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“Eu sento na cama dela e fico um tempão sentada. Pego o material de faculdade e fico olhando as provas, as coisas dela. Isso me faz bem, me mata um pouco a saudade”, declara a mãe da estudante, Adriana Manteli. Nara de Campos Coelho comenta.

  • Data :23 Oct, 2013
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23 de outubro de 2013

Mãe de estudante morta por amigas mantém quarto para matar a saudade

Quase 40 dias após a morte da filha, o local está como a garota deixou. Bianca Pazzinato, de 18 anos, foi assassinada a facadas, em Jataí, Goiás.

Do G1 GO, com informações da TV Anhanguera

A família da estudante de biomedicina Bianca Pazzinato, de 18 anos, morta por duas amigas em Jataí, no sudoeste goiano, mantém o quarto da jovem da forma como ela deixou no dia do crime, em 29 de julho. “Eu sento na cama dela e fico um tempão sentada. Pego o material de faculdade e fico olhando as provas, as coisas dela. Isso me faz bem, me mata um pouco a saudade”, declara a mãe, Adriana Manteli.

Depois de 40 dias da morte de Bianca, a Justiça condenou as duas adolescentes acusadas de assassinar a facadas a estudante a três anos de internação, período máximo permitido pela legislação para punir menores. A sentença proferida na última quarta-feira (4) é um dos principais assuntos comentados na cidade do interior goiano. Muita gente não concorda com a medida. “Muito revoltante. A menina faleceu e elas não vão pagar como deveriam”, declarou o administrador Carlos Alberto.

A sentença também decepcionou os pais da jovem morta. “É um sentimento de impunidade. Acho que um crime do jeito que foi teria que ser uma pena mais severa”, afirma o pai da universitária, Hércules Pazzinato.

Para populares, deveria haver mudanças nas leis para que haja penas mais rígidas nos casos de menores infratores. “Acho que a partir dos 14 anos a pessoa já sabe o que esta fazendo”, ressaltou o comerciante Strauss Alfaix.

Sentença

O processo sobre a morte da estudante reuniu mais de 140 páginas. Conforme determinado pela Justiça, as adolescentes devem cumprir medidas socioeducativas no Centro de Internação em Goiânia, onde estão desde que foram apreendidas, no dia 1º de agosto. Elas vão passar por avaliações psicológicas semestrais.

Nessas ocasiões, caso seja considerado que estão aptas a voltar à sociedade, as adolescentes podem ser liberadas antes de completados os três anos. “Fizeram o que fizeram para ser possível ficar só seis meses detidas”, lamenta o pai da jovem assassinada.

Crime premeditado

Aluna de biomedicina da Universidade Federal de Goiás, Bianca foi morta a facadas por volta das 10h30 do dia 29 de julho. Conforme a Polícia Civil, duas amigas da vítima, de 16 e 17 anos, cometeram o crime. O corpo da jovem foi encontrado no mesmo dia na casa da menina mais velha, embrulhado em sacos plásticos debaixo de uma cama.

Após serem apreendidas, as duas suspeitas foram encaminhadas para a capital por pedido do Conselho Tutelar. O órgão temia que a integridade física das suspeitas não pudesse ser resguardada na cidade do sudoeste goiano, já que havia uma forte comoção popular com o crime.

Em entrevista à TV Anhanguera, a adolescente de 17 anos contou que a motivação do assassinato seria a recusa da vítima em manter um namoro. “Ela não ia ficar comigo. Não queria que ficasse com mais ninguém também”, declarou.  Entretanto, as famílias da menor de idade e de Bianca afirmam que não tinham conhecimento do relacionamento homoafetivo entre elas.

Tia da universitária, Júlia Pazzinato negou que Bianca tivesse qualquer relacionamento amoroso com a suspeita. “Ela não queria envolvimento com essa menina. Bianca era perseguida por ela”, ressaltou a parente da vítima.

A Polícia Civil encontrou anotações que reforçaram a suspeita de que o assassinato da estudante foi premeditado. No caderno, estavam listados os objetos que deveriam ser utilizados para matar Bianca, entre eles uma faca, luvas, e até uma barra de ferro.

Antes do crime, a garota de 17 anos tinha escrito uma carta para Bianca declarando seu amor por ela. Na declaração, escreveu: “Te amo muito, não por escolha, meu coração te escolheu sozinho, não me deu chance de defesa”.

Notícia publicada no Portal G1 , em 6 de setembro de 2013.

Nara de Campos Coelho comenta*

Com Jesus, sabemos!

