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O músico rasgou elogios ao comportamento dos filhos e ao fato de não se importarem em ter de batalhar pelo próprio patrimônio. “Eles têm a ética do trabalho, que faz com que queiram ter sucesso pelo próprio esforço”, acrescentou. Jorge Hessen comenta.

  • Data :09/08/2014
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9 de agosto de 2014

Sting entra para a lista de ricaços que não deixarão herança para os filhos

Com um patrimônio avaliado em 180 milhões de libras, músico inglês afirma que seus filhos precisam trabalhar para ganhar o próprio dinheiro

Ao lado de Bill Gates, Michael Bloomberg e Nigella Lawson, o músico inglês Sting entrou para a lista dos ricaços que não deixarão suas fortunas como herança para os filhos. “É preciso trabalhar. Todos os meus filhos sabem disso e eles raramente me pedem alguma coisa, uma atitude que eu realmente respeito e aprecio. Claro que se eles tivessem algum problema, eu iria ajudá-los. Mas eu realmente nunca precisei fazer isso”, afirmou o ex-vocalista da banda The Police, em uma entrevista ao jornal britânico Daliy Mail .

O músico de 62 anos rasgou elogios ao comportamento dos filhos e ao fato de não se importarem em ter de batalhar pelo próprio patrimônio. “Meus filhos têm a ética do trabalho, que faz com eles queiram ter sucesso a partir do seu próprio esforço. As pessoas acham que eles nasceram com uma colher de prata na boca, porém eles não tiveram tantas coisas assim”, acrescentou.

Sting disse ainda que os filhos não herdariam uma grande fortuna devido aos enormes gastos do cantor. “Falei para os meus filhos que não deixaria muito dinheiro por causa dos gastos”, disse. “Temos inúmeros compromissos. O dinheiro que entra, nós gastamos, e não sobra muito”, completou. Segundo o Daily Mail , Sting possui mais de cem funcionários. “Eu sustento uma comunidade de pessoas. Minha equipe, minha banda. É uma empresa”, contou ele.

Sting, que viveu uma infância pobre na Inglaterra, é pai de seis filhos (três meninos e três meninas), com idades entre 18 e 37 anos, e sua fortuna é atualmente avaliada em 180 milhões de libras (quase 670 milhões de reais).

Matéria publicada na Revista Veja , em 23 de junho de 2014.

Jorge Hessen comenta*

Sem adentrar em pormenores sobre diferentes significados do termo herança (do latim haerentia) ou espólio (do latim spollium), propomos conceituar a palavra como o conjunto dos bens que integra o patrimônio deixado pelo desencarnado, e que serão partilhados, no inventário, entre os encarnados (herdeiros ou legatários). Herança é, portanto, o direito de herdar (receber algo de uma situação anterior). Eis alguns  exemplos clássicos: “O meu avô deixou para meu pai uma fazenda em Goiás como herança”, “O Santiago dilapidou a herança dos seus pais”, “Minha tia deixou-me como herança um apartamento em Brasília”.

Via de regra, o homem contemporâneo sonha “receber uma herançazinha” de um parente próximo abastado, “estar bem na vida”, “ganhar bem” e às vezes até contempla “trabalhar para enriquecer”, porém, normalmente, permanece sob miragens. Obviamente esse desígnio materialista, dos tempos atuais, compõe a fórmula de “ignorância dos valores espirituais na Terra, onde se verifica a inversão de quase todas as conquistas morais. Foi esse excesso de inquietação, no mais desenfreado egoísmo, que provocou a crise moral do mundo, em cujos espetáculos sinistros podemos reconhecer que o homem físico, da radiotelefonia e do transatlântico, necessita de mais verdade que dinheiro, de mais luz que de pão.”(1)

Por outro lado, há pessoas riquíssimas que têm experimentado significativa desambição material. O magnata Warren Buffett, quarto homem mais rico do mundo, prometeu doar 99% de sua fortuna antes de desencarnar. Começou anunciando o direcionamento de 83% para a Fundação Gates. O bilionário afirmou que quer dar aos seus filhos somente o suficiente para que eles sintam que podem fazer tudo, mas não o bastante para eles acharem que não precisam fazer nada. O poderoso Bill Gates, primeiro homem mais rico do mundo, Michael Bloomberg, Nigella Lawson e o músico inglês Sting não deixarão suas fortunas como herança para os filhos. Ambos defendem a tese que seus filhos precisam trabalhar para ganhar o próprio dinheiro.(2)

