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A música árabe tem uma nova estrela: uma americana - que não fala árabe. Jennifer Grout, 23, ficou entre as três finalistas do programa de televisão ‘Arabs Got Talent’ em Beirute, no Líbano, em 7 de dezembro de 2013, mas não alcançou o prêmio máximo. Sergio Rodrigues comenta.

  • Data :25/05/2014
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25 de maio de 2014

Americana surpreende ao cantar em árabe

Lindsay Crouse Do “New York Times”

A música árabe tem uma nova estrela: uma americana - que não fala árabe.

Jennifer Grout, 23, ficou entre as três finalistas do programa de televisão “Arabs Got Talent” em Beirute, no Líbano, em 7 de dezembro, mas não alcançou o prêmio máximo. Apesar disso, ela se tornou uma sensação com suas apresentações surpreendentes de música clássica árabe, gênero que, em geral, está perdendo o interesse das gerações mais jovens do Oriente Médio.

O sucesso de Grout inspirou intensas discussões no mundo árabe. Desde sua primeira participação no programa, em junho, ela conquistou fãs, céticos e críticos - o coro invisível da mídia social esteve agitado.

Suas habilidades são inegáveis. “Você não fala uma palavra em árabe, mas consegue cantar melhor que algumas cantoras árabes”, disse Najwa Karam, popular cantora libanesa que fez parte da banca que julgou o desempenho de Grout. “Há tanto tempo nós imitamos o Ocidente, e esta é a primeira vez que uma pessoa sem qualquer ligação com o mundo árabe, uma garota americana que nem sequer fala o idioma, canta canções árabes.” Karam mais tarde recebeu críticas por apoiar uma americana no programa.

“Tantas vezes ouvi o comentário: ‘Volte para os EUA’”, disse Grout em Marrakech, Marrocos, onde mora. “É como se eu estivesse iniciando uma invasão, quando na verdade apenas adoro cantar música árabe e queria desesperadamente uma oportunidade de me apresentar para um público que a aprecie.”

Grout nasceu em Cambridge, Massachusetts, e descreve seu ambiente natural como inglês, escocês e indígena americano.

Alguns músicos árabes rejeitam a discussão, emoldurando as conquistas de Grout na música árabe clássica como sinal de uma globalização mais ampla e recíproca. “As pessoas acham que não há nada de especial no fato de a cultura ocidental ser imitada pelo mundo afora, que isso é normal”, disse Mariam Bazeed, escritora e cantora egípcia que vive em Nova York. “Mas, quando um ocidental tenta imitar culturas ‘étnicas’, de repente isso é um grande ato, digno de se documentar.”

Grout, filha de um pianista e uma violinista, começou a estudar música aos cinco anos. Conheceu a música árabe clássica em 2010, quando estava na Universidade McGill em Montreal, no Canadá.

A música árabe clássica concorre com a ascendência do pop em estilo ocidental entre as gerações mais jovens de árabes. Alguns observadores dizem que Grout se concentra em um repertório que está se perdendo entre a juventude.

O envolvimento de Grout com a cultura árabe continuou depois da faculdade no ano passado, quando ela viajou para Marrakech.

Ela recrutou músicos para aprender a música berbere, nativa do Marrocos e totalmente diferente da música árabe.

Grout é comedida sobre seu sucesso no programa de televisão. “Meu amor pela música árabe não termina com um programa de calouros.

Notícia publicada no Jornal Folha de S.Paulo , em 17 de dezembro de 2013.

Sergio Rodrigues comenta*

Além de ser uma demonstração de cultura, a música reflete a alma humana, seus sentimentos e paixões. Não são necessários predicados artísticos nem noções do idioma em que ela se expressa. A música penetra em nós irradiando uma sensação de bem-estar e relaxamento diante das dificuldades da vida. No caso da norte-americana Jennifer Grout, de 23 anos, ao expressar tudo isto através da sua voz, ela aproxima dois povos tão diferentes, com culturas, crenças e hábitos de vida diversos e até contrários uns aos outros. Mesmo sem dominar a língua na qual canta, conseguiu sensibilizar o coração daquele povo, expressando o sentimento da música árabe melhor que muitas cantoras locais, como disse uma delas. Essa receptividade favorável, contudo, não foi manifestada desde o início, tendo Jennifer sofrido restrições e demonstrações de hostilidade. Mas conseguiu superá-las impondo-se com sua arte, sendo hoje aceita e elogiada pela maioria dos críticos.   Como podemos entender essa identificação de Jennifer com a música árabe, gosto por ela própria revelado, tratando-se, como dissemos, de povos tão distanciados até mesmo por interesses políticos e econômicos antagônicos? O Espiritismo nos traz importantes informações que ajudam a entender o que acontece no caso. Os Espíritos ensinam que, ao retornar à vida terrena, o espírito conserva vestígios das percepções e dos conhecimentos adquiridos em existências anteriores. São as chamadas “ideias inatas”, aquelas que não resultam de um aprendizado realizado na existência atual. É possível que essa cantora tenha passado por alguma experiência naquelas terras, conservando os gostos cultivados nessa ocasião. Retornando agora ao mundo corporal, embora o esquecimento do passado imponha o congelamento da lembrança do que vivenciou em outra passagem, os gostos não se modificam de súbito. Permanecem latentes ou podem se manifestar na existência presente. É esta última hipótese que pode explicar o fato comentado.

  • Sergio Rodrigues é espírita e colaborador do Espiritismo.Net.