural o palco da saga humana, o espaço de existência, de relação uns com os outros, o lugar que provocou no ser humano a admiração pela existência das coisas e de si mesmo. Nesse ponto inicial, esse ser humano mal se diferenciava do meio ambiente. É de se esperar que no inconsciente coletivo da humanidade o contato com a natureza seja talvez a mais ancestral de todas as nossas experiências. É por isso que o contato com a natureza nos remete a essa ancestralidade bem registrada em nossa memória coletiva, genética e espiritual.

Os ambientes urbanos, apesar das suas facilidades, confortos e vantagens conhecidas por todos nós, são também frequentemente desumanizantes, opressores, estressantes e insalubres. O excesso de estímulos sensoriais nas grandes cidades, a poluição, a pressão demográfica são elementos com os quais o ser humano não está familiarizado, considerando que na maior parte da história vivemos afastados desses estímulos e em contato com a natureza.

Hoje tentamos compensar essa falta com a construção de parques e jardins que nos permitam essa aproximação com a natureza e distanciamento, ainda que rápido, das pressões do meio urbano. Não é de se estranhar que esse contato produza efeitos profundamente terapêuticos, aliviando o estresse e, por consequência, afetando positivamente diversos aspectos da saúde física e mental.

Os antigos Druidas já conheciam essas possibilidades terapêuticas e estudavam a cura física, mental e espiritual através dos elementos da natureza, quer fossem plantas com propriedades terapêuticas ou pela identificação de energias mais sutis que eram manipuladas para esses fins e para o desenvolvimento de capacidades psíquicas e espirituais.

No Espiritismo aprendemos desde O Livro dos Espíritos que a natureza é mãe generosa que fornece sustento aos seus filhos. A humanidade em sua ganância, por causa de seus anseios supérfluos, massacra a natureza desrespeitando as leis divinas. Através da natureza evoluímos, não apenas enquanto espécie, mas como espíritos que têm um passado ancestral trilhado pelos reinos da natureza. Essa natureza, que não é apenas a floresta e o campo, pois mesmo as cidades são nossos ecossistemas artificiais, é ampliada no Espiritismo que enxerga mais além dos limites estreitos da matéria, revelando a natureza do mundo espiritual. Sobre isso, o espírito André Luiz, através da psicografia de Chico Xavier, nos legou suas obras que trazem revelações importantes sobre o conhecimento da natureza ampliado pelo conhecimento do mundo espiritual. Vale a pena conferir!

  • Breno Henrique de Sousa é paraibano, professor da Universidade Federal da Paraíba nas áreas de Ciências Agrárias e Meio Ambiente. Está no movimento Espírita desde 1994, sendo articulista e expositor. Atualmente faz parte da Federação Espírita Paraibana e atua em diversas instituições na sua região.