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Uma empresa que organiza spas para crianças a partir de cinco anos de idade na Espanha está sendo acusada de promover a sexualização de meninas e incentivar estereótipos de gênero. Tudo em um ambiente ‘mágico’. Claudia Cardamone comenta.

  • Data :03/03/2015
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5 de março de 2015

Curso de princesa a partir de cinco anos gera polêmica na Espanha

Liana Aguiar De Barcelona para a BBC Brasil

Uma empresa que organiza spas para crianças a partir de cinco anos de idade na Espanha está sendo acusada de promover a sexualização de meninas e incentivar estereótipos de gênero.

O spa infantil Princelândia é uma rede de franquias com 25 unidades no país, onde as meninas aprendem a pintar as unhas, fazer maquiagem para fantasias, desfilar ou participar de oficinas de cozinha.

O local também oferece manicure e pedicure e um serviço chamado “Princesa para Sempre”, que permite às crianças realizar o “sonho de se sentir uma princesa”. Tudo em um ambiente “mágico” e decoração cor de rosa.

A chegada recente de duas franquias à Catalunha reacendeu a polêmica em torno da Princelândia.

A fachada da unidade de Sabadell (30 km de Barcelona) já foi pichada nove vezes desde a inauguração, em junho, com mensagens assinadas por grupos feministas. A última dizia: “Princelândia é violência de gênero”.

Nas redes sociais, uma campanha chamada #StopPrincelandia pede o fechamento dos centros. A iniciativa é do Projecte Ella (Projeto Ela), entidade que defende a igualdade de gênero.

Júlia Mas, uma das coordenadoras do projeto, opina que “a Princelândia transmite valores sexistas e reforça estereótipos de gênero”.

“Essas propostas de lazer contribuem para a desigualdade. Mostram às meninas um mundo cor de rosa, cujo objetivo é ser princesa, ser bonita e esperar por um príncipe. Os valores por trás desse tipo de lazer vão na contramão da sociedade igualitária que queremos para nossas crianças”, diz Mas.

Ela aponta que mesmo em uma atividade infantil se está educando e transmitindo uma visão do mundo às crianças.

“Dizer que é apenas um espaço de lazer é evitar uma responsabilidade que temos na hora de tratar meninos e meninas.”

‘Exagero’

A Princelândia está presente na Espanha, México e Portugal e recebe cerca de 150 mil clientes por ano. A rede está em fase de expansão e deve chegar ao Brasil em 2015.

O dono da Princelândia, Miguel Ángel Parra, diz que as críticas são “exageradas” e que as atividades do spa são apenas uma opção de lazer infantil entre tantas outras.

Ele afirma que não há restrições para meninos que queiram participar das atividades. “Meninas e meninos podem brincar e se fantasiar do que quiserem”, diz.

As críticas, afirma o diretor, se devem à falta de informação sobre o espaço e a proposta da Princelândia. “É um conceito universal, em que as crianças têm um momento de magia, fantasia e diversão”, diz.

Uma das propostas do local é estimular o “talento criativo das crianças, ensinar sobre o cuidado e higiene pessoal e propiciar um espaço em que possam interagir”.

“Vivemos numa sociedade moderna, plural e avançada. Aqui é um espaço para deixar voar a imaginação”, afirma.

Atividade dirigida

A explicação não convence a deputada socialista Lourdes Muñoz, que integra a Comissão de Igualdade do Congresso espanhol. Muñoz acredita que esse tipo de atividade fomenta a discriminação sexual.

Em entrevista à BBC Brasil, a deputada, que também é engenheira informática e presidente da ONG Dones en Xarxa (Mulheres em Rede), alerta que é importante que as crianças brinquem de todo tipo de atividade, desconectadas dos papeis tradicionais reservados aos gêneros.

Para a igualdade de gênero, afirma Muñoz, é preciso ensinar desde cedo que meninos e meninas não estão condicionados a certas funções sociais e profissionais.

“Minha crítica é a um tipo de serviço de lazer dirigido só a meninas, com único objetivo de que elas se arrumem e se pintem como se fossem mulheres”, afirma.

Muñoz pontua que tanto o entorno socioeducativo – escola e família – como o informal têm de incentivar que as crianças desenvolvam todas as suas habilidades.

Notícia publicada na BBC Brasil , em 28 de novembro de 2014.

Claudia Cardamone comenta*

Esta notícia demonstra o quanto ainda somos apegados à matéria e à forma. Ela sinaliza o que vemos diariamente, alguns setores da sociedade acham que a mulher não é mais aquela ‘princesa’ de outrora. Para resolver esta questão, resolveram ensinar às pequenas crianças a serem princesas.

Em O Livro dos Espíritos, na questão 383, Allan Kardec pergunta qual seria a utilidade, para o espírito, passar pela infância, e os espíritos assim responderam:

“- Encarnando-se com o fim de se aperfeiçoar, o Espírito é mais acessível durante esse tempo às impressões que recebe e que podem ajudar o seu adiantamento, para o qual devem contribuir os que estão encarregados da sua educação.”

Neste caso, os responsáveis estão mais preocupados na manutenção de uma preocupação exagerada com a forma, ensinando crianças pequenas a se portarem na mesa, a se maquiarem, se pentearem, etc. Não é que isto esteja errado, as crianças devem aprender a cuidar do corpo, compreendendo que ele é um valioso instrumento dado por Deus. Mas devem compreender também que ele não pode ser mais importante que o Espírito.

Infelizmente a juventude hoje está mais preocupada com as aparências do que com os conteúdos, razão pela qual este tipo de atividade é tão procurada. Infelizmente vemos poucos momentos onde se ensina às crianças a serem Espíritos melhores.

  • Claudia Cardamone nasceu em 31 de outubro de 1969, na cidade de São Paulo/SP. Formada em Psicologia, pelas FMU, e em Pedagogia, pela UNISUL. Reside atualmente em Santa Catarina, onde trabalha como professora. É espírita e trabalhadora do Grupo União e Amor de Formação Espiritual, em Paulo Lopes/SC.