O tema é instigante. Os fortuitos herdeiros necessitam pensar que “há bens infinitamente mais preciosos do que os da Terra, e esse pensamento ajudará a desapegar destes últimos. Quanto menos valor se dá a uma coisa, menos sensível se fica à sua perda. O homem que se apega aos bens da Terra é como uma criança que apenas vê o momento presente; aquele que não é apegado é como o adulto, que vê coisas mais importantes, pois compreende essas palavras proféticas do Cristo: Meu reino não é deste mundo.”(3)

A cobiça por uma herança é tão grave e real que o Espirito André Luiz aconselhou que se faça uma avaliação prudente “sobre as questões referentes a testamentos, resoluções e votos, antes da desencarnação, para [o desencarnado] não experimentar choques prováveis, ante inesperadas incompreensões de parentes e companheiros. Pois o fenômeno da morte exprime realidade quase totalmente incompreendida na Terra.”(4)

O Codificador inquiriu aos Espíritos se “o princípio segundo o qual o homem não passa de um depositário da fortuna que Deus lhe permite gozar durante sua vida tira-lhe o direito de transmiti-la a seus descendentes” Os Benfeitores elucidaram que “o homem pode perfeitamente transmitir, quando desencarna, os bens de que gozou durante sua vida, pois o efeito desse direito está subordinado sempre à vontade de Deus, que pode, quando quiser, impedir seus descendentes de desfrutar deles; é assim que se vê desmoronarem fortunas que pareciam solidamente estabelecidas. Portanto, o homem é impotente na sua vontade, julgando que pode manter a sua fortuna em sua linha de descendência, mas isso não lhe tira o direito de transmitir o empréstimo que recebeu, uma vez que Deus o retirará quando achar conveniente”.(5)

Quase sempre a partilha dos bens torna-se uma prova muito difícil tanto para os encarnados quanto para os desencarnados. Kardec, igualmente, explorou o tema na questão 328 de O Livro dos Espíritos, quando indagou às “vozes do além” se o desencarnado assiste à reunião de partilha de seus herdeiros. Os Benfeitores Espirituais afirmaram que “quase sempre. Para seu ensinamento e castigo dos culpados, Deus permite que assim aconteça. Nessa ocasião, o Espírito julga do valor dos protestos que lhe faziam. Todos os sentimentos se lhe patenteiam e a decepção que lhe causa a rapacidade dos que entre si partilham os bens por ele deixados o esclarece acerca daqueles sentimentos. Chegará, porém, a vez dos que lhe motivam essa decepção.”(6)

O assunto nos transporta para as eras apostólicas quando alguém da multidão pronunciou a Jesus: “Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança”. Ele respondeu: “Homem, quem me estabeleceu juiz ou árbitro da vossa partilha?” Depois lhes disse: “Precavei-vos cuidadosamente de qualquer cupidez, pois, mesmo na abundância, a vida do homem não é assegurada por seus bens”.(7)

Em suma, fazemos o remate final com a reflexão de Humberto de Campos: “Se você possui algum dinheiro ou detém alguma posse terrestre, não adie doações, caso esteja realmente inclinado a fazê-las. Grandes homens, que admirávamos no mundo pela habilidade e poder com que concretizavam importantes negócios, aparecem, junto de nós, em muitas ocasiões, à maneira de crianças desesperadas por não mais conseguirem manobrar os talões de cheque. Em família, observe cautela com testamentos. As doenças fulminatórias chegam de assalto, e, se a sua papelada não estiver em ordem, você padecerá muitas humilhações, através de tribunais e cartórios."(8)

Referências Bibliográficas:

(1) Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, ditado pelo espírito Emmanuel, pergunta 68, RJ: Ed. FEB, 1977;

(2) Disponível em http://veja.abril.com.br/noticia/economia/sting-entra-para-a-lista-de-ricacos-que-nao-deixarao-heranca-para-os-filhos , acessado em 02/08/2014;

(3) Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVI, RJ: Ed. FEB, 2008;

(4) Vieira, Waldo. Conduta Espírita, ditado pelo espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1977;

(5) Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVI, RJ: Ed. FEB, 2008;

(6) Kardec, Allan. O Livro dos Espírito, pergunta 328, RJ: Ed. FEB, 2008;

(7) Lc. 12:13-15;

(8) Xavier, Francisco Cândido. Cartas e Crônicas, ditado pelo espírito Humberto de Campos, cap. 4, “Treino para morte”, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1967.

  • Jorge Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal aposentado do INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (dois livros publicados), Jornalista e Articulista com vários artigos publicados.