Carregando...

  • Início
  • Lixo da realeza brasileira vira tesouro arqueológico

Um depósito de lixo do século 19 revelou no Rio de Janeiro um grande tesouro arqueológico com milhares de peças em bom estado de conservação, que lançam luz sobre os costumes mais mundanos da elite da época da Independência do Brasil. Cristiano Carvalho Assis comenta.

  • Data :18/06/2014
  • Categoria :

18 de junho de 2014

Lixo da realeza brasileira vira tesouro arqueológico

DA EFE

Um depósito de lixo do século 19 revelou no Rio de Janeiro um grande tesouro arqueológico com milhares de peças, incluindo uma escova com uma alusão ao imperador Dom Pedro 2º, que lançam luz sobre os costumes mais mundanos da elite da época da Independência do Brasil.

Os arqueólogos catalogaram cerca de 200 mil objetos em bom estado de conservação em seis meses de trabalho e acreditam que poderão recuperar até um milhão de peças, no que poderia ser um dos maiores achados arqueológicos do Brasil, afirmou o responsável pelas escavações, Cláudio Prado de Mello.

Notícia publicada no Jornal Folha de S.Paulo , em 12 de outubro de 2013.

Cristiano Carvalho Assis comenta*

Interessante os dados da reportagem porque envolve um assunto que normalmente desejamos deixar escondido ou pensamos ser de menor importância. No entanto, pelo lixo da realeza, iremos conhecer melhor os hábitos daqueles que viviam na época. Desta forma, foi transformado o lixo em tesouro.

Muitas vezes, não temos a noção de como podemos conhecer uma pessoa se analisarmos o seu lixo. Sempre quando tratam sobre este assunto, lembro de um texto de Luís Fernando Veríssimo, que se intitula “O lixo”. Segue um trecho:

"(…) - Eu ainda não lhe conhecia pessoalmente…

- Pois é…

- Desculpe a minha indiscrição, mas tenho visto o seu lixo…

- O meu quê?

- O seu lixo.

- Ah…

- Reparei que nunca é muito. Sua família deve ser pequena…

- Na verdade sou só eu.

- Mmmm. Notei também que o senhor usa muito comida em lata.

- É que eu tenho que fazer minha própria comida. E como não sei cozinhar…

- (…) você recomeçou a fumar?

- Como é que você sabe?

- De um dia para o outro começaram a aparecer carteiras de cigarro amassadas no seu lixo.

- É verdade. Mas consegui parar outra vez.

- Eu, graças a Deus, nunca fumei.

- Eu sei. Mas tenho visto uns vidrinhos de comprimido no seu lixo…

- Tranquilizantes. Foi uma fase. Já passou…"

Por este texto, percebemos o quanto nossas coisas “inúteis” podem dizer muito de nós. Se fizermos uma análise espiritual, teremos uma boa analogia desta reportagem com o nosso crescimento evolutivo. Por muito tempo guardamos o lixo emocional e moral em nossa intimidade, por acharmos sem importância, ou, por não querermos vê-los, os escondemos nas fossas mais profundas de nosso ser.

Mesmo bem guardados no nosso subconsciente, sob montanhas de camadas de ilusões e máscaras construídas por nós mesmos, eles continuam a existir e influenciar negativamente em nossas vidas. Da mesma forma que os pesquisadores buscaram o lixo da realeza para fazer história, necessitaremos nos explorar e revelar os lixos morais para transformar nossas histórias. Este processo é o que chamamos no meio espírita de autoconhecimento.

Conscientizemo-nos que nossos lixos físicos e morais são de importância fundamental para nos conhecer. Apenas com um estudo sincero e minucioso do material que rejeitamos, iremos nos compreender e poderemos investir nos pontos certos para nossa transformação e auto-iluminação.

  • Cristiano Carvalho Assis é formado em Odontologia. Nasceu em Brasília/DF e reside atualmente em São Luís/MA. Na área espírita, é trabalhador do Centro Espírita Maranhense e colaborador do Serviço de Atendimento Fraterno do Espiritismo.net.