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  • 'Morri, encontrei com Deus e ele me deu uma nova chance', diz Andressa Urach

A vice-Miss Bumbum, Andressa Urach, 27, chorou em entrevista ao jornal britânico ‘Daily Mail’, enquanto contava, envergonhada, sobre tudo o que passou por causa da vaidade. Ela acredita que morreu, foi ao céu e encontrou com Deus. Jorge Hessen comenta.

  • Data :09 Feb, 2015
  • Categoria :

19 de fevereiro de 2015

‘Morri, encontrei com Deus e ele me deu uma nova chance’, diz Andressa Urach

DE SÃO PAULO

Recuperando-se da infecção que quase a matou em dezembro, Andressa Urach, 27, acredita que Deus a deu uma nova chance.

A vice-Miss Bumbum chorou em entrevista ao jornal britânico “Daily Mail”, enquanto contava, envergonhada, sobre tudo o que passou por causa da vaidade.

Ao tabloide, Andressa descreveu sua experiência de “quase-morte”. Ela acredita que morreu, foi ao céu e encontrou com Deus. E lá pediu a ele por uma nova chance de voltar à vida e consertar seus erros, que lhe foi concedida.

“Tenho certeza que deixei meu corpo e morri. Cheguei num lugar vazio, tipo um deserto, completamente silencioso. Foi assim que tive certeza que Deus existe. Senti a presença dele. Eu sabia que estava no juízo final. Minha vida inteira passou diante de mim como um filme. Senti vergonha, porque pensei que não mereço o céu. Pedi perdão a Deus e implorei por uma nova chance, prometi repensar minha vida”, descreveu Andressa.

Aparentemente tocada pelos acontecimentos, a beldade disparou frases profundas na entrevista, e mostrou ter se arrependido da vida de futilidade em que vivia antes.

“Nunca vou esquecer. Fiquei frente a frente com a morte e percebi que nada mais importa. Tudo pelo que eu batalhei, minha beleza, minhas roupas, bolsas, sapatos, carro - tudo isso eu deixei para trás. Foi o momento em que percebi que eu não sou nada, que só estamos nesse mundo para salvar nossas almas”, filosofou.

“Daria tudo para voltar no tempo e fazer as coisas de forma diferente. Ninguém sabe pelo que eu estou passando. Estou em constante agonia. Estou vivendo um pesadelo horrível”, desabafou. “E estou passando por tudo isso como uma punição pela minha vaidade estúpida.”

“Tenho muita vergonha dos buracos nas minhas pernas, das cicatrizes que terei pelo resto da vida. Mas elas também são um troféu por eu ter saído dessa”, continuou ela, que acredita que a experiência foi uma espécie de “missão” na Terra para alertar às mulheres sobre o perigo da vaidade sem limites.

“Agora posso contar às outras mulheres que vaidade não é tudo. Se tudo isso servir de exemplo para alertar os outros dos perigos dessas coisas, para salvar outras mulheres de uma morte prematura, então essa foi a razão pela qual eu passei por isso.”

REMOÇÃO DE COSTELAS

Andressa admitiu que sua vaidade era tão grande, que mesmo quando o hidrogel começou a dar problema, ela ainda assim pensava em fazer novas cirurgias. Ela estava planejando remover duas costelas para ficar mais magra.

“Cirurgia plástica virou um vício para mim. Mesmo quando o hidrogel começou a dar problema e precisei remover, eu ficava lá na mesa de cirurgia já planejando meu próximo procedimento. Eu ia ao médico como quem ia no shopping. Queria que as pessoas simplesmente olhassem para mim e falassem: ‘Uau!’”

“Eu estava realmente planejando remover duas costelas para ficar mais magra e um dedinho de cada pé par ficar com os pés mais finos. Dá pra acreitar? Eu saí do controle. É por isso que acredito que o que aconteceu comigo foi Deus falando: ‘você precisa parar’. A dor é indescritível. Parece que minha pele e músculos foram rasgados ao meio. Dói até os ossos. Ninguém no mundo deveria passar por isso.”

Notícia publicada no Jornal Folha de S.Paulo , em 12 de janeiro de 2015.

Jorge Hessen comenta*

Conquanto Urach alimente a convicção que tenha deixado o corpo e “morrido”, é bom destacar que nada consta nos boletins médicos sobre situação de “morte cerebral ou morte clínica” da mesma. Portanto, não negamos radicalmente que a artista possa ter passado por uma “experiência de quase-morte”, contudo seu prontuário e quadro clínico, durante o período de internação hospitalar, não me permitem abonar essa probabilidade. Poderia aqui abordar o tema da EQM, mas não me sinto à vontade para tal, em face do histórico do personagem da reportagem não me fornecer maiores elementos para tal empreita.

Observa-se que a jovem protagonista da crônica carrega na intimidade traumas existenciais avassaladores, até porque, uma pessoa sadia não teria recorrido a compulsivas necessidades de modificações corporais através de injeções de hidrogel. Ela certamente transporta em si elevada carga de sofrível autoestima. Nessas situações, completamente comprometida com a própria consciência, no instante crucial da enfermidade (infecções por ela provocada), era natural que nalgum instante tivesse espaço na consciência para refletir sobre os rumos dados para sua desditosa experiência pessoal, embora sob os aplausos enganosos do mundo.

A sua convicção pessoal de que “Deus” ofereceu-lhe nova chance para viver pode representar, sem garantias concretas, uma perspectiva de mudança de rumos comportamentais. Contudo, sabemos que isso não se dará somente como resultado de angustiantes promessas verbais de renascimento psicológico. Talvez, quem sabe, sejam conteúdo solúveis oriundo do próprio imaginário e no espontâneo fenômeno de desdobramento perispiritual deve ter exorado aos Espíritos uma nova chance e “volver à vida” a fim de corrigir seus desacertos psíquicos.

Talvez seja muita sincera a sua vontade de mudança, mormente de vencer a vaidade excessiva. Mas, obviamente, não será com promessas verbais e confissão de fé (diante da mídia) que renunciará, segundo creio, os anseios de beleza, roupas de grife, bolsas caras, sapatos de marca, carro de luxo. Ainda que momentaneamente declare-se uma pessoa humilde ao reconhecer sua “pequenez” e confessar que “daria tudo para voltar no tempo e fazer as coisas de forma diferente”, recordemos que esses processos transformadores de comportamento ocorrem de forma paulatina e gradualmente para todos nós, não nos iludamos.

  • Jorge Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal aposentado do INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (dois livros publicados), Jornalista e Articulista com vários artigos publicados.