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É comum ouvir dizer que a religiosidade das pessoas - ou, pelo menos, seu afluxo aos templos - aumenta em momentos de grandes dificuldades. Mas como os ateus reagem nas condições de dificuldades e em sua busca íntima de felicidade? Humberto Souza de Arruda comenta.

  • Data :07 Sep, 2013
  • Categoria :

7 de setembro de 2013

Ateus reforçam “fé na ciência” em momentos de dificuldades

Redação do Diário da Saúde

É comum ouvir dizer que a religiosidade das pessoas - ou, pelo menos, seu afluxo aos templos - aumenta em momentos de grandes dificuldades.

No dia-a-dia, não apenas já se demonstrou que a religiosidade fortalece os pacientes na luta contra o câncer e que religião e felicidade estão interligadas, como também parece que as religiões têm um “ingrediente secreto” que faz as pessoas felizes.

Mas como os ateus reagem nas condições de dificuldades, de eventos geradores de estresse e ansiedade, e em sua busca íntima de felicidade?

Eles aumentam a sua fé no poder explicativo e revelador da ciência.

Foi o que demonstraram o Dr. Miguel Farias e sua equipe da Universidade de Oxford.

Fé na ciência

Os pesquisadores argumentam que a “crença na ciência” ajuda as pessoas não-religiosas a lidar com a adversidade, oferecendo conforto e confiança, de maneira praticamente idêntica ao que se verifica em relação à crença religiosa.

“Nós descobrimos que passar por uma situação estressante ou geradora de ansiedade aumenta a crença que os participantes têm na ciência,” diz o Dr. Farias. “Esta crença na ciência que estudamos não diz nada sobre a legitimidade da própria ciência. Ao contrário, nós estávamos interessados nos valores que os indivíduos possuem em relação à ciência.”

Ele explica: “Enquanto a maioria das pessoas aceita a ciência como uma fonte confiável de conhecimento sobre o mundo, alguns podem acreditar que a ciência seja um método superior de obtenção do conhecimento, a única maneira de explicar o mundo, ou como tendo algum valor único e fundamental em si mesma. Esta é uma visão de ciência que alguns ateus endossam.”

Salientando que estudar a crença na ciência não levanta nenhum juízo sobre o valor da ciência como método de obtenção do conhecimento, os pesquisadores apontam que traçar um paralelo entre os benefícios psicológicos da fé religiosa e da fé na ciência não necessariamente significa que a prática científica e a prática religiosa sejam semelhantes em sua base.

Contudo, sugerem eles, os resultados destacam uma motivação humana básica de acreditar.

“Não é só acreditar em Deus que é importante para a obtenção desses benefícios psicológicos, é a crença em geral,” diz o Dr. Farias. “Pode ser que nós, como seres humanos, sejamos apenas propensos a ter crenças, e até mesmo os ateus têm crenças não-sobrenaturais que lhes dão segurança e conforto.”

Notícia publicada no Diário da Saúde , em 11 de junho de 2013.

Humberto Souza de Arruda comenta*

Segundo o dicionário Houaiss, “religião é crença na existência de um poder ou princípio superior, sobrenatural, do qual depende o destino do ser humano e ao qual se deve respeito e obediência”. E neste mesmo dicionário se define que “ateu é quem não crê em Deus ou nos deuses”.

Mas as definições acima ficam fragilizadas quando forem analisadas num contexto temporal. Sabemos que existem religiosos que deixaram de acreditar em Deus quando sob grandes provações que pareciam intermináveis. Assim, sucumbiram e passaram a ser ateus, encontrando, assim, explicações plausíveis às suas dificuldades.

E, da mesma forma, existem os ateus que padecem quando a sua crença na ciência chega ao limite, vendo um ente querido sofrer por uma patologia que se agrava há anos, e, de repente, os diagnósticos apontam uma melhora que culmina à cura, num momento em que médicos atestavam um período breve para a morte deste enfermo, convertendo-se, neste momento, à religiosidade.

Ter fé vai além de acreditar. Pois quem acredita hoje, pode não acreditar amanhã. Há um tempo, muitos acreditavam que a Terra era quadrada. Mas bastou que alguém provasse que não era, e a crença mudou.

Quando nos é ensinado algo, após todo período da dificuldade em aceitar esta novidade, passamos a memorizar este conhecimento. Mas quando internalizarmos e começarmos a vivenciá-lo, é que teremos fé nesta informação, tornando, assim, algo difícil de se conseguir em pouco tempo.

Assim, o Espiritismo, trazendo os conceitos da imortalidade da alma, a comunicabilidade dos espíritos e a reencarnação, nos mostra, com mais possibilidade de compreensão, como conseguir ter fé em Deus, que “é a inteligência suprema e causa primeira de todas as coisas”, como nos ensina Allan Kardec, na primeira questão de O Livro dos Espíritos .

E é este mesmo Deus que atende todos os seus filhos, estejam religiosos ou não, como vemos na questão da mediunidade de cura, onde para exercer esta atividade grandiosa não é necessário ser religioso ou acreditar no Espiritismo, como nos elucida a questão abaixo, retirada do capitulo XIV, de O Livro do Médiuns :

“3 - Há, entretanto, bons magnetizadores que não creem nos Espíritos?”

  • Pensas então que os Espíritos só atuam nos que creem neles? Os que magnetizam para o bem são auxiliados por bons Espíritos. Todo homem que nutre o desejo do bem os chama, sem dar por isso, do mesmo modo que, pelo desejo do mal e pelas más intenções, chama os maus."

Estejam religiosos ou ateus, a cura é um processo que depende inicialmente de merecimento. Pois a enfermidade que sofremos hoje é causa de imprudência nossa, seja desta ou de outra existência.

Se se acredita compreendendo, consegue-se fé. Mas, como nos ensina Allan Kardec:

“Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão em todas as épocas da humanidade.”

  • Humberto Souza de Arruda é evangelizador, voluntário em Serviço de Promoção Social Espírita (SAPSE) e colaborador do Espiritismo.net.