Carregando...

  • Início
  • Livro francês tem capa feita com pele humana, afirmam cientistas de Harvard

Cientistas da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, confirmaram por meio de testes que a capa do livro ‘Des destinées de l’ame’ (‘Os destinos da alma’, em tradução livre), do escritor francês Arsène Houssaye, foi feita com pele humana. Jorge Hessen comenta.

  • Data :04/07/2014
  • Categoria :

4 de julho de 2014

Livro francês tem capa feita com pele humana, afirmam cientistas de Harvard

Do UOL, em São Paulo

Cientistas da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, confirmaram por meio de testes que a capa do livro “Des destinées de l’ame” (“Os destinos da alma”, em tradução livre), do escritor francês Arsène Houssaye, foi feita com pele humana.

Amostras microscópicas foram retiradas de partes diferentes do livro e, por meio de uma análise de uma espécie de “impressão digital” das proteínas contidas nelas, foi possível determinar com 99,9% de precisão de que se trata de pele humana.

“Os dados analíticos, bem como a origem do ‘Os destinos da alma’, tornam muito improvável que o material [da capa] seja outro que não humano”, confirmou Bill Lane, diretor do Laboratório de Espectometria de Massa e Fontes Proteômicas de Harvard.

O livro de Houssaye, poeta e novelista francês que viveu entre 1815 e 1896, faz parte do acervo da biblioteca Houghton, da própria Universidade de Harvard. Ele foi o único entre três títulos testados feito com a técnica conhecida como bibliopegia antropodérmica (encadernamento com pele humana).

No livro do século 19 há uma dedicatória manuscrita por Ludovic Bouland, médico e amigo de Houssaye, afirmando que a pele de uma mulher com problemas mentais, morta por um derrame, havia sido usada na capa.

“Ao olhar cuidadosamente você pode distinguir facilmente os poros da pele [na capa]. Um livro sobre a alma humana merecia que déssemos a ele uma cobertura humana: guardei durante muito tempo esse pedaço de pele humana tirada das costas de uma mulher”, escreveu Bouland. (Com Washington Post)

Notícia publicada no Portal UOL , em 4 de junho de 2014.

Jorge Hessen comenta*

Durante a Revolução Francesa, a Comissão de Segurança Pública deu permissão para utilização de um castelo nos arredores de Paris como um curtume a fim de processar couro de pele dos corpos de pessoas executadas pela guilhotina. Na época, um grande número de cavalheiros usavam calças e botas da moda produzidas a partir da matéria-prima (pele humana) considerada flexível e de alta qualidade.

Faziam-se também coletes durante esse reinado do terror na França do século XVIII. À época, Saint-Just cresceu para se tornar um líder político e bárbaro comandante militar. Há uma história de que Saint-Just estava fazendo umas investidas em uma bela mulher, mas teria sido completamente desprezado. Em um dia de fúria, ele prendeu e matou a dama, sendo sua pele removida por um cirurgião, curtida e transformada em um colete da moda, que ele usava todos os dias.

Recentemente, cientistas da universidade de Harvard, nos Estados Unidos, confirmaram por meio de análises que o livro “Des destinées de l’ame”, do escritor francês Arsène Houssaye, foi encadernado com pele humana pelo médico Ludovic Bouland.(1) O livro faz parte do acervo da biblioteca Houghton, dessa universidade. Entre três títulos testados, esse foi o único livro feito com a técnica conhecida como bibliopegia antropodérmica (encadernamento com pele humana).(2)

Caso semelhante está presente na coleção da biblioteca Athenaeum, de Boston, onde se encontra um livro intitulado Hic Liber Waltonis Cute Est Compactus , encadernado com a pele de George Walton, um famoso assaltante do século XIX que morreu de tuberculose na prisão em 1837. George pediu que, após sua morte, sua pele fosse utilizada para encapar um volume de sua autobiografia, que seria apresentada a John Fenno, ex-vítima de roubo que teria bravamente sobrevivido após ter sido baleado. O livro permaneceu com a família de Fenno até ser doado à biblioteca.

