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Os 644 mil presidiários russos recebem alimentação na cadeia - mas, como no Brasil, eles também contam com itens enviados pela família. Normalmente, esses artigos só podem ser adquiridos nos mercadinhos dos próprios presídios, onde as filas podem durar horas. Nara de Campos Coelho comenta.

  • Data :15/01/2016
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15 de janeiro de 2016

Rússia tem site de compras só para presidiários

Famílias dos detentos podem comprar e enviar produtos - entregues diretamente na cela Por Redação Super Os 644 mil presidiários russos recebem alimentação na cadeia - mas, como no Brasil, eles também contam com itens enviados pela família. Normalmente, esses artigos só podem ser adquiridos nos mercadinhos dos próprios presídios, onde as filas podem durar horas. Mas também estão surgindo sites que facilitam o processo - e já foram apelidados de “Amazon dos presidiários”. O maior deles é o FSIN-Zakaz, que diz ter recebido cerca de 70 mil pedidos neste ano - o dobro de 2014. No site, que cobra uma taxa adicional de 255 rublos (R$ 16) sobre cada produto vendido, os artigos mais vendidos são refrigerantes, chocolates e desdorante. O detento não tem permissão para acessar a internet, ou seja, as compras têm de ser feitas por um parente. A entrega é feita diretamente na cela. O negócio foi criado pelo empresário de internet Konstantin Antsiferov, que também é dono do FSIN-Pismo, site que atua como uma espécie de correio entre os presos e suas famílias. Pagando 55 rublos (R$ 3), os parentes podem escrever um e-mail - que é impresso e entregue ao preso. Também é possível fazer o caminho oposto: o detento pode escrever mensagens em papel, que são escaneadas e enviadas por e-mail para a família. O site diz ter enviado e recebido 320 mil mensagens este ano. As mensagens são fiscalizadas pelas autoridades para evitar conteúdo indevido. Os serviços estão disponíveis em 400 das 1000 cadeias russas. Notícia publicada na Revista Superinteressante , em 23 de novembro de 2015.

Nara de Campos Coelho* comenta Questão de mérito Nada mais nos surpreende! O mundo tem nos dado exemplos constantes de inversões de valores, capitaneados pelo afã de lucrar com as situações mais esdrúxulas. Excluindo as injustiças, os presídios têm objetivo importante. Pelo menos, teoricamente, sua função é a de tirar o criminoso do convívio da sociedade, reeducando-o, para ali reintroduzi-lo. Ainda no campo teórico, especialmente nos países não desenvolvidos, percebemos que as prisões não atingem seu objetivo, trancafiando os presos qual animais a caminho do matadouro. Por outro lado, temos que observar as artimanhas dos ambiciosos de plantão, que tudo fazem para enriquecer, já que o mundo materialista elegeu o dinheiro como deus a ser adorado e (per)seguido. Quando a Justiça de um país democrático prende alguém é porque este, deduzimos, precisa aprender a valorizar a vida e o respeito às leis, os bens públicos e as pessoas. Não deve, pois, gozar de privilégios, como nos leva a pensar a notícia em análise: poder adquirir seu alimento via site. Se isto fosse razoável, o seria também ser permitido colocar aparelho de TV, de ar refrigerado e outros quitais, exclusivos para os endinheirados que foram condenados à prisão. Eis que os presos precisam ter consciência de seu erro e da necessidade de melhorar-se, aprender a trabalhar para o seu sustento, entendendo o valor e a dignidade que se encontram no desempenho de atividades que lhes abram os horizontes, além de aprenderem a ser úteis. Devem ser tratados com educação e respeito, para que vejam outro lado da vida, que, provavelmente, não conhecem. A prisão precisa ser uma escola em que o aprendizado se faça por meio do comportamento e exemplificação dos que participam da recuperação do preso. E nesta recuperação deve estar o entendimento do erro que cometeram, para que saibam o sentido da palavra responsabilidade. A Rússia é um país muito parecido com o Brasil, especialmente nas ações que queremos extirpar de nosso cotidiano. Esta notícia, por exemplo, se assemelha a “bolsa-presidiário” que deixou o Brasil perplexo por algum tempo, por alimentar o ego dos prisioneiros, estimulando-o ao crime. Ao invés, o presidiário precisa ter um objetivo superior a ser seguido, recebendo alimento bem feito, mas com a simplicidade que lhes demonstre o necessário esforço de melhoria e recuperação moral. Com Jesus aprendemos: “Busque primeiro o Reino de Deus e sua Justiça e tudo mais lhe será dado por acréscimo”. O Reino de Deus significa o dos valores espirituais, aqueles que nos fazem evoluir por seguirmos as leis divinas. E a Justiça divina é aquela que, em verdade, nos “ajusta” à lei da causa e efeito, permitindo-nos entender o porquê de nossas mazelas e dores. Quando, a partir deste conhecimento, lutamos por nossa melhoria íntima, passamos a crescer na faixa do merecimento e alcançamos o “tudo mais”, que, no nosso comentário em questão, significa poder encomendar o próprio alimento via site. Ainda que da prisão!

  • Nara de Campos Coelho, mineira de Juiz de Fora, formada em Direito pela Faculdade de Direito da UFJF, é expositora espírita nos Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, articulista em vários jornais, revistas e sites de diversas regiões do país.