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Professora Eunir Alves colou cartaz com anúncio das aulas no portão. Com 77 anos, ela poderia pensar em descansar, mas preferiu ocupar o tempo oferecendo aprendizado para moradores de Patos de Minas. Ela criou cartilha para ensinar a ler e escrever. Claudio Conti comenta.

  • Data :23/10/2015
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23 de outubro de 2015

Aposentada abre as portas de casa para alfabetizar gratuitamente adultos

Professora Eunir Alves colou cartaz com anúncio das aulas no portão. Ela mora em Patos de Minas e criou cartilha para ensinar a ler e escrever. Fernanda ResendeDo G1 Triângulo Mineiro “Sinto a necessidade de ver pessoas lendo e escrevendo”. Essa foi a frase usada pela professora aposentada Eunir Alves Moreira de Faria para explicar o cartaz que colou no portão de casa para oferecer alfabetização gratuita para adultos. Com 77 anos, ela poderia pensar em descansar, mas preferiu ocupar o tempo oferecendo aprendizado para moradores de Patos de Minas. “Eu tenho duas mesas e dez cadeiras na varanda e foi esse ambiente que disponibilizei para proporcionar estudo a quem não tem. Colei o papel há pouco mais de uma semana e já consegui preencher todas as vagas. Inclusive, vou dar aula no período noturno para atender também quem trabalha”, disse. A professora lecionou por 25 anos em Itaúna, no Centro-Oeste de Minas. Há 15 anos, ela mora na região do Alto Paranaíba. Para Eunir, focar no trabalho social é se realizar duas vezes. “Me sinto melhor como pessoa e ao mesmo tempo volto a fazer o que me dá prazer: dar aula. Como moro sozinha também é uma forma de estar sempre acompanhada”, ressaltou. Um dia após colocar o cartaz no portão, Eunir Alves disse que recebeu a ligação de uma mulher interessada nas aulas. A futura aluna chorava e afirmou que iria finalmente poder ler e escrever. “Isso me emocionou e me fez ter a certeza que o dinheiro não tem muito valor quando o assunto é educação. Proporcionar uma vida diferente ao outro, isso sim não tem preço”, comentou a professora. O método que a professora usa para alfabetizar adultos foi desenvolvido por ela mesma. Trata-se de uma cartilha ilustrada, que segundo Eunir Alves, favorece o aprendizado. São três volumes e cerca de seis meses para o aluno se desenvolver na leitura e na escrita. O processo é silábico e garante bons resultados. Como a professora está aproveitando o material que já tem, o aluno só arca mesmo com o caderno, a borracha e o lápis. As aulas tiveram início no fim da semana passada. A aposentada acrescentou que espera incentivar outras professoras a não desistirem de levar o dom que receberam por alguns anos a mais. “O mal espalha muito fácil, mas o bem nem sempre. É necessário sacrificarmos um pouco para ajudar o outro. Isso é ser humano e eu desejo sim ser um exemplo já que o Governo não dá a atenção que a educação merece”, concluiu. Notícia publicada no Portal G1 , em 17 de agosto de 2015.

Claudio Conti* comenta “Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo.” São as palavras do Espírito de Verdade, inseridas no capítulo VI d’O Evangelho Segundo o Espiritismo. Diante destas palavras, podemos concluir que a educação está em segundo lugar em termos de importância para o espírito, sendo precedido apenas pelo amor e, podemos ainda concluir, que educar é um ato de amor. Pregamos a necessidade da liberdade e estamos dispostos a lutar por ela; muitos clamam por liberdade e direitos sem ao menos compreender o significado. Para espíritos em um mundo de expiação e provas como o planeta Terra, a liberdade é uma utopia, pois somos cativos no cárcere do corpo de expressão que não nos deixa alçar voos maiores. Importa salientar que este “cárcere” a que nos referimos é decorrente da própria postura do espírito diante da sua vida, portanto, tal condição a que nos encontramos é um sistema de segurança para que não possamos aumentar o comprometimento com atitudes equivocadas. Vemos, portanto, que não conhecemos, ao menos conscientemente, a liberdade física. Contudo, temos oportunidade de vivenciar a verdadeira liberdade, que é a mental, a de pensamento, a qual somente o conhecimento pode proporcionar. A possibilidade de ler viabiliza o contato com grande quantidade de informação e, mais ainda, a possibilidade do próprio indivíduo ser independente para selecionar qual tema deseja se aprofundar. Não é sem motivos que Jesus se dedicou a encarnar em nosso meio para educar, pois seus ensinamentos visam a educação mental, definindo um padrão de comportamento decorrente de uma postura mental adequada. Também podemos ressaltar que nada menos que um pedagogo e educador por excelência foi o responsável pela Codificação Espírita, pois Kardec, com toda sua experiência, pôde trazer uma doutrina tão complexa de forma simples e inteligível. A informação apresentada pela Doutrina Espírita é libertadora no sentido de que o indivíduo passa a analisar a informação, se tornando independente do que outros dizem. Para nós, espíritas, a Codificação representa a informação mais precisa sobre o significado da nossa existência e deve, portanto, ser o referencial contra o qual toda informação deve ser confrontada. O que vemos pelo artigo em análise é uma professora aposentada que tem o verdadeiro entendimento do que representa a independência na aquisição de informação e, ainda, de registrar, através da escrita, seus próprios pensamentos e ideias. Pelo fato de, já na condição de aposentada e, portanto, dispor de condição financeira para se manter, optou pelo trabalho voluntário, demonstrando que educar é um ato de amor.

  • Claudio Conti é graduado em Química, mestre e doutor em Engenharia Nuclear e integra o quadro de profissionais do Instituto de Radioproteção e Dosimetria - CNEN. Na área espírita, participa como instrutor em cursos sobre as obras básicas, mediunidade e correlação entre ciência e Espiritismo, é conferencista em palestras e seminários, além de ser médium pscógrafo e psicifônico (principalmente). Detalhes no site www.ccconti.com .