Ante tais estranhas ocorrências, somos convidados a elucubrar sobre a linha limítrofe entre a racionalidade e a moralidade humana. Atualmente discorre-se bastante sobre o progresso social adquirido; contudo, o que se entende por progresso? Pode algumas vezes soar como um vocábulo vazio que reverbera nas barbaridades descritas acima. Entretanto, há 40 anos o homem pisou na Lua, dando início a eventos posteriores que evidenciaram o progresso da Ciência, no campo das descobertas espaciais. Porém, há que se observar o atraso moral do homem na Terra, apesar de todo o progresso científico-material realizado. Sabemos que o progresso material caminha na frente, ao passo que o crescimento moral vai sempre marchando em segundo plano.

Raciocinemos um pouco mais sobre isso. Elucida a Doutrina dos Espíritos que em delicado “dégradée” evolutivo o homem vai gradualmente vivenciando suas experiências nos diversos graus de desenvolvimento. Ante as diretrizes da Lei de Evolução, o “homem passa palmo a palmo da barbárie à civilização moral”.(3) Explicam os Espíritos que “o senso moral, mesmo quando não está desenvolvido, não está ausente, porque existe, em princípio, em todos os homens; é esse senso moral que os transforma mais tarde em seres bons e humanos. Ele existe no selvagem como o princípio do aroma no botão de rosa de uma flor que ainda não se abriu”.(5)

Estamos constantemente diante dos paradoxos existenciais. Como compreender a experiência de criaturas bestiais, quase selvagens, no seio de seres ditos civilizados? “Da mesma maneira que numa árvore carregada de bons frutos existem temporãos. Elas são selvagens que só têm da civilização a aparência, lobos extraviados em meio de cordeiros. Os Espíritos de uma ordem inferior, muito atrasados, podem encarnar-se entre homens adiantados com a esperança de também se adiantarem; mas, se a prova for muito pesada, a natureza primitiva reage”.(5)

Este é um entendimento coerente, quando compreendemos a bênção da reencarnação. Como se observa na elucidação dos Luminares do além: “A Humanidade progride. Esses homens dominados pelo instinto do mal, que se encontram deslocados entre os homens de bem, desaparecerão pouco a pouco como o mau grão é separado do bom quando joeirado. Mas renascerão com outro invólucro. Então, com mais experiência, compreenderão melhor o bem e o mal. O exemplo temos nas plantas e nos animais que o homem aprendeu como aperfeiçoar, desenvolvendo-lhes qualidades novas. Só após muitas gerações que o aperfeiçoamento se torna mais completo. Esta é a imagem das diversas existências do homem”.(6)

É dessa forma que evoluímos – lentamente, renascendo e (re)morrendo nos diversos estágios dos mundos, consoante categorização proposta pelo lente lionês, designando-os de mundos “primitivos”, de “expiação e provas” (atualmente na Terra), de “regeneração”, “ditosos e divinos” até chegarmos, após milênios, ao mundo dos venturosos, onde tão-somente impera o bem e tudo é movido por anseios sublimes e todos os sentimentos são depurados.

Notas e referências bibliográficas:

(1) No livro há uma dedicatória manuscrita por Ludovic Bouland, afirmando que a pele de uma mulher com problemas mentais, morta por um derrame, havia sido usada na capa;

(2) Disponível em http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2014/06/04/livro-frances-tem-capa-feita-com-pele-humana-afirmam-cientistas-de-harvard.htm , acessado em 20/06/2014;

(3) Kardec, Allan. O Evangelho seg. o Espiritismo. 129. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2009, cap. XXV, item 2;

(4) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio [de Janeiro]: Ed. FEB, 2009, questão 754;

(5) Idem, questão 755;

(6) Idem, questão 756.

  • Jorge Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal aposentado do INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (dois livros publicados), Jornalista e Articulista com vários artigos publicados.