Um dia Kardec se deparou com as mesas girantes. Nos salões elegantes de Paris do século XIX, o homem de ciências percebeu que existia um mundo novo escondido sob a aparência de frivolidade, que reunia a elite da cidade da cultura. Sem permitir que o preconceito o detivesse, o então Professor Rivail lançou-se ao estudo daquele fenômeno. Desvendou leis espirituais assim como os cientistas comuns desvendam leis materiais. Entre elas, trouxe-nos a certeza de que a morte não existe, pois os Espíritos dos que viveram um dia na Terra estavam ali, vivos, conscientes de sua individualidade, trazendo notícias do Além e respostas sábias para dúvidas milenares. Jesus, quando ressurgiu vivo da morte na cruz, mostrara-nos o que então se comprovava com o Espiritismo, que surgia do trabalho corajoso de Allan Kardec: a vitória do Espírito sobre a matéria.

Pois bem, 156 anos depois, o Espiritismo continua nos ajudando a entender a morte, e a vida também! Estamos engatinhando no seu entendimento, pois somos Espíritos viciados no pensamento dogmático e custamos a nos desvencilhar das consequências deste embrutecimento existencial.

Ensinam-nos os Espíritos em “O Livro dos Espíritos” que vivemos na Terra para evoluir espiritualmente, eis que ela é o nosso educandário. Reencarnamos tantas vezes quantas forem necessárias para o nosso aprimoramento moral. E estas experiências se dão no meio ambiente que precisamos, segundo a Lei Espiritual de Causa e Efeito. “A cada um, segundo suas obras”, ensinou-nos Jesus. Assim, não poderíamos entender a Justiça Divina, sem as luzes da reencarnação.

Só com este enfoque, é que podemos compreender o caso da jovem Bianca Pazzinato, assassinada por duas colegas, na cidade goiana de Jataí. Para tanto, precisamos buscar as luzes consoladoras do Espiritismo ao nos dizer que ninguém nasce para ser assassino, mas que o tipo de morte que temos é o que nos convém, para que nos harmonizemos com o passado, quando infringimos as leis amorosas de Deus. Por isto, Jesus nos alertou: “os escândalos são necessários, mas ai de quem os promova!” Escândalo é expressão que em sua origem significa “pedra de tropeço”. Ou seja, os “escândalos”, as dificuldades, que são as pedras de tropeço, são necessários para que se cumpra a lei de Causa e Efeito, mas quem os promove se liga às dores que são consequências naturais de ações incompatíveis com a Lei de Amor, que Jesus veio exemplificar. Assim, Bianca Pazzinato cumpriu o objetivo desta jornada terrestre; resgatou um passado em que, certamente, ela se endividou com as Leis Divinas. E agora é um Espírito livre para recomeçar a caminhada libertadora, capaz de fazê-la avançar rumo à paz e à felicidade. Foi por isto que Jesus disse: “Bem aventurado os que sofrem porque serão consolados!” Mas, e as duas “colegas”? Ai delas! Estão, por sua vez, vinculadas às dores a que fizeram jus, algemadas nas lutas e nas situações em que pontifiquem o “choro e ranger de dentes”, que se alongarão por reencarnações, até que aprendam as leis de amor que infringiram. Eis que para encontrar o Reino de Deus, “necessário vos é, nascer de novo!” ensinou Jesus a Nicodemos, Doutor da Lei que queria “entrar” no Reino anunciado pelo Messias.

Para que nos livremos das dores e dificuldades, cumpre-nos amar o nosso próximo. “Só o amor cobre a multidão de pecados!”, alerta-nos o Apóstolo Pedro. Não foi, pois, por brincadeira que Jesus nos aconselhou a amar o nosso próximo como a nós mesmos.

O amor é o antídoto dos males do mundo. Tanto do mundo exterior, como o do nosso mundo interior. E este amor se prolonga na educação moral, que preenche os espaços da alma com a responsabilidade de quem se sabe artífice do seu próprio futuro, como nos ensina Kardec. E os jovens de hoje carecem desta educação, que alerta o sentimento para a necessidade de valores que edificam e esclarecem para o bem. O mundo material está encharcado de viciações, um verdadeiro cataclismo moral que corrói como um câncer a nossa sociedade contemporânea. Com Jesus e seu Evangelho, à luz do Espiritismo, entendemos a nossa responsabilidade e nos consolamos.

Quanto à mãe que mantém intacto o quarto da filha que a antecedeu no mundo espiritual, talvez ela ainda não suporte desmontá-lo. Eis que precisa de tempo e elucidações sobre a verdadeira finalidade da vida. Quem sabe ela possa um dia ler sobre Espiritismo e saber que sua filha está viva em outra dimensão? Quem sabe ela em breve entenda que não deve retê-la junto as suas lembranças materiais? Quem sabe nossas orações a ajudem? Quem sabe? Com Jesus, sabemos.

  • Nara de Campos Coelho, mineira de Juiz de Fora, formada em Direito pela Faculdade de Direito da UFJF, é expositora espírita nos Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, articulista em vários jornais, revistas e sites de diversas regiões do país.