Carregando...

O taxista João Batista já tinha uma clientela fiel em São Paulo, mas estava descontente com o trabalho. O problema era o aquecimento global. Descobriu que os carros eram verdadeiros vilões nessa história. Para compensar a poluição, ele criou um sistema de plantação de mudas de pau-brasil. Claudio Conti comenta.

  • Data :14/12/2013
  • Categoria :

14 de dezembro de 2013

Um táxi ecológico

Para compensar a poluição causada pelo próprio táxi, o motorista João Batista criou um sistema de plantação de mudas de pau-brasil

Débora Zanelato Vida Simples

Em 2007, o taxista João Batista já tinha uma clientela fiel em São Paulo, mas estava descontente com o trabalho. Nada relacionado ao trânsito – ele já tinha resolvido isso com bom-humor, revistas e até bebidas para os clientes. O problema agora era o aquecimento global. Descobriu que os carros eram verdadeiros vilões nessa história.

“Um táxi polui muito o ambiente, mas eu não poderia parar de trabalhar. Foi aí que comecei a pesquisar sobre como neutralizar o que eu mesmo sujei”. Também na rádio, fiel companheira dos taxistas, foi que João encontrou uma luz. “Eu estava ouvindo o (colunista da CBN) Gilberto Dimenstein, que falava sobre sustentabilidade. Falei ‘vou escrever para ele’”.

Com a ajuda de Dimenstein, João encontrou ONGs ambientais e, juntos, calcularam quanto CO2 o automóvel liberava por dia e quantas mudas ele deveria plantar para que elas absorvessem tudo. Depois, João chegou ao valor que precisava sugerir aos clientes para a compra das mudas.

Em seis anos, o taxista plantou quase 250 mudas de pau-brasil em praças da cidade de São Paulo. No início, os amigos não colocavam muita fé na ideia; eles lhe diziam que o vandalismo ia arrancar as mudas. Não foi o que aconteceu: as primeiras árvores, plantadas na praça do bairro onde mora, na zona leste, continuam lá, cada vez maiores.

Com uma tabela, o taxista apresenta no final da corrida quantos quilos de CO2 a viagem depositou no ambiente e quanto o passageiro desembolsa se quiser ajudar a comprar uma muda. Um trajeto de uma hora, por exemplo, deposita 11,7 kg de dióxido de carbono e gera uma contribuição de 62 centavos. “Se o cliente não quiser colaborar, não precisa. Mas todo mundo se sensibiliza. Tem gente disposta a ajudar mais e doa até R$ 50, R$ 100 (hoje, a muda custa cerca de R$ 100)”.

As subprefeituras oferecem a praça e a mão de obra. Pelo site de João (http://oseutaxi.com.br ), dá para se cadastrar num programa de fidelidade em que o usuário troca pontos por mais mudas de pau-brasil.

Matéria publicada no Planeta Sustentável , em setembro de 2013.

Claudio Conti comenta*

Já tivemos oportunidade de comentar, aqui no site www.espiritismo.net , notícias similares a esta: Degelo da Groenlândia e da Antártida causa 20% da elevação do nível do mar, revela estudo ; Aquecimento de oceanos pode fazer peixes encolherem ; Brasileiro inventor de ’luz engarrafada’ tem ideia espalhada pelo mundo .

Percebemos uma proliferação de notícias, embora ainda acanhadas, sobre comportamentos positivos de membros considerados “comuns” da sociedade servindo de exemplo e inspiração para muitos outros. Percebemos, também, que posturas muitas vezes simples podem causar grande impacto no meio ambiente. Quando dizemos que o impacto destas ações é grande, devemos compreender que a dimensão do impacto é proporcional ao esforço empregado. Desta forma, o esforço deste taxista pode ser grande para ele, mas é o equivalente a uma pessoa apenas; portanto, o esforço geral é pequeno.

Tentemos ser mais claros nesta colocação.

A eficiência de um empreendimento deve ser avaliada em termos da energia utilizada e resultados obtidos. Assim sendo, quando avaliamos a energia dispendida por um único indivíduo causando um impacto positivo no meio ambiente, devemos considerar que a energia gasta é pequena para causar benefícios para a humanidade como um todo ao melhorar a condição do planeta.

Desta forma, podemos nos conscientizar de que nossas pequenas ações, por menores que sejam, trazem benefícios de habitabilidade ao planeta. Portanto, quanto mais pessoas tomarem ações positivas, os efeitos se tornarão mais pronunciados e, consequentemente, veremos mais e mais notícias como esta.

Pode parecer pouco, mas em um mundo no qual a notícia fútil grassa, tal como uma “celebridade” passeando em Copacabana e similares, encontrar nos meios de divulgação eventos que realmente são notícias e que servem de exemplos a serem seguidos pode ser considerado como o prenúncio de novos tempos, tempos estes que se fortalecerão na medida que a população se fortalecer.

Com o advento da Internet, surgiu a facilidade de divulgação. Muitas vezes ficamos atordoados com a grande quantidade de informação em que entramos em contato e não temos oportunidade, nem tempo hábil, para processá-las, fato agravado com campanhas publicitárias apregoando uma “necessidade” de se estar “conectado” vinte quatro horas por dia. Não acostumados a selecionar e analisar informação para identificar as úteis das fúteis, o indivíduo acaba por se ater na simplicidade e pensa suprir suas necessidades pela quantidade.

Um bom começo a se adotar é selecionar o que se lê, para aprimorar o que se pensa e, posteriormente, agir adequadamente.

O que levou o taxista João Batista à conscientização dos malefícios que seu táxi causava foi prestar atenção à informação adequada e, após ponderações sobre o tema, buscou mais informação pertinente ao que desejava, conduzindo à ação condizente.

  • Claudio Conti é graduado em Química, mestre e doutor em Engenharia Nuclear e integra o quadro de profissionais do Instituto de Radioproteção e Dosimetria - CNEN. Na área espírita, participa como instrutor em cursos sobre as obras básicas, mediunidade e correlação entre ciência e Espiritismo, é conferencista em palestras e seminários, além de ser médium pscógrafo e psicifônico (principalmente). Detalhes no site www.ccconti.com .