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Conhecida entidade exotérica que controlaria chuvas por meio de uma médium, que diz incorporar espírito do Cacique Cobra Coral, estuda proposta para trabalho exclusivo na Austrália, literalmente, do outro lado do mundo. Nara de Campos Coelho comenta.

  • Data :02 Apr, 2015
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2 de abril de 2015

Em plena crise hídrica, Cobra Coral pode deixar o Brasil

Entidade exotérica que controlaria chuvas por meio de uma médium, que diz incorporar espírito do Cacique Cobra Coral, estuda proposta para trabalho exclusivo na Austrália André Naddeo André NaddeoDireto do Rio de Janeiro Em tempos de crise hídrica, em que se discute possibilidades de racionamento de água em função da falta de chuvas em reservatórios do sudeste, principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro, a Fundação Cacique Cobra Coral pode deixar o Brasil e ir trabalhar, literalmente, do outro lado do mundo. Conhecida entidade exotérica que supostamente controla as incertezas meteorológicas mediante a médium Adelaide Scritori, que incorpora o espírito do cacique, a FCCC estuda uma proposta de um grupo do agronegócio da Austrália para um contrato exclusivo de controle de tempestades no país da Oceania. “Eles querem uma maior atenção por lá”, confirmou o porta-voz da FCCC, Osmar Santos, que diz que a entidade atende 17 países de três continentes – no Brasil, os principais clientes são a prefeitura e governo do Rio de Janeiro, além do ministério das Minas e Energia, cujo contrato, de acordo com Santos, está vencido. A Cacique Cobra Coral já foi motivo de diversas polêmicas, principalmente na capital fluminense – o ex-prefeito César Maia tinha exposto em sua sala de almoço um quadro do cacique, com quem sempre manteve contratos sem nenhum tipo de pagamento. Quando deixou o cargo, Maia se disse temeroso pelo não prosseguimento da “consultoria espiritual”. Coincidentemente ou não, após as fortes chuvas que arrasaram o Rio de Janeiro em 2010, o contrato foi retomado e segue até hoje, após uma pequena interrupção em 2012. Temeroso com chuvas fortes que pudessem comprometer as apresentações das bandas, o Rock in Rio também já usufruiu dos trabalhos do cacique. O porta-voz do FCCC afirma que ainda não é certo que a entidade exotérica dará exclusividade aos australianos. “Vamos viajar para lá na segunda quinzena deste mês e avaliar todos os pontos do contrato”, explica, sem poder revelar valores, ou mesmo detalhes do possível acordo de exclusividade. “Claro que tudo isso só vai ser acertado com o aval do cacique”, esclarece ainda, finalizando que o anúncio oficial sairá apenas após o Carnaval. Terra Notícia publicada no Portal Terra , em 5 de janeiro de 2015.

Nara de Campos Coelho comenta* Teoria e Prática O Espiritismo é a doutrina que nos trouxe o exercício da mediunidade como questão natural. O que até seu advento era inadmissível. Todos nós sabemos que durante a Inquisição pessoas eram queimadas vivas, em geral mulheres, acusadas de bruxaria, porque eram médiuns. Até hoje, a religião católica e as evangélicas não aceitam o intercâmbio mediúnico, com exceção do que tem por objeto o “diabo” ou do Espírito Santo. A Igreja Católica ainda tem no exorcismo tarefa específica para padres especialistas em expulsar o “diabo” do corpo de alguém, já diagnosticado. Assim, o Brasil, que aceitou logo o Espiritismo, sempre recebeu o Instituto Cacique Cobra Coral, citado na notícia que comentamos, com naturalidade, embora muitas vezes, com espanto, dado aos acertos de sua médium principal, já desencarnada, que incorporava o Espírito que dá nome à instituição. Para os espíritas, pois, acostumados com o intercâmbio entre os dois mundos, o material e o espiritual, tudo era natural. Só sobrava a boa impressão quanto ao trabalho desenvolvido pela médium junto aos governos que se sucediam e ela sempre ajudando: eram campos de minério ali, reservas de água, aqui, minas de ouro e tantos outros impressionantes “achados” que ajudavam o Brasil a caminhar. Sabemos, espíritas que somos, que a mediunidade assim ostensiva, tem o caráter de contagiar as pessoas para que atentem à realidade espiritual. No século passado, tivemos, entre outros, o Zé Arigó, que causou verdadeiro tsunami na sociedade de então e que, católico declarado, ainda era muito dependente da Igreja Católica. Fez furor com suas cirurgias feitas a canivete e sem anestesia. Como é possível? Indagavam todos, inclusive a imprensa internacional. Só o Espiritismo explicava o fenômeno. Inacreditável o número de pessoas que foram operadas, curadas e, enquanto isso, o médium era perseguido e preso. O século XX foi pródigo em manifestações mediúnicas, que fixaram cada vez mais no povo brasileiro as realidades do Espiritismo. Voltando ao Cacique Cobra Coral, o que podemos observar é que ali está o exercício de uma mediunidade que não adota a disciplina do Espiritismo. Eis que esta Doutrina não aceita a égide do dinheiro. Ser médium não é profissão. É a sensibilidade com Jesus, a serviço do bem. Para que a sintonia feliz se faça é indispensável este quesito. Mas, a Divina Bondade trabalha com o que tem, permanecendo por algum tempo em determinadas regiões e mudando-se para outra, onde seja necessária. Aqui, podemos parafrasear Jesus, dizendo: “Quem teve olhos de ver, viu; quem teve ouvidos de ouvir, ouviu.” Hoje o tempo é da mediunidade menos barulhenta, mais sutil e espiritualizada. O caso dos grandes momentos como o das materializações, com médiuns espetaculares, ficaram no passado. Sentimos, pois, como um caminho lógico, a saída do Instituto Cacique Cobra Coral do Brasil para a Austrália, onde o Espiritismo engatinha pelo esforço de brasileiros como Divaldo Franco. Lá, eles precisam dos fenômenos para acordar para a verdadeira vida. Nós, os brasileiros, já passamos deste momento e, pelo menos os espíritas, já entendemos que entidades como o Cobra Coral trabalham com o mediunismo, pois a mediunidade é feita e sustentada pelo amor e pela fidelidade a Jesus e Kardec. O verdadeiro exercício da mediunidade tem seu exemplo maior em Chico Xavier, com quem tivemos o privilégio de viver a contemporaneidade. Missionário de luz, deixou-nos o exemplo a ser seguido, completando a obra magnífica de Kardec. Eis que este foi a teoria e aquele a prática. Quem depois de Chico pode dizer que não existe mediunidade! Que os australianos aprendam com o Instituto Cobra Coral, abrindo caminho para voos mais altos, mas, humildemente esperamos, que não nos passem a frente! Interessante esta questão!

  • Nara de Campos Coelho, mineira de Juiz de Fora, formada em Direito pela Faculdade de Direito da UFJF, é expositora espírita nos Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, articulista em vários jornais, revistas e sites de diversas regiões do país.