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Sana, 27 anos, e seu marido Adnan, 32, começaram o relacionamento virtual usando pseudônimos, e só descobriram a verdade quando combinaram um encontro real com os ’novos parceiros’. O casal bósnio acusa um ao outro de ter sido infiel. Jorge Hessen comenta.

  • Data :19/08/2014
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19 de agosto de 2014

Casal descobre ser amante um do outro na web e se divorcia

Um casal bósnio está se divorciando, depois de descobrir que um traía o outro em chats na Internet. Detalhe: eles começaram o relacionamento virtual usando pseudônimos, e só descobriram a verdade quando combinaram um encontro real com os “novos parceiros”.

Sana Klaric, 27 anos, e seu marido Adnan, 32, usavam os nomes de “Sweetie” e “Prince of Joy” em salas de bate-papo. Conheceram-se e iniciaram uma relação, confidenciando-se mutuamente os problemas que tinham em seu casamento. Os dois, de acordo com reportagem publicada no site Metro.co.uk, estavam convencidos de terem finalmente encontrado sua alma gêmea.

Então, resolveram marcar um encontro real para se conhecerem e descobriram a verdade. Agora, o par está em processo de divórcio, e um acusa o outro de ter sido infiel.

“De repente, eu estava apaixonada, era maravilhoso, parecia que ambos estávamos amarrados no mesmo tipo de casamento infeliz”, contou Sana. “Depois, me senti tão traída”, disse.

Adnan, continua sem poder acreditar no que aconteceu. “É difícil pensar que Sweetie, que escreveu coisas tão maravilhosas para mim, é na verdade a mesma mulher com quem me casei e que, por anos, não foi capaz de me dizer uma única palavra agradável”.

Notícia publicada no Portal Terra , em 19 de setembro de 2007.

Jorge Hessen comenta*

Vivemos uma destas incomuns ocasiões em que, a partir de uma nova representação tecnológica, isto é, de uma nova relação com a sociedade moderna, um novo modelo de humanidade é concebido. Estamos num estágio social em que o mundo virtual é quase o real, contudo ele nos brota como sonho. Alguns sonham com cuidado, outros se submergem nos cipoais dos desvarios oníricos. Em todos esses estágios, há o perigo dessa situação virar pesadelo. Esse é o preço que o homem paga pelo avanço da Tecnologia da Informação (TI), apesar de muitos cidadãos ainda não terem se dado conta de que seus atos pelas vias virtuais estão estabelecendo desastres morais de consequências imprevisíveis. Vejamos: a questão aqui colocada como inquietante é o duplo adultério ocorrido pelas ferramentas virtuais, desaguando na vida real.

Sem dúvida, estamos diante de insólita ocorrência inteiramente edificada sobre as areias de um casamento arruinado, da escapatória do consórcio por meio da recíproca infidelidade conjugal e da autocomiseração em face do mútuo adultério. Diante do fato, tenta-se a busca do “divórcio” para “resolver” a demanda de dois corações lesionados. Compreendemos que a traição dói de todas as maneiras, seja ela virtual ou real.

Perante a deslealdade conjugal, grande contingente de pessoas exibe duas fases de reação: protesto e desespero. A pessoa se contorce, grita, chora, implora por uma nova chance. Já na segunda fase, a reação será muito parecida com a de pacientes em depressão: falta de vontade de interagir socialmente, perda de apetite, insônia e desinteresse por qualquer atividade. Obviamente não existe adultério onde reina sincera afeição recíproca.

Não estamos aqui para lançar juízos, sob o império conceitual de falsa superioridade, ante os que se encontram dilacerados nos sentimentos. Sobre o adultério em si, preferimos recorrer à sentença do Cristo que diz: “Atire-lhe a primeira pedra aquele que estiver isento de pecado.”(1) Esta sentença faz da indulgência um dever para nós outros, porque ninguém há que não necessite, para si próprio, de indulgência. “Ela nos ensina que não devemos julgar com mais severidade os outros, do que nos julgamos a nós mesmos, nem condenar em outrem aquilo de que nos absolvemos. Antes de profligarmos a alguém uma falta, vejamos se a mesma censura não nos pode ser feita.”(2)

Sobre o ditado “atire a primeira pedra”, é “curioso notar que Jesus, em se tratando de faltas e quedas, nos domínios do espírito, haja escolhido aquela da mulher, em falhas do sexo, para pronunciar a sua inolvidável sentença. Todavia, dos milenares e tristes episódios afetivos que reverberam na consciência humana, resta, ainda, por ferida sangrenta no organismo da coletividade, o adultério que, de futuro, será classificado na patologia da doença da alma, extinguindo-se, por fim, com remédio adequado”.(3)

Infelizmente o “adultério ainda permanece na Terra, por instrumento de prova e expiação, destinado naturalmente a desaparecer, na equação dos direitos do homem e da mulher, que se harmonizarão pelo mesmo peso, na balança do progresso e da vida. Quando cada criatura for respeitada em seu foro íntimo, para que o amor se consagre por vínculo divino, muito mais de alma para alma que de corpo para corpo, com a dignidade do trabalho e do aperfeiçoamento pessoal luzindo na presença de cada uma, então o conceito de adultério se fará distanciado do cotidiano, de vez que a compreensão apaziguará o coração humano e a chamada desventura afetiva não terá razão de ser”.(4)

O Espírito Emmanuel ilustra que “no rol das defecções, deserções, fraquezas e delitos do mundo, os problemas afetivos se mostram de tal modo encravados no ser humano que pessoa alguma da Terra haja escapado, no conjunto das existências consecutivas, aos chamados “erros do amor.”(5)

“Quem não haja varado transes difíceis, nas áreas do coração, no período da reencarnação em que se encontre, investigue as próprias inclinações e anseios no campo íntimo, e, em sã consciência, verificará que não se acha ausente do emaranhado de conflitos, que remanescem do acervo de lutas sexuais da Humanidade.”(6)

Achamo-nos muito longe da pureza do coração, por isso mesmo, se alguém nos parece cair, sob enganos do sentimento, não critiquemos. Ao invés disso, silenciemos e oremos a seu benefício. Nenhum de nós consegue conhecer-se tão exatamente, a ponto de saber hoje qual a dimensão da experiência afetiva que nos espera no futuro. Somos incapazes de examinar as consciências alheias, e cada um de nós, ante a Sabedoria Divina, é um caso particular, em matéria de amor, reclamando compreensão.

Referências bibliográficas:

(1) João, 8:7;

(2) Kardec, Allan. Evangelho Segundo o Espiritismo, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1977,item 13, do Cap. X;

(3) Xavier, Francisco Cândido. Vida e Sexo, ditado pelo espírito Emmanuel, RJ: Ed. FEB, 2001;

(4) Idem;

(5) Idem;

(6) Idem.

​* Jorge Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal aposentado do INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (dois livros publicados), Jornalista e Articulista com vários artigos publicados.